Título: ELABORAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA BIOATIVIDADE DE BEBIDAS FERMENTADAS (KOMBUCHA) A PARTIR DE SUBPRODUTOS DA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ
Autor: Amanda Luísa Sales
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2023
Resumo: Elevadas quantidades de subprodutos são geradas durante a colheita e processamento do café para a obtenção dos grãos. Quando descartados inadequadamente, podem causar impacto ambiental desfavorável. Recentemente, a polpa e a folha vêm sendo estudadas devido ao elevado teor de compostos bioativos. Uma das alternativas de reaproveitamento é o preparo de bebidas. O objetivo da presente tese foi elaborar bebidas fermentadas tipo kombucha por uma cultura simbiótica de leveduras e bactérias, a partir dos subprodutos da cadeia produtiva do café, caracterizá-las química, físicoquímica, microbiológica e sensorialmente, e avaliar sua bioatividade. Na análise microbiológica, foi observada maior proporção de bactérias acéticas pertencentes ao gênero Komagateibacter e de leveduras pertencentes ao gênero Pichia. No processo de fermentação, foi observada redução nos teores médios de sólidos solúveis (12,2-9,0 °Brix), sacarose (70%, em média) e no pH (4,0-3,4), associado ao aumento da acidez titulável (0,04-0,9 mEq/L). Houve redução no valor total de compostos fenólicos identificados em KCP durante a fermentação (38%, em média). Nos kombuchas elaborados com cascas dos frutos do cafeeiro (KCC), o teor de compostos fenólicos em KCC e KFC aumentaram durante a fermentação (98% e 33%, em média, respectivamente). Com relação à atividade antimicrobiana, KCP, KCC e KFC apresentaram maior halo de inibição contra E. coli e S. enteritidis. Ao analisar o perfil de compostos voláteis nos kombuchas, foi identificado aumento no número de ácidos e ésteres, e redução no número de álcoois e aldeídos durante a fermentação. Em KCC, 1- heptanol, hexadecanol, isopulegol, cis e trans-óxido de linalool, butirato de etila, hexanoato de etila, acetato de isoamila, e γ-nonalactona foram formados a partir das infusões, enquanto nos KFC, observados também nas bebidas de KFC com erva mate foram observados 2,4-heptadienal, tetradecanal, tridecanal, undecanal, (S)-2-heptanol, (z)-3-hexanoato de etila, dihidrojasmonato de metila e 3,5-octadien-2-one. Os kombuchas que obtiveram as melhores médias de aceitação foram aqueles elaborados com as cascas da Nicaragua (7,0 ± 0,15) e com folhas de café com erva mate (6,6 ± 2,0) fermentadas durante 3 dias. Houve também associação entre os atributos sensoriais e os compostos voláteis. Com relação à bioatividade, as infusões e KCP e KCC foram capazes de reduzir as espécies reativas de oxigênio em células tubulares proximais (41%, em média) com redução de ácido úrico (10%-55%) no sobrenadante celular, e exerceram atividade anti-inflamatória, reduzindo os teores de óxido nítrico (81%-90%). 17 A viabilidade celular não foi alterada. Pode-se concluir que as cascas dos frutos e as folhas do cafeeiro são matérias-primas viáveis para a produção de kombuchas com boa aceitação entre consumidores, com potenciais benefícios à saúde. Portanto, é uma alternativa sustentável para o reaproveitamento destes subprodutos, melhorando a produtividade do setor cafeeiro.
Palavras-chave: Café; subprodutos da indústria; cascas de café; folhas de café; kombucha; bebida fermentada; fermentação; compostos bioativos; atividade antioxidante; atividade anti-inflamatória
Título: MARCADORES DE CONSUMO ALIMENTAR DE ACORDO COM A PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM CRIANÇAS BRASILEIRAS DE 6–23 MESES DE IDADE: DADOS DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, 2015-2019
Autor: Andreia Andrade da Silva
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2023
Resumo: Introdução: O Programa Bolsa Família (PBF) promoveu o alívio da fome pelo maior acesso à alimentação e se tornou um importante instrumento para a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional no país. No entanto, não existem informações sobre o impacto do programa na alimentação das crianças durante os dois primeiros anos de vida. Objetivos: (1) Avaliar a tendência dos indicadores da alimentação complementar entre crianças brasileiras de acordo com a participação no PBF e características sociodemográficas; (2) Analisar o efeito do PBF sobre a frequência dos marcadores de consumo alimentar de crianças brasileiras. Métodos: Foram utilizados dados secundários de crianças brasileiras de 6–23 meses de idade coletados nas rotinas de atendimento da Atenção Básica disponíveis no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional entre os anos de 2015 a 2019. Para o primeiro objetivo, foi realizado um estudo de série temporal sobre os indicadores da alimentação complementar propostos pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde com dados de 506.511 crianças. Foram calculadas as prevalências e os intervalos de confiança de 95% (IC95%) dos indicadores estratificados pelo recebimento do benefício do PBF e características sociodemográficas. Foi realizada a regressão de Prais-Winsten para avaliar a tendência temporal considerando como desfecho a prevalência de cada indicador e como variável independente o ano de avaliação. Para o segundo objetivo, empregou-se os modelos lineares mistos para analisar o efeito do PBF (variável preditora) sobre o escore dos marcadores de consumo alimentar (desfecho) de 508.944 crianças. O escore variou de -4 (menos saudável) a 10 (mais saudável) pontos e foi calculado a partir da diferença das frequências dos marcadores da alimentação saudável (MAS) e não saudável (MANS). Resultados: Houve tendência estacionária para os indicadores da alimentação complementar saudável. Crianças menores de 1 ano de idade e beneficiárias do PBF residentes das regiões Norte e Nordeste tiveram menores prevalências nos indicadores de introdução de alimentos, frequência mínima e consistência adequada, diversidade alimentar mínima e consumo de alimentos ricos em vitamina A e maiores prevalências de zero consumo de frutas e hortaliças em todos os anos. A prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados foi em torno de 50% em todo o período, com tendência de redução tanto para crianças beneficiárias (-10,02%) quanto para não beneficiárias do PBF (-9,34%). Em relação ao segundo objetivo, os modelos lineares mistos demonstraram efeito positivo do PBF sobre o escore (PBF*idade= 0,0002; IC95% 0,00005; 0,0003; p<0,05) ao longo do tempo, independente do sexo e da macrorregião de residência das crianças. Conclusões: As prevalências dos indicadores da alimentação complementar e o escore dos marcadores de consumo alimentar permaneceram menores entre as crianças beneficiárias do PBF, em relação às não beneficiárias. Entretanto, o PBF teve efeito positivo sobre os marcadores da alimentação ao longo do tempo. Os resultados delinearam a importância do efeito do PBF sobre a alimentação, e apontaram para a necessidade de políticas públicas que promovam maior acesso a uma alimentação saudável na população beneficiária.
Palavras-chave: Consumo Alimentar; Vigilância Alimentar e Nutricional; Criança; Programas e Políticas de Nutrição e Alimentação; Segurança Alimentar; Atenção Primária à Saúde
Título: DESIGUALDADES SOCIAIS E INSEGURANÇA ALIMENTAR E SUA RELAÇÃO COM DESPESA COM ALIMENTAÇÃO NA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Autor: Camilla Christine de Souza Cherol
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2023
Resumo: O propósito desta tese foi avaliar as desigualdades sociais e a insegurança alimentar (IA) no país e a relação da IA com as despesas na aquisição de alimentos nas famílias brasileiras. Utilizou-se informações de duas pesquisas de representatividade nacional: (i) Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios (2013), que examinou uma amostra de 110.750 domicílios e (ii) Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017-2018), que investigou uma amostra de 57.920 domicílios. A IA foi avaliada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. No primeiro manuscrito, avaliou-se a associação dos indicadores sociais com o aumento das proporções de IA (desfecho) entre 2013 e 2017-2018 desagregado pelas regiões do país. Foram aplicados modelos de regressão logística multinomial. No segundo manuscrito, avaliou-se a associação da IA (exposição) com as médias de gastos per capita (em reais), por meio das estimativas de aquisição domiciliar de alimentos (desfecho) em 2017-2018. As características demográficas (região e área), assim como do chefe do domicílio (sexo, idade, escolaridade e raça/cor) foram consideradas como ajuste no modelo final de análise. Para verificar a magnitude da associação entre IA e covariáveis com as despesas na aquisição de alimentos, foram utilizados modelos de regressão linear generalizado. Os resultados do primeiro manuscrito apontaram que, embora as regiões Norte e Nordeste tenham maiores proporções de IA, as regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentaram os maiores aumentos da IA entre 2013 e 2018. A renda foi o indicador com maior associação com o desfecho principal deste estudo. Houve associação entre a presença de três ou mais moradores menores de 18 anos no domicílio e maior risco de IA nas regiões Norte e Sul. A IA aumentou de forma desigual entre as regiões durante o período investigado. O segundo manuscrito evidenciou que, dentre as despesas domiciliares com alimentação, famílias em situação de IA moderada ou grave apresentaram maior gasto com aquisição de arroz, feijão, farinha de mandioca e pão francês quando comparadas àquelas em segurança alimentar. E menor aquisição de frutas, verduras e legumes, leite e derivados, biscoitos, refrigerantes e doces e sobremesas. Famílias com presença de moradores menores de 5 anos adquiriram mais leite e derivados quando comparadas àquelas sem a presença desses moradores. Este estudo pretendeu contribuir com o debate da fome e IA no país e para a compreensão do tema das desigualdades sociais que afetam o acesso à alimentação e melhores condições de vida dos brasileiros, principalmente entre famílias de baixa renda.
Palavras-chave: segurança alimentar e nutricional, insegurança alimentar, indicadores sociais, desigualdade social, pobreza, inquéritos sobre dietas, alimentação
Título: CAPACIDADE PREDITIVA DOS INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS E DO ÍNDICE DE ADIPOSIDADE VISCERAL NO RASTREIO DE FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS EM ESCOLARES
Autor: Flávia Erika Felix Pereira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2023
Resumo: Introdução: A pandemia de obesidade infantil nas últimas décadas contribuiu com aumento dos fatores de risco cardiometabólicos na população pediátrica, incluindo hipertensão arterial, dislipidemia, hiperglicemia. Desta forma, investigações sobre a utilidade dos indicadores antropométricos para predição desses fatores em crianças em idade escolar é crescente. Objetivo: Avaliar a capacidade de predição do IMC/idade, perímetro da cintura (PC), relação cintura-estatura (RCEst) e percentual de gordura corporal (%GC) no rastreio dos fatores de risco cardiometabólicos hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia isolada e hiperglicemia em crianças brasileiras em idade escolar. Métodos: Este estudo transversal foi realizado no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, de 2013 a 2014. Um total de 501 crianças com idade entre 6 e 9 anos compuseram a amostra. Informações sobre demografia, antropometria, pressão arterial e parâmetros bioquímicos foram coletadas por pesquisadores treinados e experientes. Foram considerados fatores de risco cardiometabólicos: HAS com pressão arterial sistólica ou diastólica ≥ P95 para sexo, idade e altura, colesterol total > 170mg/dL; LDL-c > 110mg/dL; não HDL-c >145mg/dL; HDL-c < 45mg/dL e triglicerídeos > 75mg/dL, glicemia plasmática em jejum ≥100mg/dL. Os dados resultantes foram analisados por meio de estatística descritiva, análise de curva característica de operação do receptor e regressão logística binária. Este trabalho recebeu aprovação do comitê de ética em pesquisa da Universidade Veiga de Almeida, nº876.333. Resultados: As crianças apresentaram média de idade 7,83 anos (DP 1,05) e a maioria era menina (56,4%; n=282). A área sob a curva (AUC) foi superior a 0,5 para os 4 indicadores testados (IMC/idade, RCEst, PC e %GC) na predição de hipertensão arterial sistêmica (HAS), colesterol total (CT) e triglicerídeos (TG). Para HAS, a AUC variou de 0,61 a 0,64, com maior AUC [IC95%] identificada no IMC/idade (0,64 [0,595; 0,703]) e menor no %GC (0,61 [0,558; 0,669]). Para CT, a AUC variou de 0,59 a 0,61, com maior AUC observada no IMC/idade (0,61 [0,550; 0,687]) e menor no %GC (0,59 [0,526; 0,663]). Na predição de TG, a maior AUC foi do PC (0,584 [0,534; 0,634]) e a menor na RCEst (0,552 [0,502; 0,603]). Na predição de não HDL-c elevado, a AUC para IMC/idade e RCEst foram diferentes de 0,5, AUC= 0,64 [0,511; 0,779] e 0,63 [0,517; 0,759], respectivamente. A AUC do IMC/idade também foi significativa na predição de glicemia alterada AUC= 0,59 [0,511; 0,675], e a AUC do PC foi significativa na predição de LDL-c alterado, AUC=0,58 [0,506; 0,665]. Na análise da curva ROC, os pontos de corte obtidos pelo índice de Youden para zscore do IMC/idade, RCEst, PC e %GC variaram de baixa a alta sensibilidade (0,41% a 0,85%) e de muito baixa a alta especificidade (0,29 a 0,83%). IMC/idade, RCEst, PC e %GC ajustados para idade e sexo foram positivamente associados a HAS, CT, TG e não HDL-c. IMC/idade, RCEst e PC também foram positivamente associados a LDL-c. Nenhum indicador antropométrico foi associado a glicemia plasmática e HDL-c baixo. Conclusão: Os indicadores antropométricos IMC/idade, PC, RCEst e %GC possuem baixa capacidade para predição dos fatores de riscos cardiometabólicos HAS, dislipidemia isolada e hiperglicemia em crianças em idade escolar, no entanto, foram positivamente associados com a maioria desses fatores.
Palavras-chave: Escolares; obesidade infantil, associação, antropometria, dislipidemia, risco cardiometabólico, hipertensão, curva ROC
Título: POTENTIAL OF JABOTICABA POWDER CONSUMPTION TO MODIFY UROLITHIN EXCRETION AND METABOTYPE: A CLINICAL STUDY CONTROLLED BY PLACEBO
Autor: Iris Batista Leite
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2023
Resumo: A estratificação dos indivíduos em metabotipos em estudos clínicos torna-se cada vez mais importante para observar o efeito de uma intervenção alimentar com desfechos em saúde. A jaboticaba, uma berry brasileira, possui cerca de 40% a 50% de seu peso representado por casca e semente, que possui alto teor de compostos fenólicos como elagitaninos. Esse resíduo da jabuticaba já foi utilizado anteriormente para metabolização de elagitaninos na população brasileira, porém com altas doses, que não são compatíveis com o consumo habitual. O objetivo dessa tese foi caracterizar e avaliar a estabilidade dos compostos fenólicos da casca e semente de jaboticaba em pó (CSJP), e avaliar se o seu consumo por três semanas poderia modificar a caracterização inicial do metabotipo de urolitinas (A, B ou 0), assim como o grau de excreção de urolitinas. O pó de jaboticaba foi obtido após desidratação da casca e semente de jaboticaba em estufa de circulação forçada de ar (75 °C/ 22 h). Em seguida, o resíduo seco foi triturado, encapsulado em cápsula opaca e armazenado a 25 °C e a 5 °C por 57 dias. O teor de compostos fenólicos foi avaliado após 57 dias por HPLC-DAD. Para o estudo clínico, foram recrutados voluntários adultos (n = 59), de ambos os sexos, com índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 40 kg/m2 . O estudo consistiu no consumo diário de quatro cápsulas contendo placebo (2 g de amido de milho) ou 4 cápsulas de CSJP (3 g do pó, contendo 35,2 mg de vescalagina + ácido elágico) por três períodos diferentes de três semanas, na seguinte ordem: 1) consumo de placebo; 2) consumo de JPSP; 3) consumo de placebo. Para verificar possíveis alterações nos metabotipos dos indivíduos e na quantidade de excreção de urolitinas, os voluntários ingeriram 3 g de CSJP logo antes do início de cada mensuração e após a última mensuração (urina 1, urina 2, urina 3 e urina 4). Amostras de urina (período entre 24 h e 36 h após a ingestão) foram coletadas antes e após todas as intervenções para análise do metabotipo e grau de excreção de urolitinas. Considerando todos os voluntários (n = 59), a distribuição dos metabotipos na urina 1 foi de 32,2% do metabotipo A (UM-A), 52,5% do metabotipo B (UM-B) e 15,3% do metabotipo 0 (UM-0), que diferiram dos já relatados na literatura em diferentes populações. Não foi encontrada diferença estatística entre os sexos quanto à distribuição de UM-A e UMB. Considerando o IMC, os voluntários eutróficos apresentaram maior prevalência de UM-B (p = 0,04) do que UM-A. Em contraste, os voluntários com sobrepeso/obesidade apresentaram uma distribuição semelhante de UM-A (43%) e UM-B (40%). Observou-se que com o aumento da idade houve aumento do percentual de UM-B e diminuição do percentual de UM-A. Após o consumo de CSJP, seis metabólitos foram identificados na urina: urolitina A 3/8-glucuronídeo, isourolitina A 3-glucuronídeo, isourolitina A 9- glucuronídeo, isourolitina A, urolitina Bglucuronídeo e urolitina B. As formas glucuronidadas foram as mais abundantes, representando 93-99% do total excretado em todas as etapas do estudo. Observou-se também uma grande variabilidade interindividual na excreção total de urolitinas (0,06 µmol a 15,39 µmol). Não foi observada diferença significativas quando os voluntários foram separados por sexo e % de gordura corporal. No entanto, quando os voluntários foram classificados de acordo com o IMC, observou-se que a intervenção com a CSJP levou a um aumento (p = 0,04) na excreção urinária de urolitinas nos voluntários eutróficos, enquanto para os voluntários com sobrepeso/obesidade essa alteração não foi observada. Portanto, foi possível observar que o consumo diário de CSJP foi capaz de aumentar a excreção de urolitinas após 3 semanas de exposição a uma fonte alimentar de elagitaninos em indivíduos eutróficos.
Palavras-chave: elagitaninos, metabotipos, peso adequado, obesidade
Título: ASSOCIAÇÃO ENTRE A RADIODENSIDADE DO TECIDO ADIPOSO, CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS TUMORAIS E SOBREVIDA GLOBAL DE PACIENTES COM CÂNCER COLORRETAL
Autor: Julio Cezar Sillos André
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2023
Resumo: O câncer colorretal (CCR) ocupa a posição de terceira neoplasia mais prevalente entre os diferentes tipos de câncer em escala global. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, é estimado que ocorram 45.630 novos casos de CCR no Brasil em 2023. Mudanças no estado nutricional, frequentemente observadas em pacientes com câncer, podem afetar negativamente a qualidade de vida e aumentar a mortalidade. Nesse contexto, a tomografia computadorizada (TC) é uma ferramenta que propicia uma avalição mais precisa da composição corporal, o que repercute em implicações prognósticas para o CCR. A radiodensidade do tecido adiposo tem sido identificada como um novo marcador prognóstico para malignidades. Uma menor radiodensidade indica adipócitos maiores com maior conteúdo lipídico, enquanto uma maior densidade pode refletir adipócitos atrofiados. Além disso, marcadores inflamatórios têm se mostrado úteis na predição de desfechos desfavoráveis no câncer. Em adição, achados histopatológicos, como a presença de desmoplasia, têm sido associados a um prognóstico desfavorável no CCR. Portanto, estudos que investiguem a relação intrínseca entre a distribuição de gordura visceral e subcutânea, inflamação e características histopatológicas são de grande importância para elucidar os desdobramentos relacionados aos desfechos clínicos em pacientes cirúrgicos com CCR. Dessa forma, esse estudo tem por objetivo avaliar a associação entre a radiodensidade do tecido adiposo, características morfológicas tumorais e seu poder preditivo de sobrevida global (SG) em pacientes com CCR. Trata-se de uma coorte retrospectiva, desenvolvida entre 2007 e 2015, envolvendo pacientes adultos com CCR. A composição corporal foi avaliada por meio de TC da terceira vértebra lombar. A radiodensidade do tecido adiposo visceral (RDTAV) e a radiodensidade do tecido adiposo subcutâneo (RDTAS) foram categorizadas em tercis. O estado inflamatório foi avaliado utilizandose a razão neutrófilo-linfócito (RNL), a razão linfócito-monócito (RLM), a razão plaqueta-linfócito (RPL) e o índice de resposta inflamatória sistêmica (IRIS). Foi calculada a SG em cinco anos. As correlações foram analisadas pelo coeficiente de correlação de Spearman. A regressão logística foi utilizada para analisar a associação entre as variáveis, calculando-se o odds ratio com intervalos de confiança (IC) de 95%. O modelo de risco proporcional de Cox foi utilizado para avaliar o poder preditivo das variáveis por meio do hazard ratio com IC de 95%. Em uma análise inicial, um grupo de 278 pacientes foi considerado elegível para o estudo. Não foram encontradas correlações significativas entre a RDTAS ou a RDTAV e o IRIS. Observou-se que o segundo tercil da RDTAV foi um fator independente de proteção para a SG. Primeiro e segundo tercil da RDTAS foram identificados como fatores de proteção para a SG na vigência de quimioterapia adjuvante e quimioterapia adjuvante combinada com radioterapia. Em uma segunda análise, que incluiu 231 pacientes e considerou dados histopatológicos, os estágios II e III do CCR e uma baixa RDTAV foram identificados como fatores de risco independentes para o desenvolvimento de desmoplasia. O estágio III, a presença de desmoplasia moderada a alta, o terceiro tercil da RNL e o terceiro tercil do IRIS foram identificados como fatores de risco independentes para uma menor SG. Os resultados sugerem que uma menor RDTAS, indicando um maior teor de gordura, pode alterar o prognóstico da SG em pacientes com CCR em tratamento adjuvante com agentes antineoplásicos. Além disso, o aumento da gordura visceral é um fator significativo predisponente para o desenvolvimento de desmoplasia. Níveis mais elevados de desmoplasia, da RNL e do IRIS estão associados de forma significativa a taxas reduzidas de SG em um período de cinco anos.
Palavras-chave: composição corporal; marcadores inflamatórios; quimioterapia; câncer colorretal; prognóstico; desmoplasia; sobrevida global
Título: INFLUÊNCIA DAS TENDÊNCIAS ATUAIS DE CONSUMO DE CAFÉS ESPECIAIS NA CAFEICULTURA DO RIO DE JANEIRO
Autor: Mariana Gonçalves Corrêa
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2023
Resumo: O café é uma das bebidas mais apreciadas em todo mundo. Contudo, o modo como o café é visto e consumido mudou consideravelmente ao longo da história, principalmente, em decorrência das inovações tecnológicas em seu processo de produção e das exigências cada vez maiores do mercado consumidor. A disseminação mundial do café está intimamente associada à configuração e à transformação do cenário geopolítico mundial, tendo moldado a história global e determinado o desenvolvimento de diversos países. As tendências de consumo de café espelham particularidades dos estilos de vida e os avanços tecnológicos de uma sociedade e, nessa perspectiva, são úteis para a compreensão de como em cada momento atribuímos valores às coisas do mundo contemporâneo. Após sua disseminação na Europa no século XVII, o consumo de café no ocidente sempre esteve associado à estimulação, rituais de socialização, política e até mesmo religião. No Brasil, a chegada do café ocorreu no século XVIII, pela cidade de Belém, no estado do Pará nativas da floresta do planalto da Etiópia e ainda no mesmo século chegaram ao Rio de Janeiro as primeiras mudas, As tendências de consumo da bebida a partir do século XIX foram conceitualizadas em 2002 pela norte americana Trish Skeie como ondas de consumo que marcam conjuntos de prioridades e filosofias em diferentes experiências. Baseado na hipótese de que existe uma nova tendência de consumo de café nos Estados Unidos e na União Europeia que pode ser considerada uma quarta onda, e de que a tendência de consumo nesses países é refletida no consumo da população brasileira de média e alta renda dos grandes centros urbanos e na produção para exportação, este trabalho de tese teve como objetivo avaliar como as tendências atuais de consumo de café especial são refletidas na cafeicultura do Rio de Janeiro e identificar características que possam definir a atual tendência de consumo, no contexto da história do café no Rio de Janeiro. Atualmente, grande parte dos consumidores de todo o mundo já reconhece que o café contém uma série de substâncias diferentes da cafeína e que pode ser benéfico à saúde humana. O referencial teórico da pesquisa contou com autores dos campos da Alimentação e Nutrição, Sociologia, Antropologia e Comunicação e Consumo, como Pierre Bourdieu, Mary Douglas, Byung-Chul Han, entre outros. O procedimento teórico-metodológico adotado foi a análise de conteúdo segundo a perspectiva de Bardin. As categorias foram analisadas após as entrevistas semiestruturadas com produtores de cafés especiais. Nesse contexto, nas entrevistas os produtores falaram sobre a retomada da produção de café, bem como nas inovações para melhoria do produto, uma vez que o solo é o mesmo da época em que o café era classificado com qualidade inferior. Os cafés especiais foram associados à chegada da tecnologia de colheita e pós-colheita, os cursos e concursos realizados pelas entidades, associações de café do estado, ao retorno da nova geração às fazendas e às certificações principalmente de sustentabilidade e organicidade. As tendências mundiais de consumo de cafés chegaram ao Rio de Janeiro, melhorando a qualidade dos cafés aqui produzidos e fomentando sistemas sustentáveis e o crescimento econômico e cultural das regiões produtoras, em consonância com a suposta quarta onda. Saúde, no entanto, não é ainda o foco entre estes cafeicultores.
Palavras-chave: Café. Consumo. Ondas. Sustentabilidade. Tendências
Título: NÃO BASTA SER SUSTENTÁVEL, TEM QUE SER SAUDÁVEL: ESTUDO DE INICIATIVAS DE PRODUÇÃO E CONSUMO DE ALIMENTOS PARA A REDUÇÃO DE ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL NA DIETA HUMANA
Autor: Paula Albuquerque Penna Franca
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2023
Resumo: A perspectiva de uma nova transição alimentar, direcionada à diminuição do consumo de alimentos de origem animal revela muitos desafios. Diante desse cenário, esta tese se propôs a investigar iniciativas de produção e consumo de alimentos para a redução de produtos de origem animal na transição para sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis. Para isso, os produtos “plant-based” presentes no mercado brasileiro e mundial foram analisados quanto ao perfil de ingredientes, as características nutricionais, o estágio de desenvolvimento tecnológico e o posicionamento de mercado. Os resultados encontrados foram sistematizados em três manuscritos independentes. Dentre os principais resultados, destaca-se que os produtos “plant-based” podem ser utilizados dentro de uma dieta saudável pelo consumidor em busca de praticidade. Estes consumidores, no entanto, devem observar o rótulo dos produtos, já que muitos deles apresentam alta quantidade de sódio, gordura saturada e açúcar. Além disso, grande parte deles são classificados como alimentos ultra processados não devendo, portanto, ser a base da alimentação. Adicionalmente, investigou-se a campanha Segunda sem Carne (SSC), como exemplo de iniciativa para a conscientização do consumidor, objeto do quarto manuscrito da presente tese. Grande parte das postagens da campanha SSC abordam os aspectos éticos do consumo de carnes e elaboração de preparações saborosas e práticas. As inciativas analisadas neste estudo, apontam tendências para uma alimentação mais sustentável que, sem perder a saudabilidade, tenham potencial para promover uma nova transição nutricional.
Palavras-chave: alimentação sustentável, alimentos plant-based, substitutos de carne, segunda sem carne
Título: ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE PESO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA EXPOSTA A INSEGURANÇA ALIMENTAR
Autor: Talita Barbosa Domingos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2023
Resumo: A frequência de adultos com excesso de peso vem aumentando gradativamente ao longo dos anos na população brasileira, sendo observado também o aumento entre aqueles que vivem em domicílios com insegurança alimentar (IA). O objetivo deste estudo foi analisar a relação da situação de peso e do consumo alimentar com os níveis de IA entre adultos brasileiros. Trata-se de estudo transversal, baseado nos dados do Inquérito Nacional de Alimentação (INA), administrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2017 a 2018, como parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). O presente estudo utiliza uma subamostra representativa de 28.112 adultos (20-59 anos). A segurança alimentar e níveis de IA foram medidos com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Para classificar o estado nutricional, o índice de massa corporal (kg/m2 ) foi estimado a partir do peso e da altura autorreferidos. A baixa estatura foi utilizada como indicador de desnutrição no início da vida, caracterizando alterações metabólicas decorrentes da presença IA na infância (pontos de corte mulheres≤149cm; homens≤160cm). A partir do recordatório de 24 horas, foi estimada a média de ingestão de energia (kcal), proteína (gramas), carboidrato (gramas) e lipídeos (gramas), e geradas 17 categorias de alimentos para análise das médias de ingestão em gramas, comparando indivíduos eutróficos e com excesso de peso. As mulheres com IA grave tinham mais do que o dobro (Odds Ratio [OR] = 2,36) de probabilidade de estar abaixo do peso e tinham maior frequência de obesidade (OR = 1,39). Entre os homens, a condição de IA grave das famílias foi um fator protetor para sobrepeso (OR = 0,58) e obesidade (OR = 0,61). Homens e mulheres com obesidade e IA apresentaram estatura significativamente baixa. A prevalência de obesidade 1 aumentou significativamente com a IA entre as mulheres. Houve tendência de baixa estatura entre mulheres obesas de famílias com IA, bem como menor ingestão de energia. Entre homens e mulheres, a menor ingestão de proteína e a maior ingestão de carboidratos foram observadas no grupo de baixo peso. Em ambos os sexos foi observado menor consumo das pizzas, salgados e sanduíches nos indivíduos com excesso de peso, conforme tendência de aumento dos níveis de IA. Nos homens, em todas as situações de peso, e nas mulheres eutróficas houve maior consumo de cereais, leguminosas e menor das frutas. As bebidas açucaradas apresentaram menor consumo nos homens com excesso de peso de famílias com IA grave. Conclui-se que a IA foi um fator viii de risco para baixo peso e obesidade entre as mulheres, mas não entre os homens. A obesidade pode estar associada ao metabolismo nas mulheres, pois quem apresenta IA e desenvolve obesidade possui baixa estatura e menor ingestão energética. O consumo alimentar tradicional, baseado no arroz e feijão, foi o priorizado por adultos com excesso de peso expostos à IA, provavelmente influenciados pela renda e pela saciedade. As mulheres em excesso de peso mostram ter consumo diferente, com menor ingestão de alimentos energéticos (cereais e leguminosas), comparadas às mulheres eutróficas e aos homens, reforçando o indicativo de alterações metabólicas.
Palavras-chave: Insegurança alimentar, Índice de Massa Corporal, Estatura, Consumo alimentar
Título: RELAÇÃO ENTRE COMPOSIÇÃO CORPORAL, VARIÁVEIS BIOQUÍMICAS E FENÓTIPOS METABÓLICOS, EM PRATICANTES DE EXERCÍCIOS DE RESISTÊNCIA, DURANTE A MENOPAUSA
Autor: Ana Carla Leocadio de Magalhães
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2022
Resumo: Introdução: A menopausa é relacionada a modificações corporais e bioquímicas que contribuem para o desenvolvimento do fenótipo metabolicamente não saudável (MNS) e aumento da mortalidade. A prática de exercícios de resistência (ER) é uma estratégia para amenizar consequências desta fase por promover redução da adiposidade corporal, aumento da massa livre de gordura e melhora de parâmetros cardiometabólicos. Objetivo: Avaliar a relação entre composição corporal, variáveis bioquímicas, fenótipos metabólicos e ER, em mulheres na menopausa. Métodos: Estudo observacional com praticantes de ER em academia na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Foram avaliadas: pressão arterial, glicemia e perfil lipídico em jejum, tirotrofina, índice de massa corporal (IMC), adiposidade abdominal, visceral e percentual de gordura corporal (%GC). Este último por equações preditivas de %GC – Deurenberg (%GC); CUN-BAE (%GC); massa de gordura relativa (MGR) (%GC) e Palafolls (%GC) – e por DEXA. Os fenótipos metabólicos foram classificados pelo Critério de Comorbidades. Informações sobre tempo em anos, tempo semanal (min/sem) e frequência semanal (dias/semana) de ER foram obtidas por questionário previamente elaborado e validado intrapesquisadores. Resultados: A amostra foi constituída por 31 mulheres. Houve 74,2% de prevalência do fenótipo metabolicamente saudável (MS). As MS eram mais jovens (51,26 ± 4,44 anos; 55,25 ± 3,73, p-valor =0,03), tinham maior tempo em anos de ER (11,70 ± 13,60; 3,81 ± 3,66, p-valor=0,01); maiores concentrações de lipoproteína colesterol de alta densidade (HDL-c) (72,13 ± 13,59; 48,37 ± 7,55, p-valor<0,01); menor índice de adiposidade visceral (IAV) (0,81 ± 0,37; 1,63 ± 0,85, p-valor = 0,03) e relação androide/ginoide (A/G) (0,79 ± 0,15; 0,98 ± 0,22, p-valor = 0,01) do que as MNS. Não foi identificada associação entre tirotrofina e fenótipos metabólicos. As mulheres com inadequações de A/G e IAV demonstraram prevalências 5,20 (IC 95%: 1,90 – 14,16) e 3,12 (IC 95%: 1,07 – 9,04) vezes maior, respectivamente, de apresentar o fenótipo MNS do que aquelas com adequação desses componentes. Mulheres com maior tempo em anos e frequência semanal de ER apresentaram menores médias de percentual de massa de gordura do tronco (15,33 ± 7,56; 10,57 ±4,87, p=0,04; 16,31 ± 7,46; 10,98 ± 5,49, p=0,03, respectivamente) do que as com menor tempo em anos e frequência semanal de ER. Houve correlação inversa entre tempo em anos e frequência semanal de ER com variáveis de adiposidade corporal e entre a primeira com HDL-c. As equações preditivas de %GC apresentaram correlação positiva com a pressão arterial sistólica (p-valor ≤ 0,01). Dentre estas, CUN-BAE (%GC) e Deurenberg (%GC) apresentaram maior concordância com %GC_DEXA (ICC: 0,89, p<0,01, ambos), quando comparadas à MGR (%GC) e Palafolls (%GC). Conclusão: Achados dessa tese indicam que a adiposidade visceral está relacionada ao fenótipo MNS e que há uma relação dose-resposta entre prática de ER e composição corporal, em mulheres na menopausa. Além disso, na ausência do DEXA para avaliação corporal, CUN-BAE (%GC) e Deurenberg (%GC) podem ser utilizados para avaliação do %GC para estimar o risco cardiometabólico nesta população.
Palavras-chave: menopausa; composição corporal; colesterol; exercícios de resistência; fatores de risco cardiometabólicos.
Título: INFLUÊNCIA DE POLIMORFISMOS NOS GENES FTO E ADRB2 NO EFEITO DA DIETA DASH VERSUS DIETA TRADICIONAL SOBRE O GANHO DE PESO GESTACIONAL, PRESSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DA GESTAÇÃO EM GESTANTES COM DIABETES MELLITUS PRÉ-EXISTENTE
Autor: Karina dos Santos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2022
Resumo: Introdução: Polimorfismos genéticos podem modificar o efeito da dieta sobre resultados obstétricos e perinatais. Objetivo: Avaliar a influência de polimorfismos nos genes FTO (rs9939609 / rs17817449) e ADRB2 (rs1042713 / rs1042714) no efeito da dieta DASH versus dieta tradicional sobre o ganho de peso gestacional (GPG), pressão arterial sistêmica e síndromes hipertensivas da gestação (SHG) em gestantes com diabetes mellitus (DM) préexistente. Métodos: Ensaio clínico randomizado, realizado no Rio de Janeiro/Brasil. As participantes foram randomizadas para um dos grupos de estudo: dieta tradicional (n=41) ou dieta DASH (n=29), antes de 28 semanas de gestação, acompanhadas até o parto. As medidas de peso e pressão arterial sistólica e diastólica foram realizadas nas consultas de pré-natal, ao longo da gestação. O GPG foi definido como (peso na internação para o parto – peso prégestacional) e o GPG excessivo como ganho de peso total superior ao limite máximo da recomendação para cada categoria de IMC pré-gestacional (peso pré-gestacional/estatura²), conforme recomendações do Institute of Medicine. As SHG foram diagnosticadas de acordo com os critérios do American College of Obstetricians and Gynecologists. A genotipagem foi realizada utilizando DNA extraído de células bucais, por meio de PCR em tempo real. Foram realizadas análises de comparação de medianas e frequências, modelos de regressão linear de efeito misto para a trajetória da pressão arterial e análises de tempo-até-o-evento para os desfechos GPG excessivo e SHG. Resultados: As participantes tinham mediana de 32 anos de idade (IQR 25,7-36,0); 28,6% das mulheres tinham IMC pré-gestacional adequado, 35,7% sobrepeso e 35,7% obesidade. As medianas do GPG foram 13,7 kg (IQR 11,5 – 17,5), 11,8 kg (IQR 7,5 – 16,4) e 11,0 (IQR 5,9 – 14,1), respectivamente, sem diferença significativa entre os grupos de dieta e genótipos. A incidência de GPG excessivo foi de 52,9%, sem efeito da dieta DASH sobre o risco de progressão, em relação à dieta tradicional (aHR 1,32, IC 95% 0,62;2,79, p = 0,46). Houve influência dos polimorfismos rs9939609 (FTO) e rs1042713 (ADRB2) no risco de progressão para o GPG excessivo: AT vs. TT (aHR 2,44, IC 95% 1,03;5,78, p = 0,04); AT/AA vs. TT (aHR 2,55, IC 95% 1,14;5,69, p = 0,02) e AA vs. GG (aHR 3,91, IC 95% 1,12;13,70, p = 0,03); AG/AA vs. GG (aHR 2,37, IC 95% 1,01;5,52, p = 0,04), respectivamente, e do haplótipo rs9939609:rs17817449 (AG) (aHR 1,79, IC 95% 1,04;3,06, p = 0,02), independentemente do tipo de dieta. Não houve efeito estatisticamente significativo da dieta, dos genótipos ou da interação gene-dieta sobre a trajetória da pressão arterial. A incidência de SHG foi de 22,9%, sem efeito da dieta DASH sobre o risco de progressão, em relação à dieta tradicional (aHR 0,81, IC 95% 0,25;2,61, p = 0,72). Não houve efeito significativo dos genótipos em relação ao desenvolvimento de SHG. Conclusão: Polimorfismos nos genes FTO e ADRB2 não modificaram o efeito da dieta DASH vs. dieta tradicional sobre os desfechos estudados, mas foram fatores de risco para exceder precocemente o GPG, independentemente da dieta.
Palavras-chave: Dieta DASH; Diabetes Mellitus; Gestação de Alto Risco; Hipertensão Gestacional; Pré-Eclâmpsia; Ganho de Peso Gestacional.
Título: DESIGUALDADE DE GÊNERO NA INSEGURANÇA ALIMENTAR E O CONSUMO DE ALIMENTOS NOS DOMICÍLIOS BRASILEIROS
Autor: Lissandra Amorim Santos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2022
Resumo: Introdução: As desigualdades de gênero contribuem para tornar as mulheres mais vulneráveis a pobreza e insegurança alimentar (IA) em suas diversas manifestações. Assim como a IA, a cultura que estabelece os papeis sociais desenvolvidos pelas mulheres também determina a alimentação delas, mesmo em contextos de suposto maior empoderamento, como a mulher chefe de família. Outros determinantes como renda e raça/cor da pele podem potencializar a influência que esses fatores exercem na alimentação feminina. Objetivos: (i) Descrever as mudanças nas proporções de domicílios brasileiros que reportam IA segundo o gênero da pessoa de referência do domicílio e sua intersecção com a raça/cor da pele e estado civil de 2004 a 2018; (ii) Investigar as intersecções do gênero com a raça/cor da pele da pessoa de referência do domicílio na ocorrência de IA nas diferentes regiões do Brasil; (iii) Comparar o consumo médio de macro e micronutrientes entre mulheres e homens chefes de família. Métodos: Estudo transversal no qual foram utilizados os microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada durante o período de julho de 2017 a julho de 2018 (POF 2018) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para efeitos de comparação, foram utilizados também os dados coletados nas Pesquisas Nacionais de Amostras por Domicílios (PNADs) em 2004 e 2013. Utilizaram-se informações coletadas nos diversos questionários da POF 2018 que trazem dados sobre as características dos domicílios e seus moradores, sobre o trabalho e a renda, as informações de segurança alimentar e níveis de IA (dados das PNADs e POF), e os dados de consumo alimentar pessoal (POF). As variáveis utilizadas nesse projeto incluem o sexo da pessoa de referencia do domicilio, a situação de IA, avaliada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar; e o consumo alimentar, que foi avaliado por meio da estimativa média das quantidades de energia, macronutrientes e alguns micronutrientes para homens e mulheres. Resultados: A IA domiciliar variou em função do gênero, raça/cor da pele e estado civil da pessoa de referência do domicílio, além da presença de filhos no domicílio e, mais importante, da combinação entre esses fatores. Adicionalmente, evidenciou-se que, embora as regiões Norte e Nordeste apresentassem maior prevalência de domicílios em IA moderada/grave, a condição de ser mulher e ter a raça/cor da pele preta ou parda associou-se a um maior risco de IA moderada/grave nas regiões Sudeste e Sul em comparação com domicílios de outras regiões. Comparando o consumo alimentar entre homens e mulheres chefes de famílias e o nível de SA/IA, os homens tinham uma dieta de maior quantidade de calorias e de macro e micronutrientes, exceto no consumo de vitamina A que foi maior entre mulheres de domicílios em Segurança Alimentar. Conclusão: Os resultados desta tese corroboram com a hipótese de que os domicílios chefiados pela mulher são mais vulneráveis a pobreza e a IA e que essas condições interferem na alimentação delas. De forma que políticas públicas que estimulem o empoderamento feminino e reduzam as restrições sociais que impactam na vulnerabilidade a pobreza e desnutrição das mulheres são urgentes.
Palavras-chave: Segurança Alimentar e Nutricional, Gênero, Raça, Interseccionalidade, Desigualdades, Consumo Alimentar.
Título: AVALIAÇÃO METABÓLICO-NUTRICIONAL DE ATLETAS DE VOLEIBOL: UM CORTE TRANSVERSAL
Autor: Taillan Martins de Oliveira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2022
Resumo: O voleibol é um esporte com características aeróbicas e anaeróbicas que exige intenso esforço intermitente do praticante. Modificações no comportamento metabólico, bioquímico e corporal ocorrem naturalmente pela prática do exercício, somando-se a isso uma sobrecarga psicológica. O estudo dessas alterações metabólico-nutricionais e o estado emocional dos atletas são necessários para uma melhor compreensão e diagnóstico da saúde do atleta e seu desempenho físico, visando a um ótimo planejamento nutricional e de treinamento. O objetivo deste estudo foi investigar a interação entre ingestão alimentar, grau de motivação e estado de humor, composição corporal, bioquímico e metabólico em atletas de voleibol de ambos os sexos. Trata-se de um estudo observacional e transversal com a avaliação da composição corporal, ingestão alimentar, estado de motivação e perfil de humor. Além da comparação de indicadores bioquímicos nos momentos imediatamente antes e após a prática de exercício. Foram avaliados quinze atletas do sexo feminino com média de idade de 28 anos (± 4,44), peso 74,74 kg (±7,09), altura 1,80 m (±0,05), IMC 24,15 kg/m² (±2,23), massa gorda 21,24 kg (±8,60), massa magra 49,99 kg (±4,80). As atletas de voleibol profissional não apresentaram alterações na ingestão alimentar e perfil bioquímico antes e após esforço físico. Na análise de variação dos metabolitos houve diminuição significativa de aminoácidos e compostos lipídicos no momento pós-exercício, assim como aumento de glutamato e LDL/VLDL. No estudo com treze atletas do sexo masculino, eles apresentaram como média de idade 21 anos (±3,54), altura 202 (±3,74 cm), peso 87,21 (±2,86 kg), massa gorda 18,41 (±3,26 kg). Não foi encontrada diferença significativa nas concentrações das variáveis bioquímicas analisadas (p>0,05). Quanto aos metabolitos, encontrou-se variação negativa de aminoácidos essenciais. Não houve associação entre os metabolitos e a ingestão alimentar. Para avaliação, a interação entre motivação e perfil de humor com a ingestão alimentar, os treze atletas do masculino foram alocados em grupos de motivação: menos motivados e mais motivados. E foi encontrado que os atletas menos motivados apresentaram maior sensação de fadiga do que os mais motivados (p=0,04). A ingestão energética e o balanço energético do grupo menos motivado foram maiores do que o grupo mais motivado.
Palavras-chave: voleibol, metabolômica, aminoácidos, perfil de humor, motivação, alimentação, exercício.
Título: NOVAS CURVAS DE GANHO DE PESO GESTACIONAL PARA MULHERES BRASILEIRAS
Autor: Thaís Rangel Bousquet Carrilho
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2022
Resumo: Introdução: O ganho de peso gestacional (GPG) é o indicador do estado nutricional mais importante na gestação. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) recomenda o uso da curva de índice de massa corporal (IMC) de Atalah et al. (1997) e as recomendações de GPG do Instituto de Medicina americano (2009) para monitorar o estado nutricional materno no período. Objetivos: (1) Identificar estudos realizados no Brasil com dados de GPG, harmonizar os dados desses estudos e descrever o GPG nesses dados; (2) determinar a concordância entre peso prégestacional autorrelatado e peso medido no primeiro trimestre gestacional e identificar a melhor opção a ser utilizada no cálculo do IMC pré-gestacional e do GPG; (3) elaborar curvas nacionais de GPG de acordo com o IMC pré-gestacional e validá-las interna e externamente. Métodos: Na primeira etapa, foi realizada revisão sistemática para identificar estudos observacionais realizados no Brasil entre 1990 e 2018 com dados de IMC pré-gestacional e peso ao longo da gestação. Um pool de dados harmonizado foi constituído e o Consórcio Brasileiro de Nutrição Materno-infantil (CONMAI) foi criado. Na segunda etapa, a concordância entre peso prégestacional autorrelatado e peso medido no primeiro trimestre foi avaliada por meio do cálculo do coeficiente de correlação intraclasse, coeficiente de Lin, coeficiente kappa e gráficos de Bland e Altman. Na terceira fase, curvas brasileiras de GPG foram criadas utilizando modelos aditivos generalizados de localização, escala e forma. As estimativas dos modelos foram utilizadas para produzir curvas para cada categoria de IMC pré-gestacional. Os modelos foram validados internamente e externamente pela comparação entre valores esperados e valores observados acima/abaixo de percentis selecionados. Dados do estudo “Nascer no Brasil” foram utilizados na validação externa. Resultados: O pool de dados harmonizado do CONMAI incluiu 21 estudos e 17.344 mulheres. A distribuição do GPG, peso e idade gestacional ao nascer foi homogênea entre os estudos incluídos. Os coeficientes de concordância entre peso pré-gestacional autorrelatado e peso do primeiro trimestre foram superiores a 0,90 em todos os cenários avaliados e indicaram a possibilidade de uso do peso autorrelatado para cálculo do IMC pré-gestacional e GPG. As curvas de GPG criadas apresentaram excelente validade interna e externa. A mediana (intervalo interquartílico) de GPG em 40 semanas foi de 14,9 (11,5 – 18,4) kg para mulheres com baixo peso; 14,7 (11,4 – 18,2) kg para normalidade; 13,0 (9,3 – 16,8) kg para sobrepeso; e 9,4 (4,9 – 14,1) kg para obesidade. Conclusões: Estas curvas são a primeira iniciativa em um país de baixa e média renda de criar um sistema de monitoramento do estado nutricional na gestação. Para que sejam utilizadas na atenção básica, precisam ser incorporadas pelo MS e disseminadas, e faixas ótimas de GPG que minimizem a ocorrência de desfechos maternos e infantis adversos precisam ser definidas.
Palavras-chave: Ganho de peso gestacional; cuidado pré-natal; gestação; estado nutricional.
Título: ASSOCIAÇÃO ENTRE OS OLIGOSSACARÍDEOS DO LEITE HUMANO, A MICROBIOTA INTESTINAL E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL: ESTUDO PROSPECTIVO NOS PRIMEIROS DOZE MESES DE IDADE
Autor: Amanda Caroline Cunha Figueiredo
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2021
Resumo: Os oligossacarídeos do leite humano (OLHs) são importantes compostos bioativos e podem estar associados com a microbiota intestinal (MI) infantil, e estudos recentes investigaram a associação entre MI e o adequado crescimento e desenvolvimento infantil. Os objetivos deste estudo foram: estimar a associação entre os OLHs e a MI infantil, e verificar a associação entre a MI com o crescimento e o desenvolvimento infantil até os doze meses de idade. Uma coorte prospectiva foi realizada no município do Rio de Janeiro, Brasil, com mães e seus filhos acompanhados entre 28-35 semanas gestacionais (linha de base) e quatro ondas de seguimentos: 2-8 dias (visita 1), 28-50 dias (visita 2), seis meses (visita 3) e doze meses (visita 4). Amostras de leite humano e fezes infantil foram coletadas na visita 2. OLHs foram analisados por cromatografia líquida de alta eficiência com detecção de fluorescência. Análises de clusters hierarquizados foram realizadas para identificar grupos de mulheres de acordo com o perfil de OLHs. A MI foi sequenciada a partir da amplificação do gene 16S rRNA. O crescimento infantil foi avaliado por meio do escore z dos índices peso/idade, comprimento/idade e IMC/idade. O ganho de peso rápido foi classificado pela diferença entre o escore z do peso/idade > 0,67 entre as visitas 2-3 e as visitas 2-4. O desenvolvimento infantil foi avaliado pela escala ‘Ages and Stages Questionnaire’ (ASQ-BR). As avaliações antropométricas e de desenvolvimento infantil foram realizadas nas visitas 2, 3 e 4. Os gêneros Bifidobacterium, Bacteroides, Escherichia, Clostridium e a família Enterobacteriaceae foram os mais predominantes na MI infantil. Foram identificados três clusters de acordo com o perfil de OLH: cluster 1, que incluiu as mães não secretoras e os clusters 2 e 3, contendo as secretoras. O cluster 1 apresentou menor abundância de Bacteroides e Bifidobacterium, e maior abundância de Proteus em comparação com os clusters 2 e 3. LNnT e DFLac foram diretamente associados com Bifidobacterium, enquanto LNH, e FLNH foram diretamente associados com Akkermansia. Crianças classificadas com ganho de peso rápido (1-6 meses) apresentaram maior abundância de Enterococcus e Proteus em comparação com aquelas com ganho de peso adequado. Houve associação entre a abundância de Coprococcus, Eubacterium e escore de coordenação motora fina com 1 mês de 22 vida, e esse domínio de desenvolvimento infantil com 6 meses também foi associado a maior abundância de Sutterella. A alfa diversidade (índice Chao1) da MI foi diretamente associada ao menor escore de coordenação motora fina ao longo do primeiro ano de vida da criança. A beta diversidade (Unweighted UniFrac) também foi associada com esse domínio com 1 mês de vida. Conclui-se que o status secretor foi associado com maior abundância de bactérias relevantes para saúde da criança, como Bifidobacterium, enquanto o perfil de OLH entre os clusters de mães secretoras foi associado com menor abundância de bactérias da MI. Houve associações relevantes entre as concentrações individuais de OLHs e a maior abundância de bactérias benéficas, como Bifidobacterium e Akkermansia. A MI no início da vida foi associada com o crescimento e o desenvolvimento infantil, principalmente em relação ao ganho de peso rápido e o domínio de coordenação motora fina.
Palavras-chave: aleitamento materno, leite humano, oligossacarídeos, microbiota intestinal infantil, desenvolvimento infantil, crescimento infantil.
Título: Efeito da cafeína na melhoria da performance atlética, fisiológica e metabólica de ciclistas
Autor: Anderson Pontes Morales
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2021
Resumo: Introdução: O presente estudo investigou a suplementação de cafeína por 4 dias na tolerância aos efeitos ergogênicos promovidos pela ingestão aguda em parâmetros fisiológicos, metabólicos e de performance. A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) tem sido descrita como um recurso ergogênico lícito, que é capaz de aumentar a performance em ciclistas. No entanto, as recomendações atuais não abordam o impacto do consumo usual de cafeína, bem como se a suplementação durante dias consecutivos poderia gerar tolerância aos efeitos ergogênicos promovidos pela ingestão aguda. Objetivo: O presente estudo investigou se a suplementação de cafeína por 4 dias induziria tolerância aos efeitos ergogênicos promovidos pela ingestão aguda em parâmetros fisiológicos, metabólicos e de desempenho de ciclistas. Métodos: Foram selecionados 14 ciclistas do sexo masculino classificados como atletas recreativos (idade: 34.1±4.3 anos; massa corporal: 79.1±11.8 kg; estatura: 178±0.09 cm; índice de massa corporal: 24.6±2.07 kg/m2 ; consumo máximo de O2: 51.5±6.3 mL∙kg-1 ∙min-1 ; volume de treinamento: 202±83 km/semana; consumo de cafeína: 285.31±130.34 mg/dia) que completaram 4 sessões experimentais. Os ciclistas foram submetidos ao protocolo de contrarrelógio de 16 km utilizando uma carga de 50% (398.9±35.10 Watts/máx) da potência máxima de saída alcançada na avaliação cardioventilatório máxima. Foi realizado um experimento randomizado, duplo-cego, placebo/controlado e cruzado, envolvendo quatro ensaios experimentais; placebo (4 dias)-placebo (agudo) / PP, placebo (4 dias)-cafeína (agudo) / PC, cafeína (4 dias)-cafeína (aguda) / CC e cafeína (4 dias)-placebo (agudo) / CP. Os ciclistas ingeriram cápsulas de placebo ou cafeína (6 mg∙kg-1 ) por 4 dias. No dia 5 (agudo), as cápsulas de placebo ou cafeína (6 mg∙kg-1 ) foram ingeridas 60 minutos antes de completar um contra-relógio de 16 km (TT) no laboratório. Resultados: Os ensaios CC e PC mostraram melhorias no tempo (3,54%, effect size = 0,72; 2,53%, effect size = 0,51) e na potência de saída (2,85%, effect size = 0,25; 2,53%, effect size = 0,20) (p <0,05) comparados às condições CP e PP, respectivamente. Esses efeitos foram acompanhados por aumento da frequência cardíaca (2,63%, effect size = 0,47; 1,99%, effect size = 0,34), volume minuto (13,11%, effect size = 0,61; 16,32%, effect size = 0,75), fração expirada de O2 (3,29%, effect size = 0,34) = 0,96; 2,87, effect size = 0,72), concentração de lactato no sangue (imediatamente após, 29,51% effect size = 0,78; 28,21% effect size = 0,73; após a recuperação de 10 min, 36,01% effect size = 0,84; 31,22% effect size = 0,81) e redução na fração expirada de CO2 (7,64%, effect size = 0,64; 7,75%, effect size = 0,56). Conclusão: Os resultados indicam que a cafeína, quando ingerida por ciclistas na dose de 6 mg∙kg-1 por 4 dias, não induz tolerância aos efeitos ergogênicos promovidos pela ingestão aguda em parâmetros fisiológicos, metabólicos e de performance.
Palavras-chave: Ciclismo; performance; cafeína; fadiga.
Título: USO DE FARINHAS DE CASCAS DE FRUTAS CÍTRICAS PARA SABORIZAÇÃO DE CAFÉS EM DIFERENTES GRAUS DE TORREFAÇÃO
Autor: Angela Galvan de Lima
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2021
Resumo: O hábito de apreciar cafés de qualidade com aromas diferenciados vem crescendo em todo mundo. Além de ser o maior produtor de café, o Brasil também se destaca na produção de diversas frutas cítricas, que possuem diversos compostos benéficos à saúde com potencial de aproveitamento mais eficiente. Estudos que estimulem a utilização desses subprodutos para formulação de novos produtos são potencialmente importantes para a economia e para a saúde e satisfação do consumidor. Esta tese teve como objetivo produzir e avaliar química e sensorialmente blends de café em diferentes graus de torrefação saborizados com farinhas de cascas de cítricos produzidos no Brasil. Os teores de umidade variaram de 7,2% a 13,3% estando dentro dos padrões estabelecidos pela ANVISA. Osteores de lipídeos variaram de 1,2% a 3,4%, proteína de 4,1% a 6,6%, cinzas de 2,6% a 4,6% e fibra bruta de 5,3% a 13,6%. Os valores de pH variaram de 3,6 a 5,4 e de acidez total de 1,1 a 2,5 g/100 g. A laranja kinkan doce apresentou a maior concentração de açúcares redutores 34,6 g/100 g e a lima ácida Tahiti a menor 11,8 g/100g. As concentrações de compostos fenólicos (antioxidantes) totais variaram de 596,8 a 1117,1 mg EAG/100 g, sendo o maior teor encontrado na kinkan-limão. Quanto ao perfil volatilômico das farinhas, foram identificados 69 compostos nas diferentes amostras, das classes de monoterpenos (48-97% da área total do cromatograma), aldeídos (0,2-16,1%), monoterpenos álcoois (0,4-11,8%) e ésteres (0,0-7,7%). Embora alguns compostos como limoneno, β-myrceno, linalool e α-pineno tenham sido detectados em todos os cítricos, os perfis voláteis apresentaram padrões específicos, sendo possível caracterizar e distinguir cada cítrico a partir desses perfis. Além disso, foram caracterizados os perfis volátil e não volátil de uma amostra de café arábica especial em diferentes intensidades de torrefação e suas respectivas bebidas. O teor de umidade variou de 2,1 a 2,6 no pó, e, o teor de cafeína se manteve constante com o grau de torra, nos cafés em pó, 1,2 a 1,3 g/100 g e aumentou de 54 a 87 g/100 mL nas bebidas, demonstrando maior extração na torra escura. O teor de trigonelina reduziu com a torrefação, variando de 0,8 a 1 g/100g nos pós, e de 52 a 63 g/100 mL nas bebidas. O teor de ácidos clorogênicos também foi reduzido, de 1,6 a 2,5 g/100g nos cafés em pó e de 121 a 146 mg/100 mL nas bebidas. Foram identificados 70 compostos voláteis, destes os furanos, pirazinas e aldeídos representaram 64,1% da área relativa total nos cafés em pó, enquanto nas bebidas representaram 84,7%. Os compostos o furano-2-carbaldeído e o acetato 2- furanometanol considerados de impacto no aroma, o ácido acético e o 1-hidroxipropan-2-ona foram os mais discriminantes nas amostras de café em pó. Na bebida foram o acetato 2- furanometanol, furano 2-carbaldeído e o limoneno, todos considerados de impacto para o aroma. Blends de café saborizados foram caracterizados sensorialmente por um painel de avaliadores profissionais segundo a análise de Cupping da SCA. A adição das farinhas de casca de alguns cítricos melhorou significativamente a pontuação final das bebidas ao comparar com o café controle nos diferentes perfis de torra. Porém, diferentes torras harmonizaram melhor com diferentes tipos de cítricos. As pontuações para as amostras controle não saborizadas variaram de 80,7 a 82,3. Nas amostras saborizadas, na torra moderadamente clara, a maior pontuação foi para a lima ácida Tahiti (83,9) e kinkan doce (83,3). Na torra média, a laranja Bahia (83,0) se destacou e na torra moderadamente escura, a lima ácida Tahiti (81,9). A adição das farinhas cítricas ao café contribuiu para melhorar a avaliação final. As mesmas amostras foram avaliadas por consumidores. Considerando as notas médias, as farinhas cítricas, de maneira geral aumentaram a aceitação dos cafés saborizados em relação às amostras controle, especialmente na torra escura. A lima ácida Tahiti e as laranjas kinkan doce e Bahia apresentaram as melhores notas. Consumidores do sexo feminino, com elevada renda familiar e nível educacional, e que não adoçam o café, apresentaram-se como um nicho de mercado com maior potencial de consumo, em concordância com os avaliadores profissionais. Estudos avaliando a estabilidade química destes produtos precisam ser analisados, bem como o efeito de seu consumo para a saúde.
Palavras-chave: café especial; qualidade; cítricos; composição química; análise sensorial
Título: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DOS EPISÓDIOS DE COMPULSÃO ALIMENTAR E CARACTERÍSTICAS PSICOPATOLÓGICAS EM INDIVÍDUOS COM TRANSTORNOS ALIMENTARES
Autor: Carla Loureiro Mourilhe Silva
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2021
Resumo: A definição do episódio de compulsão alimentar (ECA) é fundamental para o diagnóstico dos transtornos alimentares (TAs). Objetivos da tese: a) Caracterizar o teor energético dos ECAs e sua relação com psicopatologia em indivíduos com TA, por meio de uma revisão sistemática de literatura e metanálise; b) Identificar o teor energético e composição de macronutrientes dos ECA, e sua contribuição (%) na ingestão diária em indivíduos com transtornos alimentares com compulsão alimentar/purgação (TACP) atendidos em ambulatório especializado; c) Verificar a associação da ingestão calórica nos ECA com características psicopatológicas. A revisão sistemática e metanálise foi desenvolvida seguindo as diretrizes do Preferred Reporting Items of Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). A metanálise foi realizada usando modelos de efeitos aleatórios e meta-regressão. No estudo clínico foram avaliados, sequencialmente, 114 participantes com TACP – 57 com bulimia nervosa (BN) e 57 com transtorno de compulsão alimentar (TCA). O consumo de alimentos em cada episódio foi obtido com a aplicação de questões do Eating Disorder Examination (EDE) e por meio dos diários alimentares de 7 dias. O valor energético (kcal) e a composição centesimal de proteínas, lipídios e carboidratos dos ECAs, foram estimados a partir dos dois métodos. Foram utilizados instrumentos padronizados para avaliação das comorbidades psiquiátricas e psicopatologia geral e alimentar. A análise estatística foi realizada com teste t de Student independente e correlação de Pearson. Na revisão sistemática foram incluídos 43 estudos. Nos estudos com participantes com BN, realizados em ambientes de laboratório, a ingestão calórica do ECA foi, significativamente, maior do que nos estudos em ambientes clínicos. Nos artigos com participantes com TCA, as diferenças na ingestão calórica não variaram conforme o ambiente. Na metanálise, verificamos que os sintomas de depressão foram, significativamente, associados ao aporte energético do episódio. No estudo clínico, os ECAs foram caracterizados por uma grande ingestão calórica [BN, 2263 (DP, 1353); TCA, 1949 (DP, 1293) kcal]. A composição dos ECAs em macronutrientes foi caracterizada por um teor elevado de lipídios e de proteínas, em ambos os grupos conforme o EDE. Considerando os diários alimentares, observou-se que a energia consumida durante o ECA correspondeu a mais da metade da energia consumida durante o dia com episódios. Indivíduos com BN tenderam a consumir uma quantidade maior de calorias do que aqueles com TCA [2117 (DP, 2001) kcal, vs. 1447 (DP, 778) kcal, p = 0,06]. Naqueles com BN, a frequência dos ECAs esteve correlacionada à maior viii ingestão calórica e de macronutrientes durante o episódio. Os participantes com TACP e transtorno depressivo consumiram mais calorias do que aqueles sem esse diagnóstico [2323,6 (DP = 1490,8) vs. 1770 (DP = 965,4) kcal, p = 0,02] e aqueles com altos níveis de impulsividade, tiveram uma ingestão calórica significativamente maior durante o episódio comparado com aqueles com menor gravidade. No caso da BN, os participantes com alta gravidade da doença, consumiram, significativamente, mais calorias durante o episódio versus aqueles com menor gravidade e os sintomas de BN foram diretamente correlacionados com a ingestão calórica. Com base na revisão de literatura, os ECAs em indivíduos com TACP foram caracterizados pela ingestão de quantidades extremamente grandes de calorias, que variaram dependendo do método de avaliação. A ingestão energética do ECA foi correlacionada com a gravidade da depressão. Com base no estudo clínico, a composição nutricional dos ECAs de indivíduos com TACP variou dependendo do método utilizado. Além disso, os episódios contribuíram com mais da metade do consumo diário de calorias e macronutrientes. Por fim, a presença de depressão e altos níveis de impulsividade foram associados a uma maior ingestão calórica durante os ECAs em indivíduos com TACP, e naqueles com BN, a gravidade da doença desempenhou um papel adicional no consumo de calorias durante o episódio.
Palavras-chave: Transtorno alimentar; Transtorno de compulsão alimentar; Bulimia nervosa; Consumo alimentar; Psicopatologia.
Título: TENDÊNCIAS DE CONSUMO NAS PRÁTICAS ALIMENTARES E CULINÁRIAS MIDIÁTICAS: UMA ANÁLISE DE DISCURSOS SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Autor: Manuela de Sá Pereira Colaço Dias
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2021
Resumo: Na contemporaneidade, o intenso fluxo de conteúdos sobre alimentação saudável nas mídias digitais é atravessado por tendências de consumo, códigos e valores que editam discursos e (re)constroem a todo instante os esquemas de percepção acerca de uma “boa alimentação”. Sob a perspectiva de ampliar o conhecimento sobre os processos e mecanismos pelos quais a sociedade se entrecruza nas mídias e em suas lógicas, transformando as práticas cotidianas, entre elas, as alimentares e as culinárias, o objetivo desta tese foi compreender a dinâmica da produção de sentidos e significados de alimentação saudável em mídias audiovisuais de orientação culinária. Para isso, elencamos o canal Panelinha no YouTube, apresentado por Rita Lobo, e seus vídeos de orientação culinária como corpus do estudo. O referencial teórico da pesquisa contou com autores dos campos da Alimentação e Nutrição, Sociologia, Antropologia e Comunicação e Consumo, como Pierre Bourdieu, Livia Barbosa, Mary Douglas, Maria Aparecida Baccega, Néstor García Canclini, Stig Hjarvard, Byung-Chul Han, entre outros. O procedimento teórico-metodológico adotado foi a análise de discurso de linha francesa. Nomeamos o contexto de produção dos discursos de Sociedade do saudável e descrevemos as condições histórico-sociais no âmbito do campo da Alimentação e Nutrição. As categorias analíticas que emergiram dos discursos foram “Gastronomização da culinária doméstica e da alimentação saudável” e “Politização do consumo alimentar”. Percebemos que os discursos midiáticos analisados estão investidos de estratégias de convencimento e credibilidade, essenciais para o posicionamento e distinção no ambiente midiático digital, no qual o influenciador digital é um formador de opinião e de visões de mundo. Nesse contexto, as tendências de consumo, principalmente aquelas oriundas das políticas públicas do campo da Alimentação e Nutrição, são elementos intertextuais centrais na significação do saudável. A flutuação de sentidos sobre alimentação saudável, ao mesmo tempo que nutre as incertezas e angústias dos consumidores-cidadãos com fórmulas-solução que resolverão suas questões alimentares e culinárias, os convoca a se posicionar e a agir em prol de uma “boa alimentação”.
Palavras-chave: Alimentação Saudável, Consumo de Alimentos, Culinária, Discurso, Mídia Audiovisual.
Título: EFEITO DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR INTERMITENTE APÓS CONSUMO DE DIETA HIPERENERGÉTICA SOBRE A DINÂMICA MORFOLÓGICA DOS DEPÓSITOS DE GORDURA E A VIA INFLAMATÓRIA HIPOTALÂMICA EM RATAS
Autor: Mariana Alejandra Rosas Fernández
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2021
Resumo: Introdução: O aumento global da prevalência de obesidade tem motivado a investigação de diferentes protocolos de restrição energética, incluindo a restrição alimentar intermitente (RAI), caracterizada tanto pela flexibilidade, como por induzir perda de peso em curto prazo, ganhando número crescente de adeptos. Apesar da literatura apontar benefícios sobre marcadores bioquímicos e antropométricos, ainda não há consenso sobre estes resultados, além disso, poucas são as evidências das repercussões deste tratamento sobre o sistema nervoso central. Objetivo: Avaliar em fêmeas Wistar o efeito da RAI alternada com dieta que induz a obesidade (DIO) na dinâmica morfológica do tecido adiposo branco (TAB) e marrom (TAM) e sobre a resposta inflamatória hipotalâmica. Métodos: Fêmeas jovens (45 dias de vida) foram divididas aleatoriamente em 4 grupos: Standard Control (ST-C) tratado com ração padrão e água filtrada ad libitum; DIO Control (DIO-C) tratado com dieta hiperenergética durante os primeiros e últimos 15 dias da intervenção e ração padrão entre o 16° e 45° dia; Standard Restricted (ST-R) tratado com ração padrão nos primeiros e últimos 15 dias da intervenção, seguido de RAI a 50% do ST-C entre o 16° e 45° dia; e DIO Restricted (DIO-R) tratado com dieta hiperenergética durante os primeiros e últimos 15 dias da intervenção e foi submetido a RAI nas mesmas condições que o ST-R. Resultados: Artigo 1: O consumo alimentar, a eficiência energética, os depósitos viscerais e de TAM foram maiores nos grupos com RAI comparados aos seus respectivos controles. Os grupos submetidos a RAI apresentaram hipertrofia do TAB e do TAM e observou-se fibrose no TAM. Artigo 2: Os grupos ST-R e DIO-R, comparados ao ST-C, apresentaram maior expressão dos genes hipotalâmicos PPARα, JNK, SOCS3 e NFκB, enquanto a expressão do gene CCL5 foi maior no grupo DIO-R, comparado a todos os grupos. Conclusão: a RAI pode estabelecer resistência prospectiva à perda de massa corporal por favorecer alterações na morfologia do tecido adiposo, incremento no consumo e na eficiência energética, indicando que a RAI foi capaz de exacerbar os prejuízos causados pela restrição, enquanto que no hipotálamo, a RAI intercalada ou não com DIO, agravou o perfil inflamatório hipotalâmico, associado a prejuízo na resposta anorexígena causada por acentuada expressão de SOCS3 com possível repercussão na resposta central da insulina e leptina. As alterações verificadas nos mecanismos morfológicos adipocitário e termogênico no TAB e TAM sugerem que a RAI não promove perda saudável de peso e prejudica a resposta inflamatória hipotalâmica em ratas Wistar
Palavras-chave: jejum intermitente, tecido adiposo, eficiência energética, hipotálamo, inflamação, homeostase energética.
Título: FATORES ASSOCIADOS ÀS CONCENTRAÇÕES DAS VITAMINAS DO COMPLEXO B E COLINA NO LEITE HUMANO: UM ESTUDO PROSPECTIVO NO RIO DE JANEIRO
Autor: Mônica Araujo Batalha
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2021
Resumo: Introdução: Pouco se sabe sobre como características maternas e as concentrações das vitaminas do complexo B e colina do leite humano (LH) nos primeiros dias pós-parto podem estar relacionadas às mudanças de suas concentrações ao longo da lactação. Paralelamente, existe evidência limitada sobre a relação de alterações na saúde mental materna e o estado nutricional materno de vitamina B12, e, até o momento, não existe evidência sobre como tais fatores podem alterar as concentrações de B-12 no LH. Objetivo: Avaliar fatores associados às trajetórias das concentrações das vitaminas do complexo B e colina no LH e investigar associação entre sintomas depressivos e de ansiedade, estado nutricional materno de vitamina B-12 e concentrações de B-12 no LH. Métodos: Coorte prospectiva com linha de base entre 28ª e 35ª semanas gestacionais e com amostras de LH coletadas em pelo menos uma das três entrevistas: 2-8 (1), 28-50 (2) e 88-119 (3) dias pós-parto. Modelos lineares longitudinais de efeitos mistos com termos de interação foram usados para avaliar as mudanças nas concentrações das vitaminas do complexo B e colina do LH ao longo do tempo. Modelos de regressão linear foram usados para avaliar a associação entre saúde mental materna e concentrações séricas de vitamina B-12 e de homocisteína; e a associação entre saúde mental materna e concentrações de B-12 no LH. Resultados: Participantes com maiores concentrações de niacina, ácido pantotênico, vitamina B-12 e colina nos primeiros dias de lactação (2-8 dias pós-parto) apresentaram menores concentrações destes micronutrientes ao longo da lactação. As participantes com sobrepeso e obesidade pré-gestacional apresentaram maiores concentrações de B-12 no LH ao longo do tempo quando comparadas com as participantes com baixo peso e eutrofia. Em contraste, menores concentrações de B-12 no LH foram observadas entre as mulheres com ingestão de B-12 abaixo da ingestão dietética diária recomendada (RDA) durante a gestação. As mulheres com ingestão de niacina abaixo da RDA durante a lactação experimentaram um aumento nas concentrações desta vitamina no LH ao longo do tempo. Participantes com idade gestacional no parto >40 semanas apresentaram maior concentração de colina no LH ao longo da lactação. O aumento no escore de ansiedade na linha de base foi associado às maiores concentrações de homocisteína sérica maternas e menores concentrações de B-12 no LH na entrevista 2. Conclusões: As concentrações dos micronutrientes do LH nos primeiros dias pós-parto, o IMC pré-gestacional, a ingestão alimentar na gestação e lactação e a idade gestacional no parto podem estar associados às mudanças nas trajetórias dos micronutrientes do LH. Adicionalmente, sintomas de ansiedade materna, no final gestação, podem estar associados às concentrações séricas maternas de homocisteína e de B-12 no LH no primeiro mês pós-parto.
Palavras-chave: Gravidez; Lactação; Leite humano; Complexo Vitamínico B; Colina; Estado Nutricional; Depressão; Ansiedade.
Título: AVALIAÇÃO DO STATUS DE VITAMINA D E EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO EM DESFECHOS PERINATAIS EM GESTANTES COM DIABETES GESTACIONAL: um ensaio clínico controlado
Autor: Nathalia Ferreira Antunes de Almeida
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2021
Resumo: A inadequação do estado de 25 hidroxivitamina D [25(OH)D] é uma condição presente na população mundial, especialmente no período gestacional. Mulheres com Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) apresentam maior risco de insuficiência e deficiência de 25(OH)D, o que pode favorecer a desfechos perinatais desfavoráveis. O objetivo do estudo foi avaliar o estado de vitamina D em gestantes com DMG, bem como o efeito de um protocolo de suplementação em desfechos perinatais. Trata-se de um ensaio clínico controlado com gestantes adultas, com diagnóstico de DMG até 28 semanas gestacionais e gestação de feto único, assistidas em uma maternidade pública do Rio de Janeiro. Foram avaliados dados clínicos, sociodemográficos, obstétricos, antropométricos, a partir de um questionário estruturado. As gestantes incluídas na pesquisa foram alocadas em um dos três grupos conforme estado de 25(OH)D sérica no baseline: Grupo 1 – vitamina D adequada, que receberam orientação dietética e para a mudança do estilo de vida; Grupo 2 – insuficiência de vitamina D, que receberam orientação dietética e para mudança do estilo de vida, associada a suplementação (2000UI/dia de colecalciferol) por 8 semanas; Grupo 3 – deficiência de vitamina D, que receberam orientação dietética e para mudança do estilo de vida, associada a suplementação (7000UI/dia de colecaldiferol) por 8 semanas. Foram avaliados os fatores preditores da 25(OH)D no baseline e o efeito da intervenção com relação os parâmetros clínicos e obstétricos. As análises estatísticas incluíram medidas descritivas (média, mediana, desvio padrão, intervalo interquartílico, proporção), bem como os testes QuiQuadrado ou Exato de Fisher para as variáveis categóricas e Kruskall-Wallis para as variáveis contínuas. A identificação dos fatores preditores da 25(OH)D no baseline foi realizada a partir da regressão linear múltipla. Para avaliar se a suplementação alterou o estado de vitamina D no final da gravidez o teste Wilcoxon signed-rank foi utilizado. A avaliação da proporção de mulheres que mudaram de categoria com relação ao estado de vitamina D foi feita a partir das tabelas de contingência, com cálculo do coeficiente kappa. Os pacotes estatísticos utilizados foram R versão 4.0.3 e SPSS for Windows 21.0. Participaram do estudo 59 mulheres, que apresentaram mediana de idade de 33,0 anos (IQR, 29,0, 38,5), alta prevalência de obesidade pré-gestacional (57,6%) e mediana de vitamina D no baseline de 23,6ng/dL (IQR,17,1, 30,5). Os fatores que melhor se relacionaram a 25(OH)D no baseline foram a estação do ano verão (β = 14,6; IC 95% = 7,8-21,5; p<0,001), o colesterol total (β = 0,1; IC 95% = 0,01-0,3; p=0,034) e a prática de exercícios regulares (β = -9,4; IC 95% = -17,9- -1,0; p=0,028). O estado de vitamina D se alterou em 70% da amostra entre os exames, mas não foram identificadas relações com o controle glicêmico (p=0,096) e ganho de peso gestacional total (p=0,250). As variáveis neonatais não se relacionaram ao estado de 25(OH)D materna. A elevada prevalência de inadequação do estado de vitamina D na gestação, bem como a efetividade do protocolo de suplementação, configuram resultados promissores para a prática clínica. É recomendável estudos mais abrangentes com foco na assistência nutricional pré-natal às gestantes com DMG.
Palavras-chave: Vitamina D; Gravidez; Diabetes Gestacional; Suplementos nutricionais; Deficiências nutricionais.
Título: Associação entre as concentrações e a diversidade de oligossacarídeos do leite humano e o desenvolvimento infantil até 12 meses de vida da criança
Autor: Ana Lorena Lima Ferreira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2020
Resumo: Introdução: Os oligossacarídeos do leite humano (OLH) são glicanos não conjugados, que promovem a saúde infantil. Objetivos: 1) Descrever a composição e as variações de OLH no pós-parto e verificar quais características demográficas, reprodutivas e antropométrica maternas podem estar associadas a essa composição; 2) Estimar a associação dos OLH e ɑdiversidade dos OLH entre 28 e 50 dias pós-parto e o desenvolvimento infantil (DI) até 12 meses. Métodos: Coorte prospectiva, com 147 participantes na linha de base (28-35 semanas gestacionais) acompanhadas em cinco seguimentos: 2-8 (visita 1), 28-50 (visita 2), 88-119 (visita 3), 180-223 (visita 4) e 365-404 dias pós-parto (visita 5). Amostras de leite foram coletas nas visitas 1 (n=52), 2 (n=75) e 3 (n=46). Os OLH foram analisados por cromatografia líquida de alta eficiência com detecção de fluorescência. O DI foi avaliado com o Age and Stages Questionnaire traduzido para o português (ASQ-BR) nas visitas 2 (n=73), 4 (n=51) e 5 (n=45). 1) Foi realizado teste de Friedman com posthoc para a variação de OLH no tempo e fatoração matricial não negativa para o perfil de OLH de acordo com características maternas. 2) Foi realiza regressão de Cox e modelos de risco competitivo de acordo com os modelos Fine & Gray para estimar a associação das concetrações e ɑ-diversidade de OLH com o risco cumulativo das crinaças estarem na zona de monitoramento no DI. Resultados: 1) A maioria das mulheres era secretora (89,1%). Menores concentrações totais de OLH (g/L) foram encontradas aos 88-119 dias. Paridade, peso e índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional e ganho de peso gestacional foram moderadamente correlacionados com os OLH. Mães com peso normal apresentaram ialyl-lacto-N-tetraose c (LSTc) e aquelas com excesso de peso, primíparas ou que estavam no segundo filho tiveram o 2ꞌfucosilactose (2ꞌFL) como a maior contribuição para os perfis de OLH. 2) O aumento de uma unidade de 3-fucosilactose (3FL) (IC 95% 0,003-0,830) e lacto-N-hexaose (LNH) (IC 95% 0,004-0,530) reduziu em 5% a razão de risco de subdistribuição (SHR) de estar na zona de monitoramento para comunicação. Um aumento no fucosyllacto-N-hexaose (FLNH) (IC 95% 0,01-0,96) e no disialyllacto-Ntetraose (DSLNT) (IC 95% 0,10-0,65) reduziu, respectivamente, 12% e 25% no SHR de estar na zona de monitoramento para coordenação motora fina. Além disso, o lacto-N-tetrose (LNT) (IC 95% 0,02-0,47) e Shannon (IC 95% 0,05-0,78) reduziram, respectivamente, 10% e 21% no SHR de estar em zona de monitoramento para ≥ 2 domínios durante o primeiro ano de vida da criança. Conclusão: Concentrações mais baixas de OLH (g/L) no período mais tardio e o IMC prégestacional e a paridade, foram associados à composição de OLH. Concentrações mais altas de LNT e LNH, OLH fucosilados (3FL e FLNH) e sialilados (DSLNT) e o índice de Shannon reduziram o SHR de crianças estarem na zona de monitoramento do DI ao longo do primeiro ano, quando eventos competitivos são considerados.
Palavras-chave: Aleitamento materno; Leite humano, Oligossacarídeos, Análise de sobrevida, Desenvolvimento infantil, IMC pré-gestacional.
Título: Associação entre vitamina D e marcadores do metabolismo glicídico na gestação e desfechos neonatais: resultados de uma coorte brasileira
Autor: Camila Benaim Rodriguez
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2020
Resumo: Introdução: Concentrações de vitamina D séricas inadequadas vêm sendo associadas a desfechos maternos e neonatais indesejados, como aumento da resistência à insulina, diabetes gestacional, menor peso ao nascer, recém-nascido (RN) pequenos para idade gestacional (PIG) e prematuridade. Objetivos: 1. Avaliar a associação entre o estado de vitamina D no primeiro trimestre da gestação e a taxa de variação nas concentrações séricas de glicose, insulina, adiponectina e leptina e de modelo de avaliação da homeostase de resistência à insulina (HOMA-IR) ao longo da gestação; 2. Avaliar a associação entre as concentrações séricas de vitamina D em cada trimestre gestacional e sua variação semanal ao longo da gestação e peso e comprimento ao nascer, índice de Apgar, PIG ou grandes para idade gestacional (GIG) e prematuridade. Métodos: foram utilizados dados de uma coorte prospectiva com mulheres acompanhadas em um Centro Municipal de Saúde no Rio de Janeiro, em quatro momentos, sendo três na gestação e um no pós-parto. No objetivo 1, as concentrações séricas de glicemia (analisadas por método colorimétrico enzimático), insulina, adiponectina e leptina (analisadas pelo método por ensaio imunoenzimático – ELISA) e o HOMA-IR (calculado) foram consideradas com variáveis de desfecho. Para o objetivo 2, as variáveis de desfechos neonatais foram peso (g) e comprimento (cm) ao nascer, índice de Apgar, obtidos da carteira de acompanhamento infantil. Além disso, os escores z de peso e comprimento ao nascer foram calculados com base na curva do International Fetal and Newborn Growth Consortium for the 21st Century (INTERGROWTH-21st). Os percentis de peso ao nascer do INTERGROWTH-21st foram utilizados para classificação de PIG (<P10) e GIG (<P90). A prematuridade foi definida como idade gestacional (IG) no parto <37 semanas. Em ambos os objetivos, a variável de exposição foi a vitamina D [25(OH)D] sérica, a qual foi mensurada pela técnica de cromatografia liquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de massa e foi considerada a exposição em ambos os objetivos. Para o objetivo 1, o estado de 25(OH)D foi classificado em suficiente e insuficiente de acordo com os pontos de corte do Institute of Medicine (>50 nmol/L e ≤50 nmol/L, respectivamente) e da Endocrine Society (>75 nmol/L e ≤75 nmol/L, respectivamente). Para o objetivo 2, a vitamina D foi avaliada em concentração sérica absoluta. As análises estatísticas incluíram modelos de regressão linear de efeito misto para dados longitudinais (objetivo 1) e modelos de regressão linear e de Poisson considerando a vitamina D forma contínua, trimestre a trimestre, e também sua variação semanal, isto é, longitudinalmente, sendo esta variação estimada pelo modelo de melhor predição linear imparcial (objetivo 2). Resultados: Objetivo 1: gestantes com concentrações de 25(OH)D <75nmol/L no 1º trimestre de gestação apresentaram menores concentrações de insulina (β=-0,12; IC95% -0,251, 0,009; P=0,069) e adiponectina (β=-0,070; IC95% -0,150, 0,010; P=0,085) ao longo da gestação em comparação com aquelas com níveis de 25(OH)D ≥75 nmol/L. Gestantes com 25(OH)D <50 nmol/L no 1º trimestre de gestação apresentaram concentrações de leptina significativamente maiores do que aquelas com níveis de 25(OH)D ≥50nmol/L (β=-2,532; 95% CI -0.436, 5,551; P=0,094). Objetivo 2: A vitamina D foi diretamente associada ao risco de nascimento prematuro em todos os trimestres gestacionais [1º trimestre: incidence-rate ratios (IRR) 1,018; IC95%1,002; 1,033; 2º trimestre: IRR 1,051, IC95%1,034; 1.068; º trimestre: IRR 1,037, IC95% 1,018; 1,056]. A variação semanal de vitamina D foi diretamente associada ao escore z de peso ao nascer (β: 0,350, IC95% 0,062; 0,638) risco de GIG (IRR: 1,975, IC95% 1,075; 3,628) e prematuridade (IRR: 7,050, IC95% 3,035; 16,378). Conclusão: Gestantes que iniciam a gestação com insuficiência de vitamina D (<75 nmol/L) apresentam menores concentrações séricas de insulina e adiponectina ao longo da gestação que aquelas com suficiência. Considerando-se o ponto de corte 50 nmol/L, gestantes insuficientes no 1º trimestre de gestação, apresentam maiores concentrações séricas de leptina ao longo da gestação. Em relação aos desfechos neonatais, quanto maiores as concentrações de vitamina D em cada trimestre gestacional, maior a chance de RN prematuro. E quanto maior a variação semanal da vitamina D na gestação, maiores os escores z de PN, chance de GIG e prematuridade.
Palavras-chave: Gestação; Metabolismo glicídico; Vitamina D; Estudos de coorte; Peso ao nascer; Prematuridade.
Título: CAQUEXIA DO CÂNCER: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE AVALIAÇÃO PARA A PRÁTICA CLÍNICA
Autor: Emanuelly Varea Maria Wiegert
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2020
Resumo: A determinação da caquexia do câncer (CC) é complexa devido sua fisiopatologia e etiologia multifatorial. Por essa razão, seu diagnóstico pressupõe a avaliação de vários domínios, o que torna sua identificação e classificação desafiadora na prática clínica. A escolha do método de avaliação da CC mais adequado, com facilidades metodológicas e que possa ser incorporado na rotina da assistência oncológica é fundamental para alocar os pacientes nos estágios mais próximos possíveis do clinicamente ideal considerando a gravidade da doença. Cada estágio da CC deve identificar um fenótipo específico permitindo o planejamento individualizado dos cuidados. O objetivo principal da presente tese foi desenvolver um novo método para a classificação da CC e verificar sua aplicabilidade clínica em indivíduos com câncer avançado. A casuística foi constituída por dados de uma coorte prospectiva de pacientes avaliados consecutivamente no primeiro atendimento na unidade de cuidados paliativos do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. O período total de captação dos participantes ocorreu de julho de 2016 a março de 2019. Ao todo, foram incluídos 1.614 pacientes. Para desenvolver o método de classificação da CC foram realizadas análises de regressão logística para identificar os fatores explicativos mais importantes associados à síndrome. Em seguida, a partir das variáveis explicativas selecionadas, foi empregada a análise de clusters com objetivo de determinar quantos grupos distintos da CC eram possíveis de serem identificados. Após a determinação dos grupos (clusters), foram verificados os fatores independentes associados aos mesmos e seus respectivos pontos de corte por meio de regressão logística ordinal e construção de curvas ROC (receiver operator characteristic), respectivamente. O novo método proposto permite classificar os pacientes em três estágios: pré-caquéticos, caquéticos e caquéticos refratários de acordo com a combinação dos seguintes fatores: a) porcentagem 19 de perda de peso corporal nos últimos seis meses, b) massa muscular, avaliada por meio da área muscular do braço corrigida e c) concentração sérica de proteína C reativa. Podese observar que a gravidade da CC, avaliada por meio do método desenvolvido, foi relacionada a pior qualidade de vida (QV), menores valores médios de força muscular, maior prevalência de baixa massa muscular esquelética, probabilidade de sobrevida reduzida e maior risco de óbito em 90 dias. Em conclusão, o sistema de classificação da CC desenvolvido propõe o uso de indicadores simples e facilmente disponíveis na prática clínica, permitindo discriminar adequadamente os pacientes em três grupos distintos de risco em relação todos os desfechos avaliados incluindo prognóstico e QV.
Palavras-chave: Estado nutricional; avaliação nutricional; caquexia; neoplasia; cuidados paliativos; prognóstico.
Título: Efeito de probiótico (Bifidobacterium lactis) e simbiótico (Bifidobacterium lactis e frutooligossacarídeo) sobre a microbiota intestinal, perda de peso corporal e parâmetros metabólicos de mulheres com obesidade
Autor: Louise Crovesy de Oliveira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2020
Resumo: Obesidade é uma doença complexa, multifatorial e de difícil controle. Alteração na microbiota intestinal vem sendo associada ao desenvolvimento de obesidade, por aumentar extração de energia dos alimentos, endotoxemia metabólica e alteração o funcionamento do metabolismo do hospedeiro. Modulação da microbiota por probióticos e simbióticos poderiam reequilibrar as bactérias, levando a perda de peso corporal, melhora da inflamação e parâmetros associados à doença. O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos do probiótico (Bifidobacterium lactis (B. lactis)) e do simbiótico (B. lactis e frutooligossacarídeo (FOS)) sobre a composição da microbiota intestinal, perfil metabólico, peso corporal, glicemia, lipemia e pressão arterial de mulheres com obesidade, e se os efeitos sobre a perda de peso e composição da microbiota intestinal se mantinham 15 dias após o seu uso. Trata-se de um ensaio clínico paralelo, duplo cego, randomizado e controlado, no qual 32 mulheres com obesidade graus I e II receberam cápsulas contendo 109 unidades formadoras de colônia (UFC) de B. lactis e sachês com 5g de maltodextrina (GP), cápsulas com 109 UFC de B. lactis e sachês com 5g de FOS (GS) ou cápsulas e sachês placebo (GC) associados à dieta hipocalórica por 60 dias. Variáveis antropométricas, dietéticas, laboratoriais, clínicas, composição da microbiota intestinal e perfil metabólico foram analisadas antes e após intervenção. E variáveis antropométricas, dietéticas, clínicas e de composição da microbiota também foram avaliadas após 15 dias do término da intervenção. Após 60 dias, houve redução de triglicerídeos (142,5±40,8 vs 111,2±33.4, p=0,028) no GP, peso corporal (93,0±8,6 vs 90,8±8,4, p=0,027) e IMC (36,3±10,1 vs 35,5±2,1, p=0,033) no GS, comparados ao iníco. GS teve aumento em Verrucomicrobia, comparado ao T75, e maior distinção de metabólitos. GS mostrou redução de glicerol, aminoácidos de cadeia ramificada (AACR), citrato e isoleucina, e aumento de piruvato, arginina, glutamina e alanina, e GP redução de metabólitos associados ao lipídio. GP mostrou correlação negativa de Verrucomicrobia com lactato e (CH2)n lipídio, de Firmicutes com VLDL/LDL e (CH2)n lipídio, e correlação positiva entre Verrucomicrobia e isoleucina, Firmicutes com isoleucina e AACR. No GS houve correlação positiva entre Bacteroidetes e glicerol e correlação negativa entre massa gorda corporal, glutamina e arginina. Após 15 dias do término da intervenção, GP aumentou γ-Proteobacteria, comparado aos demais grupos e tempos, reduziu consumo de calorias (T0:1791,88±613,35 vs. T60:1254,81±358,76, p=0,027) e carboidrato (GP:46,10±10,61 vs. GS:62,76±13,54, p=0,040), comparado ao início e GS, respectivamente. Probiótico associado à dieta hipocalórica por 60 dias reduz triglicerídeos e metabólitos associados ao lipídio. Enquanto, simbiótico promove discreta perda de peso, aumento de Verrucomicrobia e maiores alterações no metabolismo do hospedeiro.
Palavras-chave: obesidade, probiótico, simbiótico, Bifidobacterium lactis, frutooligossacarídeo, perda de peso, lipemia, glicemia, pressão arterial, microbiota intestinal, metabolômica.
Título: ESTUDO DAS CONDICIONALIDADES EM SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E SUAS REPERCUSSÕES NO CUIDADO À SAÚDE DE GESTANTES ATENDIDAS EM UM CENTRO MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO
Autor: Ana Alice Taborda
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: O propósito desta tese foi analisar a repercussão da condicionalidade de saúde do Programa Bolsa Família sobre as práticas de cuidado à saúde de gestantes em entrelaçamento com as ações realizadas pelos profissionais da Estratégia de Saúde da Família. Para o seu desenvolvimento foi selecionado um Centro Municipal de Saúde da Área de Planejamento 3.1 localizado na cidade do Rio de Janeiro. Este estudo é do tipo exploratório que utilizou como abordagem a metodologia qualitativa. Entrevistas semiestruturadas individuais foram realizadas com profissionais de saúde (agentes comunitários de saúde e demais profissionais) com o intuito de compreender como eram realizadas as ações de cuidado à saúde com gestantes participantes do Programa Bolsa Família. A Análise de Conteúdo (AC) foi a técnica empregada adaptada pelas práticas discursivas proposta por Mary Jane Spink (2013). Os resultados mostraram que a condicionalidade de saúde de acompanhamento do pré-natal não possibilitou práticas de cuidado à saúde diferenciada às gestantes participantes do PBF, visto que as ações são as mesmas já realizadas pela ESF. Evidenciamos que a deturpação ocasionada pelo Índice de Gestão Descentralizada, reorienta as práticas de cuidado em saúde dos profissionais. Ou seja, o “fazer” a condicionalidade de saúde suscitou maior demanda de serviço para os ACS que pautaram suas ações em preenchimento de metas estabelecidas pelo PBF. Ainda, percebemos que as ações relacionadas à saúde bucal se mostraram diferenciadas aos participantes do programa, diferentemente do que é preconizado pelas condicionalidades de saúde. Esse estudo pretendeu contribuir para a reflexão sobre as formas de avaliação das condicionalidades de saúde do programa como forma de suscitar autonomia nos cuidados de saúde dos participantes e de questionar a exigência da condicionalidade de saúde no desenho do PBF.
Palavras-chave: programa de transferência condicionada de renda, condicionalidade de saúde, atenção primária à saúde, estratégia saúde da família, práticas de cuidado à saúde, agentes comunitários de saúde, saúde bucal.
Título: EXPANSÃO DO UNIVERSO ALIMENTAR DE PRÉ-ESCOLARES: ESTUDO DE INTERVENÇÃO
Autor: Camila Pinheiro Coura
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: Esta tese apresenta os resultados do estudo “Expansão do universo alimentar de pré-escolares: um estudo de intervenção”, realizado de junho a dezembro de 2018, e que teve como objetivo avaliar o efeito de intervenção visando a promoção do consumo de frutas e hortaliças em préescolares. Trata-se de um ensaio comunitário não randomizado desenvolvido em duas unidades municipais de educação infantil do Rio de Janeiro, selecionadas por conveniência, com crianças de 4 a 6 anos de idade. As etapas foram estudo de base, com a aplicação do questionário e aferição de peso e estatura das crianças, intervenção constituída por cinco sessões de oficinas sensoriais baseadas no Método Sapere; e a coleta de dados pósintervenção. O questionário estruturado incluiu informações sobre características sociodemográficas, hábitos alimentares da criança e da família, estilo parental de alimentação e consumo alimentar da criança. O estilo parental de alimentação foi avaliado pelo Parental Feeding Style Questionnaire, traduzido e adaptado. O consumo alimentar foi avaliado utilizando Questionário de Frequência Alimentar Qualitativo específico. A condição de peso foi classificada segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde. Foi calculado o tamanho do efeito da intervenção. Mudanças no consumo de grupos de alimentos entre o estudo de base e o de intervenção foram avaliadas pelo teste de McNemar e utilizando o Método de Momentos Generalizado (GMM), tendo como variável independente o termo de interação tempo X escola, permitindo estimar as mudanças nos desfechos no tempo e comparar as escolas controle e intervenção. O modelo foi selecionado com base no AIC. Considerou-se p-valor< 0,05 para significância estatística. O estudo incluiu 270 pré-escolares de 4 a 6 anos de idade, sendo 91 na escola controle e 179 na escola intervenção. Os estilos parentais de alimentação mais frequentes entre os pais das crianças estudadas foi o “encorajamento para comer” e o “controle sobre a alimentação”. Não foi observada associação entre estilo parental de alimentação e o consumo de alimentos dos pré-escolares, exceto para as bebidas com adição de açúcar, cujo consumo era menos frequente (2,3 vezes ao dia) entre as crianças cujos pais exerciam “controle sobre a alimentação” do que entre os que adotavam o estilo “encorajamento para comer” (2,9 vezes ao dia; p-valor
Palavras-chave: Educação Alimentar e Nutricional; Atividades educacionais; Alimentação infantil; Pré-escolares
Título: INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL, COMPORTAMENTOS ALIMENTARES DESORDENADOS E ALTERAÇÕES DE PESO EM ADOLESCENTES: ESTUDO LONGITUDINAL DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES (ELANA)
Autor: Danilo Dias Santana
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: Adolescentes são muito vulneráveis as preocupações ligadas ao corpo e à aparência que os tornam mais propensos a desenvolverem insatisfação com a imagem corporal (IIC). Tal insatisfação pode levar a comportamentos alimentares desordenados (CAD) tais como episódios de compulsão alimentar, prática de dieta restritiva ou jejum e uso de métodos purgativos, acarretando em um círculo alimentar prejudicial ao estado nutricional e a saúde em geral, particularmente em fases de grandes mudanças como a adolescência. Este estudo teve como objetivos avaliar a relação entre a insatisfação com a imagem corporal e os comportamentos alimentares desordenados com mudanças do índice de massa corporal ao longo do tempo em duas coortes de estudantes de escolas particulares e públicas da região metropolitana do Rio de Janeiro. Este projeto faz parte do Estudo Longitudinal de Avaliação Nutricional de Adolescentes (ELANA) financiado pelo CNPq, FAPERJ e CAPES. A avaliação da insatisfação com a imagem corporal foi realizada por meio da escala de silhuetas corporais, com base na diferença entre a silhueta que o adolescente considerava a mais parecida com a sua atual e a que ele desejava ter. Os comportamentos alimentares desordenados foram avaliados por meio de questionário simplificado. Com base nas medidas de peso e estatura estimou-se o índice de massa corporal (peso/estatura2 ). As análises foram realizadas segundo sexo e tipo de escola. Três artigos foram desenvolvidos como resultados desta tese. No 1º artigo meninas de escolas particulares que cursavam o ensino fundamental, e que desejavam silhuetas menores ganharam menos IMC (níveis de IIC −1: 1,7 kg/m² e 1: 1,9 kg/m²) quando comparadas as que estavam satisfeitas com sua imagem corporal (2,8 kg/m², p < 0,05). Por sua vez, aquelas que cursavam o ensino médio, e que desejavam silhuetas maiores (nível de IIC −2: 1,2 kg/m²) e menores (níveis de IIC 1: 1,1 kg/m² e 2: 1,4 kg/m²) experimentaram maior ganho de IMC do que as meninas que estavam satisfeitas com sua imagem corporal (0,5 kg/m², p < 0,05). Os meninos do ensino médio de escolas públicas que desejavam silhuetas menores (nível de IIC 1: 0,3 kg/m²) e maiores (níveis de IIC −1: 0,9 kg/m² e −2: 0,5 kg/m²) apresentaram menor ganho de IMC quando comparados aos meninos satisfeitos (1,3 kg/m², p < 0,05). No 2º artigo, os resultados encontrados destacam que meninas que apresentaram mudança positiva da imagem corporal ganharam menos unidades de IMC (1,3 kg/m²) em comparação às meninas que se mantiveram sem IIC do início ao final da pesquisa (2,2 kg/m², p > 0,05). O 3º artigo revelou que mais da metade dos estudantes apresentou episódios de compulsão alimentar (57,1%), 29,9% faziam dieta restritiva e 7,4% utilizaram métodos purgativos. A compulsão alimentar e a dieta restritiva se associaram ao excesso de peso na linha de base, mas as análises longitudinais de associação entre estes comportamentos e a trajetória do IMC não mostraram resultados significativos. Diante do exposto nota-se que tais questões são de extrema relevância nesta faixa etária. Tais problemas relacionados à imagem corporal e a alimentação podem ter desfechos desfavoráveis e prejudicar a saúde dos adolescentes. É necessário que mais atenção seja dada a esses temas que necessitam de abordagem diferenciada entre os pais e profissionais de saúde e ensino nesta fase da vida.
Palavras-chave: Adolescente, índice de massa corporal, pesquisa longitudinal, insatisfação com a imagem corporal, comportamentos alimentares desordenados.
Título: SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE PEIXE EM ADOLESCENTES COM ACNE VULGAR: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
Autor: Felipe De Souza Cardoso
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: Objetivo. Revisar a literatura sobre intervenções dietéticas na acne vulgar, a fim de apoiar o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes na prática clínica e investigar, em adolescentes do sexo masculino, os efeitos do consumo de óleo de peixe sobre a melhora clínica das lesões da acne vulgar, composição corporal, mediadores bioquímicos, associados ao metabolismo lipídico e à homeostase glicêmica, marcadores inflamatórios, estado nutricional de micronutrientes e parâmetros hormonais. Material e Métodos. Revisão sistemática da literatura, de ensaios clínicos nos últimos cinco anos, disponível no Pub Med e no SciELO, selecionados e analisados de acordo com a escala de Jadad, CONSORT e risco de viés, utilizando o protocolo Cochrane. O ensaio clínico contemplou vinte adolescentes do sexo masculino com acne vulgar, avaliados em estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo. O grupo suplementado (OP) (n=10) recebeu cápsulas de óleo de peixe (1 g, contendo os ácidos graxos (AG) docosahexaenoico (DHA, 700 mg) e eicosapentaenoico (EPA, 100 mg), enquanto o grupo placebo (P) (n=10), cápsulas contendo 1 g de óleo mineral. Todas as cápsulas foram fornecidas para consumo diário ao longo de 60 dias. Recordatório de 24 horas e questionário de frequência alimentar foram aplicados no início e ao final do estudo para avaliação do consumo alimentar. Foram avaliadas: medidas antropométricas e de composição corporal [massa corporal total, índice de massa corporal (IMC), gordura visceral, perímetro da cintura e gordura corporal total], utilizando técnicas previamente padronizadas e Dual Energy X-ray Absorptiometry (DEXA). Também foi avaliado o conteúdo sérico de lipoproteínas, glicose, insulina, testosterona, frutosamina, hemoglobina glicada, fator de necrose tumoralalfa (TNF-α), proteína C reativa (PCR), magnésio, cobalamina, folato, homocisteína, retinol, zinco plasmático e 25(OH) colecalciferol, empregando-se kits comerciais específicos. Amostras de plasma foram utilizadas para análise do perfil de AG, por meio de cromatografia gasosa. A evolução clínica das lesões acneicas foi avaliada por meio da escala analógica visual e do emprego do sistema global de classificação para gravidade da acne vulgar, antes e após a suplementação. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (parecer 1.558.238), publicado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (RBR-5csqm4) e cadastrado no Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CAAE: 48827615.1.0000.5279). Os dados foram organizados e analisados utilizando-se o software Statistical Package for the Social Sciences versão 19.0 for Windows (SPSS Inc Chicago). A comparação das variáveis foi realizada intergrupos (OP vs P) e intragrupo (antes vs após 60 dias de intervenção), através dos testes de Mann Whitney e Wilcoxon, com nível de significância menor que 5 % (P valor < 0,05). Resultados. A revisão indicou que suplementação com ácidos graxos n-3, Camellia sinensis, Berberis vulgaris, cromo, selênio e probióticos foi significativa, mas os resultados foram limitados para o tratamento da acne vulgar. O consumo de alimentos com maior carga glicêmica e chocolate indicou uma correlação com o aumento das lesões acneiformes. O CONSORT indicou que a maior parte da pontuação das evidências foi atribuída nos títulos, resumos e alguns dos métodos. Em particular, os métodos dos estudos avaliados, quando faltam detalhes, receberam pontuações reduzidas. O ensaio clínico indicou que a suplementação com óleo de peixe promoveu no grupo OP, comparado ao P, redução significativa da massa corporal total (P=0,035) e IMC (P=0,005) bem como dos teores séricos de TNF-α (P=0,001), PCR (P=0,005) e testosterona (P=0,035), acompanhada por efeitos hipocolesterolêmico, hipotrigliceridêmico, hipoglicêmico, hipoinsulinêmico e elevação das concentrações séricas de 25(OH) colecalciferol, zinco e magnésio. Adicionalmente, foi verificado aumento significativo no conteúdo plasmático de AG n-3 totais e redução do ácido araquidônico bem como redução de 50% no número de lesões da acne vulgar (P< 0,001) no grupo OP, comparado ao P. Conclusão. Há necessidade de aumentar a quantidade e a qualidade das evidências científicas sobre o tratamento nutricional da acne vulgar, a fim de orientar de maneira mais efetiva e segura as ações nutricionais da prática clínica atual. Considerando o estudo clínico desenvolvido, a suplementação de adolescentes com acne vulgar, correspondente a 700 mg de DHA e 100 mg de EPA, promoveu redução das lesões acneicas e da testosterona sérica, melhora nos parâmetros relacionados à composição corporal, ao metabolismo lipídico, à homeostase glicêmica e inflamação bem como aumento na concentração de micronutrientes circulantes, envolvidos na redução do estresse oxidativo e inflamação. Estes achados são sugestivos da boa aplicabilidade do suplemento dietético, na prática clínica diária, em adolescentes com acne vulgar.
Palavras-chave: ácidos graxos n-3, acne vulgar, inflamação, suplementação dietética, adolescentes, nutrição, dermatologia.
Título: Efeito da dieta DASH na prevenção da Pre-eclâmpsia e de desfechos perinatais desfavoráveis em gestantes com Diabetes Mellitus
Autor: Gabriella Pinto Belfort Araujo
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: A presente tese teve como objetivo investigar o efeito da dieta DASH sobre desfechos obstétricos e perinatais em gestantes com diabetes mellitus (DM) prévio. Foi desenvolvido ensaio clínico randomizado controlado, simples-cego, com dois braços, que avaliou o efeito da dieta DASH, adaptada para gestantes brasileiras, com DM préexistente. Participaram do estudo cinquenta gestantes que realizaram a assistência prénatal em maternidade pública do Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019. Vinte e uma mulheres foram alocadas no grupo padrão (GP) e 29 no grupo DASH (GD). O GP recebeu dieta padrão, contendo de 45 a 55% do valor energético total (VET) de carboidratos, 15-20% do VET de proteínas e 25 a 30% do VET de lipídios. O GD recebeu a dieta DASH adaptada, com distribuição de macronutrientes similar a dieta padrão, mas com maiores concentrações de fibras, gorduras insaturadas, cálcio, magnésio, potássio e menor teor de gorduras saturadas. O acompanhamento das gestantes inciou até a 28ª semana gestacional e ocorreu até o parto, durando em média 18 semanas. As análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS 21.0 e foi adotado o nível de significância de 5%. O GD apresentou proporção 2,7 vezes menor de pré-eclâmpsia (PE – 10,3% no GD v. 27,8% no GP, p = 0,230) e foi verificado que a hemoglobina glicada após a intervenção se associou a PE (p = 0,005). Não foi observada diferença entre os grupos para pressão arterial, marcadores do estresse oxidativo, lipídios séricos, com exceção do colesterol LDL, que não sofreu aumento somente no GD. Nos dois grupos da pesquisa ocorreram variações pequenas nos lipídios séricos, principalmente para triglicerídeos, que no GP aumentou em média 42,2 ± 33,1 mg/dl e no GD 44,6 ± 32,4 mg/dl (comparação entre os grupos p = 0,86). Ambos os grupos apresentaram redução da hemoglobina glicada ao longo da intervenção (GP = – 0,77 ± -1,0%, p = 0,01 e GD = – 1,03 ± 1,04%, p < 0,001). O GD apresentou maior consumo de ômega-3 [GD – mediana = 1,13 e intervalo interquartil (IQR) =0,7-1,0; GP – mediana de 1,02 e IQR de 0,89 -1,31; p = 0.044] e menor consumo de carboidratos (p = 0,037). O ganho de peso gestacional durante a intervenção tendeu a ser menor no GD, que apresentou menor variação do índice de massa corporal (IMC), na 3ª (p = 0,032) e 5ª consulta (p = 0,016). Além disso, gestantes do GD tiverem menor mediana de tempo de internação (GP = 4 dias, IQR = 3-12,3 e no GD = 3 dias, IQR = 2-5,8; p = 0,013). Para os recém-nascidos (RNs) do GD, houve menor tempo de tempo de internação (GP = 4 dias, IQR 2,3-13,3 e no GD= 3 dias, IQR = 2-6,0; p = 0,046) e foi verificada uma tendência da dieta DASH ser protetora quanto à macrossomia (23,8% no GP versus 10,3% no GD, p > 0,05). Ambas as dietas aplicadas exerceram efeitos benéficos sobre o controle glicêmico, no entanto, a sugere-se que a dieta DASH exerça maior proteção sobre a variação do IMC gestacional, contribua para o menor tempo de internação da puérpera, do RN e parece exercer proteção para PE. Também se observou que o adequado controle glicêmico deve ser incentivado para prevenção da PE e que isso pode ser atingido, independente da estratégia dietética adotada.
Palavras-chave:
Título: CONSUMO E FONTES DE AÇÚCARES DE ADIÇÃO E SUA ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO PARA AS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM ADOLESCENTES BRASILEIROS – ESTUDO DE RISCOS CARDIOVASCULARES EM ADOLESCENTES (ERICA)
Autor: Isabela Escórcio Augusto Da Matta Polycarpo
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: Introdução: A ingestão de açúcares adicionados a alimentos e preparações, durante o período da adolescência tem sido associada com má qualidade da dieta e doenças crônicas não transmissíveis. No Brasil, são escassos os estudos populacionais que tenham investigado tal associação, particularmente quanto a alterações metabólicas de risco cardiovascular. Objetivos: 1) estimar o consumo de açúcar de adição na dieta dos adolescentes participantes do ERICA; 2) descrever os grupos de alimentos que são as principais fontes desses açúcares; Avaliar a associação deste consumo com alterações metabólicas de risco cardiovascular. Método: Estudo transversal de base escolar. Amostra aleatória (n=71.971: primeiro objetivo; n=36.956: segundo objetivo), de estudantes (12 a 17 anos) de escolas públicas e privadas, representativa das cidades brasileiras com 100.000 habitantes ou mais. Foram calculadas médias e intervalos de confiança de 95% (IC 95%) do consumo total de energia (kcal) e consumo de açúcar de adição (% do total de energia) segundo sexo, faixa etária e tipo de escola. Estimou-se as prevalências de alterações metabólicas (glicemia, hemoglobina glicada, triglicerídeos e HOMA-IR) e seus respectivos IC 95% assim como as médias de consumo de açúcar de adição (gramas e %; média e IC 95%), segundo as alterações metabólicas, foram calculadas, por sexo e faixa etária. Utilizou-se regressão linear para investigar a associação entre valores de glicemia, hemoglobina glicada, triglicerídeos, HOMA-IR e consumo de açúcares, por sexo, e ajustados por idade, ingestão energética total e índice de massa corporal (IMC). Resultados: Maior ingestão energética foi observada entre os meninos de 15 a 17 anos do Nordeste (2.733 kcal, IC 95% 2.638-2.827). O consumo médio de açúcar adicionado foi maior entre as meninas, em todas as regiões brasileiras. A porcentagem média do VET advinda do açúcar adicionado foi maior no Sul (19,8%; IC95% 18,9-20,6) e menor no Norte (15,3%; IC95% 14,8- 15,7). Apenas na região Norte o consumo de açúcar foi maior nas escolas particulares do que nas públicas. Os grupos alimentares que mais contribuíram para o consumo de açúcar adicionado foram as bebidas açucaradas (refrigerantes: 22,5% e sucos: 21,6%). O consumo de açúcar adicionado estava acima da recomendação da OMS em todas as faixas etárias, sexos, regiões e tipos de escolas. As prevalências médias de alterações da hemoglobina glicada e triglicerídeos não apresentam diferenças entre os sexos e faixa etária. Os meninos de 15 a 17 anos apresentaram maior prevalência de hiperglicemia do que as meninas da mesma faixa de idade. As prevalências de alterações do HOMA-IR apresentam-se mais elevadas nas meninas do que nos meninos. As médias da ingestão do açúcar de adição não foram, significativamente, diferentes entre as meninas, com ou sem alterações metabólicas. O percentual da ingestão calórica total do açúcar de adição foi maior entre os meninos de 15 a 17 anos, sem alterações na glicemia, quando comparados aos meninos da mesma faixa etária com alteração neste parâmetro. Os meninos mais jovens, sem alteração do índice HOMA-IR, apresentaram maior média de ingestão de açúcar de adição do que os meninos da mesma faixa etária com alterações neste índice. Não foi encontrada associação entre a ingestão de açúcar de adição e os marcadores de alterações metabólicas. Conclusão: Adolescentes brasileiros apresentaram alto consumo de açúcar adicionado, principalmente relacionado a bebidas adoçadas. Todavia, não foi encontrada associação entre este consumo e os marcadores de alterações metabólicas. Independente disto, medidas para prevenir e controlar esse mau hábito alimentar devem ser encorajadas no ambiente escolar para prevenir doenças futuras.
Palavras-chave: Adolescentes, Açúcar de adição, Recordatório de 24 horas, Exames bioquímicos, Estudo transversal de base escolar
Título: EFEITO DA PIPERINA SOBRE MECANISMOS DE RESISTÊNCIA A QUIMIOTERÁPICOS EM UM MODELO EXPERIMENTAL DE LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA
Autor: Julia Quarti Cardoso
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: A resistência a múltiplas drogas (MDR) é o principal obstáculo ao tratamento da leucemia mieloide crônica (LMC) em crise blástica. Diferentes mecanismos podem ser induzidos durante o desenvolvimento do fenótipo MDR, dentre eles: superexpressão de bombas de efluxo de drogas, como a glicoproteína-P (Pgp); alteração do ciclo celular; inibição da morte celular e aumento do metabolismo de xenobióticos. Uma estratégia promissora é a identificação de compostos cuja ação seja seletiva sobre células MDR, fenômeno conhecido como sensibilidade colateral (CS). A piperina, fitoquímico presente na pimenta-do-reino, apresenta efeito anticâncer e anti-MDR, no entanto, ainda não foi explorada sua ação na promoção de CS. O objetivo desse estudo foi investigar os efeitos da piperina sobre diferentes mecanismos de resistência a quimioterápicos em células de LMC em crise blástica. Os ensaios de redução de MTT demonstraram que a piperina promoveu maior efeito citotóxico sobre as linhagens de leucemia com fenótipo MDR, Lucena-1 e FEPS, do que sobre a linhagem sensível a drogas, K562, caracterizando a ocorrência da CS. Em contrapartida, o efeito citotóxico da piperina sobre macrófagos peritoneais de camundongos foi menor do que nas células MDR. Ensaios de coloração com panótico rápido e por citometria de fluxo indicaram que a piperina provocou importantes alterações morfológicas nas linhagens de leucemia, como indução da formação de vacúolos no citoplasma, que, por sua vez, pode ter gerado aumento da granulosidade celular, em maior grau na FEPS. Experimentos de citometria de fluxo indicaram que embora a piperina não tenha alterado a distribuição do ciclo celular, induziu apenas as células MDR ao processo de apoptose, sendo que esse efeito foi mais pronunciado sobre a linhagem FEPS. Tais dados foram confirmados pela marcação de caspase-3 clivada por imunofluorescência. Apesar de as células MDR superexpressarem a enzima glicolítica gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase (GAPDH), por RT-PCR em tempo real e Western blotting, indicando maior resistência à morte celular independente de caspases (MCIC), a piperina não foi capaz de induzir MCIC via inibição de GAPDH nessas linhagens. A enzima poli (ADP-ribose) polimerase-1 (PARP-1) possui diversas funções celulares relacionadas tanto à sobrevivência, como indução de morte celular. As análises por Western blotting indicaram que a linhagem FEPS apresentou os menores níveis dessa proteína, bem como a menor atividade (inferida pelos níveis do polímero poli (ADPribose) – PAR), além disso, foi a única que apresentou níveis detectáveis do fragmento de 24 kDa, sugerindo o desenvolvimento de um mecanismo capaz de impedir a superativação de PARP-1, o que poderia proteger essas células contra morte por necrose. A piperina foi capaz de reduzir os níveis de PARP-1 e do fragmento de 24 kDa, indicando uma possível relação com a indução de CS. A fim de investigar se os níveis de PARP-1 teriam correlação com o fenótipo MDR, foi realizada análise da expressão de P-gp, por citometria de fluxo. Apesar de a piperina ter aumentado a expressão de P-gp em ambas as linhagens MDR, somente na FEPS haveria uma possível correlação entre a diminuição da expressão de PARP-1 e o aumento da expressão de P-gp após incubação com piperina. Também investigamos a possibilidade da piperina estar sofrendo metabolização nas células MDR, gerando metabólitos com potencial ainda mais citotóxico. Primeiramente, analisamos o nível de genes relacionados ao metabolismo de fase I de xenobióticos por RT-PCR em tempo real. As linhagens não apresentaram níveis detectáveis de CYP3A4, CYP1B1 e PXR. No entanto, a linhagem FEPS apresentou a maior expressão de CYP3A5, seguida da Lucena-1, sendo que a piperina foi capaz de induzir ainda mais a expressão desse gene nessas células MDR e, ainda, demonstrou interagir com a proteína CYP3A5, por docking molecular. Em seguida, avaliamos a metabolização de piperina, por CLAE-DAD. No entanto, não foram observadas diferenças entre as linhagens de leucemia, sugerindo que, provavelmente, CYP3A5 não estaria metabolizando esse fitoquímico. Sendo assim, piperina parece promover CS por diferentes vias de sinalização, como modulando PARP-1 (na FEPS), P-gp e CYP3A5. A identificação de mecanismos relacionados à indução de CS pode auxiliar no delineamento de estratégias contra células com fenótipo MDR.
Palavras-chave: Leucemia Mieloide Crônica, Resistência a Múltiplas Drogas, Piperina, Sensibilidade Colateral, PARP-1, Glicoproteína-P, CYP3A5.
Título: ANÁLISE NACIONAL E REGIONAL DA RELAÇÃO ENTRE INDICADORES SOCIAIS E INSEGURANÇA ALIMENTAR
Autor: Juliana de Bem Lignani
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: Estudos realizados no Brasil, que avaliaram a relação entre insegurança alimentar (IA) e indicadores sociais (IS), observaram que pessoas vivendo em maior vulnerabilidade social apresentaram maiores chances de estarem em IA. Apesar destas relações estarem descritas, as análises realizadas não consideraram as múltiplas associações existentes entre os IS. O objetivo desta tese foi analisar a relação entre os indicadores sociais com IA. Inicialmente realizou-se uma revisão sistemática a qual identificou os IS que se associam com a IA em domicílios brasileiros e como esta relação é explicada. Esta revisão deu origem a um modelo conceitual que embasou a construção de um modelo de análise que foi testado posteriormente. Para as análises seguintes foi utilizada como base de dados a PNAD 2013. Os modelos testados possuíam como variável desfecho a variável latente insegurança alimentar (construída por Análise Fatorial Confirmatória) e como variáveis explicativas: cor de pele, escolaridade, sexo e estabilidade no trabalho do responsável pelo domicílio; renda domiciliar per capita; presença de água canalizada em algum cômodo do domicílio; e para domicílios com menores de 18 anos, número de moradores menores de 18 anos. Para análise descritiva foram calculados média, desvio padrão, proporções e intervalos de confiança de 95%, e realizado teste Qui-quadrado para comparar proporções e teste T de Student para comparar médias; os Modelos de Equação Estrutural (MEE) para a análise das relações entre IS e IA. As análises do MEE para os dados nacionais foram separadas em domicílios com e sem menores de 18 anos; em seguida os domicílios com menores de 18 anos foram testados separados nas cinco regiões do país. Foram testadas as relações diretas e indiretas existentes entre os indicadores sociais e IA. Os resultados nacionais mostraram que a renda domiciliar per capita foi o IS que apresentou maior efeito total sobre a IA. Apenas renda e estabilidade no emprego apresentaram efeito direto superior ao indireto. De todos os caminhos indiretos, o caminho mediado exclusivamente pela renda foi o maior para todas os IS. Nas análises regionais observou-se que renda familiar per capita e escolaridade do responsável pelo domicílio foram os IS que apresentaram maiores efeitos na IA em todas as regiões. Apenas na região NE a renda não apresentou o maior efeito total, nesta região a escolaridade foi o principal IS. Houve diferenças entre as regiões com relação à mediação por outro IS. Na maioria das regiões a renda foi a principal variável intermediária para todas as relações dos determinantes da IA. A renda confirmou-se como determinante chave da situação de IA e a estabilidade do emprego do responsável do domicílio destacou-se como um ponto de relevância na determinação da IA. A tese também identificou que a determinação da IA não ocorre de maneira uniforme pelo país, apesar de haver semelhanças entre algumas regiões.
Palavras-chave:
Título: MARCADORES DO METABOLISMO ÓSSEO E SUA RELAÇÃO COM A DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOOLICA EM INDIVÍDUOS COM OBESIDADE CLASSE III CLASSIFICADOS SEGUNDO O FENÓTIPO METABOLICAMENTE SAUDÁVEL
Autor: Ligiane Marques Loureiro
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: Introdução: A obesidade altera os marcadores do metabolismo ósseo e hepático, segundo diferentes graus de estadiamento da Doença Hepática Gordurosa Não Alcóolica. A hipótese de que o fenótipo da obesidade metabolicamente saudável, possa proteger os indivíduos das referidas alterações, motivou esse estudo. Objetivo: avaliar os marcadores de metabolismo ósseo e enzimas hepáticas de acordo com a DHGNA, segundo os fenótipos OMS e OMNS. Métodos: Estudo transversal, incluindo adultos com obesidade classe III. Para classificação dos fenótipos OMS e OMNS, o critério proposto foi o Third Report of the National Cholesterol Education Program Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. Variáveis antropométricas, Índice de adiposidade visceral (Visceral Adiposity Index – VAI), bioquímicas, incluindo as enzimas hepáticas e clínicas (pressão arterial sistêmica e diagnóstico da DHGNA) foram analisadas no estudo. HOMA-IR (homeostatic model assessment insulin resistance) foi calculado para determinar resistência a insulina. Para avaliar o metabolismo ósseo, foram analisados [fosfatase alcalina (FA) e paratormônio (PTH)] e nutrientes relacionados (vitamina D, cálcio, fósforo, magnésio, potássio, zinco e vitamina B12). O diagnótico e estadiamento da DHGNA foi determinada por ultrassonografia de abdômen total e biópsia hepática respectivamente. As variáveis contínuas, foram expressas em média e desvio-padrão. Variáveis categóricas comparadas utilizando o teste Qui-quadrado de Pearson. Variáveis contínuas usando o teste t Student. Foram realizadas análises de variância de dois fatores (Two-way ANOVA), posteriormente Teste de Tukey para verificar a diferença entre os grupos. E análise de regressão logística múltipla para determinar a razão de chance de marcadores de metabolismo ósseo alterados pelos fenótipos. Todas as análises estatísticas foram realizadas usando Statistical Package for the Social Sciences para Windows versão 21,0. O nível de significância foi de 5%. Resultados: 223 adultos com obesidade classe III, com idade de 41,20 ± 10,15 anos, sendo 32,73% OMS foi a amostra total. HOMA-IR foi maior no OMNS (p = 0,003). No grupo OMS, as variáveis antropométricas foram correlacionadas com os marcadores ósseos (IMC vs. Fósforo: r= 0,31, p
Palavras-chave: : obesidade, fenótipo metabolicamente saudável, metabolismo ósseo e doença hepática gordurosa não alcoóli
Título: ESTADO NUTRICIONAL, PARÂMETROS INFLAMATÓRIOS E, INFILTRAÇÃO TUMORAL DE LINFÓCITOS T CD4+ E T CD8+ NO PROGNÓSTICO DE PACIENTES COM CARCINOMA ESPINOCELULAR DE LARINGE
Autor: Luana Dalbem Murad
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: Introdução: Dentre os tumores de cabeça e pescoço (CP), o carcinoma espinocelular (CEC) de laringe é o tipo histológico mais frequente. Este apresenta importante impacto sobre o estado nutricional (EN), sendo a desnutrição reconhecida como indicador de mau prognóstico. O aumento da inflamação pode representar um fator prognóstico desfavorável. Uma vez que inflamação e EN estão intrinsecamente relacionados, eles podem refletir a resposta imune ao câncer. Estudos demonstraram disfunção de linfócitos T nas áreas infiltradas por tumor em pacientes com CEC de CP. A alta densidade de linfócitos infiltrados no tumor (TILs) tem sido reconhecida como um bom marcador de prognóstico. Contudo, trabalhos recentes não exploram a relação entre EN, parâmetros inflamatórios e TILs em pacientes com CEC de laringe. Objetivo: Avaliar a relação do EN com os parâmetros inflamatórios e, infiltrado tumoral de linfócitos TDC4+ e TCD8+ em pacientes com CEC de laringe. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo com pacientes com CEC de laringe, matriculados no Instituto Nacional de Câncer, entre Janeiro/2006 a Dezembro/2011. O Índice de massa corporal (IMC) pré-tratamento foi utilizado para avaliação do EN. A curva ROC (Receiver Operating Characteristic) foi utilizada para determinar o ponto de corte ideal para a razão neutrófilo/linfócito (NLR), razão plaqueta/linfócito (PLR) e, razão linfócito/ monócito (LMR). A sobrevida global (SG) foi avaliada pelo método Kaplan-Meier, seguida do teste log-rank. A infiltração tumoral de linfócitos TCD4+ e TCD8+ foi avaliada por análises imuno-histoquímicas. Tabelas de contingência e o teste Qui-quadrado de Pearson (χ 2 ) foram utilizados para identificar relações entre IMC, fatores clínicos, parâmetros inflamatórios e TILs. Associação entre TILs e as variáveis independentes foi verificada pelo cálculo do odds ratio (OR). O modelo de risco proporcional de Cox foi utilizado para análises univariadas e multivariadas. Foram considerados significativos valores p< 1,55. Conclusões: NLR, PLR e LMR estão associadas ao prognóstico de CEC de laringe, sendo NLR um fator de prognóstico independente para SG. Valores reduzidos de IMC podem ajustar o valor prognóstico da PLR e LMR. A depleção do estado nutricional pode prejudicar a infiltração intratumoral de linfócitos T CD4+ , podendo contribuir para um mau prognóstico.
Palavras-chave: Estado Nutricional, carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço, linfócitos do interstício tumoral, sobrevida, ciências nutricionais
Título: TENDÊNCIAS TEMPORAIS DA OBESIDADE, COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA DE ESCOLARES DE NITERÓI, RJ 2010 E 2017
Autor: Marcelo Barros de Vasconcellos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: Esta tese teve como objetivo geral analisar mudanças dos padrões de comportamento ao longo do tempo, 2010 e 2017, na obesidade, comportamento sedentário e prática de atividade física dos escolares adolescentes de Niterói, Rio de Janeiro. Além disso, teve o objetivo de verificar se os adolescentes Niterói, Rio de Janeiro que recebem apoio social praticam mais atividade física. Para atingir estes objetivos, foram desenvolvidos dois manuscritos: o primeiro descreve as mudanças na prevalência de obesidade, comportamento sedentário e prática de atividade física nos adolescentes estudantes de escolas públicas de Niterói, RJ, em período de 7 anos. A prevalência de obesidade aumentou nos meninos (6,2% para 15,6% P= < 0,001) e diminuiu nas meninas (8,4% para 6,9% P= 0,035) de 2010 para 2017, respectivamente. Foi observada diminuição da prevalência dos adolescentes com comportamento sedentário, uma vez que houve redução do tempo de tela em ambos os sexos: nos meninos passou de 90,7% para 67,7% (P= < 0,001) e nas meninas passou de 90,3% para 52,8% (P= < 0,001). Já a prevalência dos fisicamente ativos, nos meninos manteve-se estabilizada (38,2% para 38,1% P = 0,962) e 12 nas meninas passou de (15,4% para 10,4% P= < 0,001) e ambos continuam com média diária abaixo da recomendação semanal para essa população. O segundo manuscrito descreve a influência do apoio social (pais, amigos e professores de educação física) na prática de atividade física dos escolares adolescentes de escolas da rede municipal de Niterói, RJ no ano de 2017. Na população estudada, um em cada 10 alunos têm o apoio dos pais para praticar atividade física juntos. Meninos recebem mais elogios dos pais e dos professores de educação física quando praticam atividade física em relação as meninas. Os tipos de apoio mais usados pelos pais e professores foi o incentivo. Os tipos de apoio de amigos de maior prevalência nos meninos mais novos foi o praticar juntos (91,9%) e nos mais velhos convidar (93,7%). Já nas meninas mais novas, o tipo convidar (67,9%) e nas mais velhas o tipo praticar junto (90,0%). Os resultados desta tese contribuem para o entendimento das mudanças que têm ocorrido na obesidade, comportamento sedentário e atividade física, assim como a identificação dos diversos tipos de apoio social para ser ativo em adolescentes no contexto do Município de Niterói, Rio de Janeiro.
Palavras-chave: Obesidade. Comportamento sedentário. Adolescentes. Tendências Temporais. Atividade Física. Apoio Social.
Título: EFEITO DE PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS NA REDUÇÃO DA INSEGURANÇA ALIMENTAR: ESTUDO LONGITUDINAL EM MUNICÍPIO DO SEMIÁRIDO NORDESTINO
Autor: Poliana de Araújo Palmeira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: Introdução: Apesar de décadas de esforços, a insegurança alimentar (IA) permanece dentre os mais importantes problemas sociais e de saúde pública a serem enfrentados no mundo, revelando desafios dos governos na implementação de políticas públicas. Assim, faz-se relevante estudos empíricos e longitudinais, que analisem os efeitos de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional (SAN) na superação da IA de famílias, especialmente em regiões de alta vulnerabilidade social. Objetivo: O estudo teve como proposta analisar o processo de construção do cenário de iniciativas governamentais relacionadas com SAN e seu efeito na IA de famílias residentes em um município localizado no semiárido do Nordeste brasileiro. Métodos: O estudo considerou duas pesquisas realizadas no município de Cuité/PB. A primeira analisou o processo de construção do cenário de iniciativas governamentais relacionadas com a SAN (GI-SAN) em vigor no município em 2014, por meio do mapeamento de GI-SAN e entrevistas com gestores. Na segunda pesquisa, realizouse estudo longitudinal de coorte de base populacional. Foram pesquisados 358 domicílios no baseline (2011) e 326 no follow-up (2014), alcançando 92% dos domicílios. A IA foi mensurada por meio da Escala Brasileira de IA. Aplicou-se modelos de regressão logística e foram estimadas probabilidades preditas para analisar os efeitos de fatores socioeconômicos e do acesso a programas governamentais na mudança IA das famílias ao comparar a situação de 2011 e de 2014. Resultados e discussão: Com relação às análises sobre a política local de SAN, os resultados revelaram a existência de um cenário diversificado e promissor para o enfrentamento da IA, composto por 33 GI-SAN. A maioria das GI-SAN foi implementada entre 2003 e 2014 pelo governo nacional em nível local, por meio de estratégias de descentralização, que promoveram o aumento na capacidade de governo local. Quanto ao estudo de base populacional, observou-se redução na prevalência e severidade IA, e um quarto das famílias superaram a IA no período do estudo (24.5%). A redução ou não aumento da renda familiar e a redução no valor recebido por meio do programa Bolsa família foram associados com a persistência da IA em 2011 e 2014. Dentre os 27 programas governamentais investigados, 15 foram acessados por mais de 5% da população. Mais de 90% das famílias acessou pelo menos um programa durante o follow-up e houve incremento no número de programas que cada família acessou no tempo. Programas na área de proteção à saúde, provimento de água e alimentos, combate à pobreza e desenvolvimento rural mostraram efeitos positivos tanto para garantia do acesso ao alimento como para superação da IA. Conclusão: O governo nacional implementou intervenções coordenadas que incentivaram a governança da SAN e aumentaram a capacidade político-administrativa local. Essa conjuntura promoveu o acesso a programas, em diferentes áreas de governo, cujo efeito foi positivo, tanto para a garantia do acesso aos alimentos e superação da IA em uma área de extrema vulnerabilidade climática e social.
Palavras-chave:
Título: MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO CAFÉ POR MEIO DE ANÁLISE MOLECULAR USANDO PCR EM TEMPO REAL
Autor: Thiago Ferreira dos Santos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2019
Resumo: O café é uma das principais bebidas comercializadas em todo o mundo. Durante o seu processamento, este produto pode ser intencionalmente adulterado com materiais de baixo custo, principalmente cereais, como também espécies de café com menor valor de mercado (ex. Coffea canephora). Além disso, a não conformidade com os padrões de produção, produz defeitos intrínsecos como o café brocado. Os métodos existentes apresentam baixa sensibilidade e especificidade ou dependem de equipamentos sofisticados e de alto custo. Técnicas de Biologia Molecular possuem eficácia e são uma alternativa promissora para determinar a autenticidade de café torrado e moído. O objetivo do presente trabalho de tese foi desenvolver sistemas de detecção (primers e sondas) para a identificação de adulterantes, diferenciar entre as principais espécies de café (Coffea arabica e Coffea canephora), e detectar a presença de broca de café (Hypothenumushampei). Utilizando as ferramentas de bioinformática foi possível identificar e selecionar três sequências (NM_001049010.2, AB016121.1 e NM_001112418.1, para arroz, cevada e milho, respectivamente. Os Limites de detecção e quantificação para arroz, cevada e milho foram de 4,0 x 10- 2 ng/μL e 1,31 x 10- 1 ng/μL; 4,0 x 10-4 ng/μL e 9,76 x 10-4 ng/μL; 4,0×10-4 e 3,25×10-2 ng/μL, respectivamente. Com relação a diferenciação das espécies de café, o primer Ara foi capaz de diferenciar a espécie C. arabica de C. canephora. Através de análises de seletividade e especificidade in silico e in vitro foi possível desenvolver um sistema de detecção espécie específica para a broca do café H. hampei.
Palavras-chave:
Título: TRIAGEM NUTRICIONAL EM PACIENTES IDOSOS ONCOLÓGICOS: ESTUDO MULTICÊNTRICO
Autor: Cristiane Aline D’Almeida
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 06/12/2018
Resumo: Introdução: A triagem e avaliação nutricional, por meio de instrumentos rápidos, simples e fáceis, desempenham importante papel no tratamento de pacientes idosos com câncer. Objetivo: (1) Avaliar a prevalência de desnutrição e a associação com variáveis clínicas e nutricionais em pacientes idosos com câncer hospitalizados no Brasil, utilizando a Mini Avaliação Nutricional-Versão Reduzida (MAN-VR). (2) Verificar se há associação significativa das variáveis clínicas e do estado nutricional e a habilidade da MAN-VR na predição da mortalidade em 30 dias. Métodos: Estudo de coorte, de base hospitalar, multicêntrico, que incluiu 44 instituições no Brasil. Foram avaliados 3061 indivíduos idosos com câncer, internados entre setembro e outubro de 2014, submetidos à MAN-VR em até 48 horas após a data de internação, e registrada em formulário próprio. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos, acima de 65 anos, com diagnóstico de tumores malignos, independente da localização ou estadiamento da doença. O teste de Kolmogorov Smirnov foi usado para testar a distribuição da amostra; considerando sexo, faixa etária, circunferência da panturrilha (CP), índice de massa corporal (IMC), escore e classificação da MAN-VR. Os dados foram expressos pela frequência (n) e percentual (%) para dados categóricos, ou média e desvio padrão e comparados pelo teste X2 ou teste de Tukey. Foi realizada análise univariada para identificar fatores explicativos relacionados ao desfecho óbito em até 30 dias. O risco relativo (RR) foi calculado segundo regressão logística. As curvas ROC do escore MAN-VR e CP foram ilustradas para identificar o melhor ponto de corte na evolução para o óbito. Resultados: (1) De acordo com o MAN-VR, 33,4% dos pacientes estavam desnutridos, 39,3% em risco de desnutrição e 27,3% com estado nutricional normal. Observou-se que quanto pior o estado nutricional maior o tempo de internação hospitalar (desnutridos: 7,07 ± 7,58 dias; risco de desnutrição 5,45 ± 10,73 dias; status normal 3,9 ± 5,84 dias; p <0,001). (2) A regressão multivariada mostrou que o risco de mortalidade em 30 dias foi significativamente maior em pacientes idosos classificados como desnutridos (RR 9,06; IC95%: 4,81-17,06; p <0,0001). A curva ROC mostrou o melhor ponto de corte para predizer óbito em 30 dias de 7 pela MAN-VR (AUC 0,81) e 31,5 cm pela CP (AUC 0,67). Conclusões: (1) A prevalência de desnutrição e risco nutricional é alta em pacientes idosos hospitalizados com câncer no Brasil e o pior estado nutricional esteve associado à maior permanência hospitalar. A utilização de ferramenta de triagem nutricional de baixo custo e eficaz para pacientes com câncer idosos permite intervenção nutricional especializada. (2) Nossos achados sugerem que a MAN-VR deve ser considerada não apenas como ferramenta de triagem nutricional, mas também como preditor de mortalidade em 30 dias neste grupo de pacientes.
Palavras-chave: nutrição no idoso, mortalidade em 30 dias, desnutrição, câncer, triagem nutricional, avaliação nutricional.
Título: PLACENTAL TRANSCRIPTOME: A GLOBAL ANALYSIS IN OBESE MICE AND FATTY ACID TRANSPORT IN INTRAUTERINE GROWTH RESTRICTION AND ADOLESCENT PREGNANCY
Autor: Daniela de Barros Mucci
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 19/06/2018
Resumo: Na presente tese, a expressão gênica placentária foi investigada usando sequenciamento global de RNAs, em modelo animal de obesidade materna, ou por reação em cadeia da polimerase quantitativa em abordagem focada no transporte de ácidos graxos (AG), no crescimento intrauterino restrito (CIUR) e na adolescência. A obesidade materna promoveu desregulação de genes ligados à vasculatura e morfologia placentárias e redução na área do labirinto. Foram observadas mudanças estruturais e na expressão de genes ligados ao desenvolvimento do labirinto assim como CIUR desde a metade da gestação, em ambos sexos. Defeitos na estrutura do labirinto e, consequententemente, menor capacidade de transferência placentária de nutrientes pode ser uma causa do CIUR em neonatos de gestantes obesas. Em humanos, encontramos menores concentrações de AG polinsaturados de cadeia longa (AGPICL) específicos nos eritrócitos maternos, tanto no CIUR quanto em adolescentes, em comparação ao grupo controle. No CIUR, houve concomitantemente maior expressão de inúmeros genes envolvidos na transferência placentária de AG, entretanto isso não assegurou adequação no seu suprimento e no crescimento fetal. Em adolescentes, parte dos transportadores de AG apresentou menor expressão placentária, entretanto o status fetal de AGPICL foi majoritariamente preservado. Além de ser indispensável para a sobrevivência e o desenvolvimento adequado do feto, a placenta é atualmente reconhecida como um agente determinante da saúde da prole em longo prazo. Compreender as adaptações moleculares e fenotípicas da placenta em diferentes condições obstétricas é essencial para identificar alvos terapêuticos relevantes e, em última instância, melhorar a saúde da prole ao longo da vida.
Palavras-chave: Placenta; Expressão gênica; Obesidade; Crescimento intrauterino restrito; Gestação na adolescência.
Título: INFLUÊNCIA DOS POLIMORFISMOS DOS GENES FTO E MC4R NAS SENSAÇÕES DE FOME/SACIEDADE; CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS DE GRELINA, LEPTINA, IL6 E TNFα PRÉ E PÓS PRANDIAIS; COMPORTAMENTO E CONSUMO ALIMENTAR EM MULHERES COM OBESIDADE MÓRBIDA
Autor: Fernanda Cristina Carvalho Mattos Magno
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 20/02/2018
Resumo: Introdução: A obesidade é uma doença crônica e tem se tornado uma epidemia em todo o mundo. Sua etiologia é complexa envolvendo, principalmente, fatores ambientais e genéticos. Os polimorfismos dos genes FTO (rs9939609) e MC4R (rs17782313) têm sido relacionados com aumento do peso corporal, onde a presença dos alelos de risco representados pelas letras A e C dos genes FTO e MC4R, respectivamente, estão positivamente associados com aumento do índice de massa corporal (IMC) e obesidade. Objetivo: Avaliar a influência do polimorfismo em um único nucleotídeo (SNPs) dos polimorfismos dos genes FTO (rs9939609) e MC4R (rs17782313) nas sensações de fome/saciedade; concentrações plasmáticas de grelina, leptina, interleucina 6 (IL6) e fator de necrose tumoral alfa (TNFα) pré e pós prandiais; comportamento e consumo alimentar em mulheres com obesidade mórbida. Métodos: o estudo incluiu 70 mulheres (IMC entre 40 e 60 kg/m2) com idade entre 20 e 48 anos. Foram coletados dados antropométricos, bioquímicos, hormonais e citocinas inflamatórias. Foram avaliadas sensações de fome e saciedade por meio da Escala Analógica Visual (EAV). Foi preenchido o questionário de Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP) para avaliar a presença ou não de compulsão. Os registros dietéticos de 3 dias foram utilizados para avaliação do consumo alimentar habitual e foram calculados e analisados no programa AVANUTRI 4.0. As variantes dos polimorfismos foram genotipadas usando PCR em tempo real. Para comparação entre genótipos do FTO foi utilizado o modelo aditivo (TT versus TA versus AA) e para o MC4R foi utilizado o modelo recessivo (TT versus TC/CC). Resultados: Para FTO (rs9939609), observou-se que mulheres com o genótipo AA apresentaram concentrações plasmáticas mais baixas de grelina e IL6 e elevadas de leptina, quando comparado com TT e TA, no período pós-prandial. TT apresentou valores reduzidos para leptina e aumentados para IL6 no pós-prandial. As sensações de fome pós-prandiais foram menores em AA, comparado com TT. De acordo com o autorelato do registro alimentar de 3 dias, as mulheres com genótipo TT consumiram menos quantidades de proteínas (PTN/g/kg de peso), B3, B12 e potássio quando comparado com TA e AA. Mulheres com a presença de dois alelos de risco consumiram mais colesterol, B5, B6, selênio e sódio comprado com TT e TA. Para o MC4R, comparando os grupos com (TC/CC) e sem (TT) polimofismo houve redução da grelina e leptina pós-prandial em pacientes com polimorfismo, ou seja, com pelo menos um alelo de risco. Houve aumento de IL6 no período pós-prandial em ambos os grupos e menores concentrações plasmáticas foram encontradas em mulheres com polimorfismo. Houve maior prevalência de compulsão alimentar periódica grave em mais da metade dos pacientes com pelo menos um alelo de risco (C). Conclusão: Alterações nos genes FTO e MC4R podem exercer influência nos hormônios relacionados ao controle da ingestão alimentar e IL6, porém somente houve alteração nas sensações de fome e saciedade para o FTO. Houve alta prevalência de compulsão alimentar periódica em mulheres com polimorfismo tanto para o FTO quanto para o MC4R, sugerindo que estes genes podem influenciar no comportamento alimentar.
Palavras-chave: rs9939609; rs17782313; obesidade mórbida, grelina, leptina, IL6, TNFα, fome, saciedade, comportamento alimentar, consumo alimentar.
Título: ARQUITETURA DE ESCOLHAS COMO ESTRATÉGIA PARA A PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM UM RESTAURANTE COMERCIAL DO TIPO “SELF-SERVICE”
Autor: Mara Lima De Cnop
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 15/03/2018
Resumo: Esta tese teve como objetivo principal avaliar o impacto de intervenções envolvendo a arquitetura de escolhas para promover o consumo alimentar saudável em comensais de um restaurante comercial do tipo “self-service”. O estudo contemplou duas etapas: a fase inicial, de pré-intervenção que objetivou analisar todas as preparações oferecidas pelo restaurante e elaborar e avaliar validade e reprodutibilidade de um questionário para avaliar o consumo alimentar em restaurante “self-service” (QCR); e a etapa de intervenção, que constituiu-se no desenvolvimento e avaliação do impacto do uso de nudges sobre as escolhas alimentares de comensais. Foram analisadas todas as preparações (n=689) catalogadas do restaurante as quais foram categorizadas em grupos de alimentos segundo os ingredientes principais. O QCR incluiu 85 itens associados à opção de relatar o consumo de uma ou duas ou mais porções padronizadas; e uma pergunta aberta sobre o peso total do prato. Foram investigados 85 indivíduos no estudo de validade e 76 no de reprodutibilidade. O peso estimado do prato (PE), foi a medida a ser testada calculada pela soma das porções relatadas, e o peso final do prato (PP), medida de referência informada pelo participante. A concordância entre elas foi obtida pelo Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC) e intervalo de 95% de confiança (IC95%). Foi utilizado kappa simples, ponderado e PABAK para avaliar a concordância do relato do consumo dos grupos alimentares. Para o estudo de intervenção não controlado, realizado de setembro a dezembro de 2016, participaram 147 indivíduos no estudo de base, a primeira intervenção foi baseada no uso de imagens sugestivas e a segunda na implementação de informações calóricas da porção das preparações oferecidas no estabelecimento para incentivar o consumo de frutas e hortaliças. Foi aplicado um QCR a cada etapa do estudo de intervenção para avaliar o consumo. Foram estimadas as diferenças do consumo dos grupos alimentares e o percentual de contribuição dos grupos em relação ao peso e caloria total do prato entre as etapas. Mais de 50% das preparações avaliadas na etapa pré-intervenção apresentaram densidade energética elevada ou muito elevada. O ICC do estudo de validade entre PP e PE foi 0,48 (IC95%: 0,20–0,66). Os valores do Kappa para o relato do consumo de alimentos variaram entre 0,18 e 0,68 e os do Kappa ponderado e PABAK relativos ao relato das porções entre 0,17 e 0,64 e 0,21 e 0,89, respectivamente. No estudo de intervenção, observou-se aumento na frequência de consumo dos grupos dos folhosos, salada mista e arroz e feijão (p<0,05) com a implementação dos nudges. Os dados indicaram a redução da contribuição de legumes crus em relação à caloria total do prato com o uso de imagens sugestivas e da contribuição de frutas em relação ao peso e caloria total do prato com a utilização de informações calóricas. O questionário proposto apresentou validade e reprodutibilidade aceitáveis para estimar o consumo alimentar em restaurante do tipo “self-service”. A utilização de estratégias de arquitetura de escolhas em um restaurante “self-service” apresentaram impacto discreto sobre as escolhas alimentares dos comensais.
Palavras-chave: restaurante; nudge; escolhas alimentares; arquitetura de escolhas.
Título: ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UM PRODUTO ALIMENTÍCIO COM POTENCIAL PROBIÓTICO A PARTIR DO MICROENCAPSULAMENTO DE KEFIR POR “SPRAY DRYING”
Autor: Maria Claudia Novo Leal Rodrigues
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 28/02/2018
Resumo: Kefir é uma bebida láctea fermentada, com microbiota diversificada (bactérias ácido-láticas (BAL), ácido-acéticas (BAA) e leveduras (LEV)), o que dificulta a obtenção de produto padronizado com longa vida de prateleira. Visando preservar o potencial probiótico e funcional do kefir e aumentar sua estabilidade, sem prejuízo à sobrevivência dos microrganismos, este estudo se propôs a elaborar e caracterizar micropartículas de kefir, empregando “spray drying”, tecnologia de baixo custo, amplamente utilizada na indústria de laticínios, sendo este um dos primeiros estudos sobre o microencapsulamento do kefir. A fermentação ocorreu a 25 °C / 24 h, com maturação a 4 °C / 24h. Foram executados seis processos de microencapsulamento sem matriz encapsulante (SM) (130 a 180 °C), três com maltodextrina (MD) 1:1 e três com Capsul® (CAP) 1:1 (140 a 160 °C). O “spray drying” reduziu a sobrevivência dos microrganismos do kefir em todos os tratamentos, independentemente do uso de matrizes encapsulantes, que não conferiram maior proteção. BAL e lactobacilos (LAB) sobreviveram a todas as temperaturas com e sem matriz encapsulante: BAL variou de 9,9 Log UFC / g em matéria seca (m.s.) (130 °C) a 8,4 Log UFC / g (m.s.) (180 °C); LAB variou de 9,9 Log UFC / g (m.s.) (130 °C) a 4,6 Log UFC / g (m.s.) (180 °C). Leveduras e mesófilos (MES) não foram viáveis dentro do limite de detecção (2 Log UFC / g (m.s.)) nos tratamentos a partir de 150 °C (LEV) e 170 °C (MES). A temperatura de 150 °C marcou o início da redução na contagem dos grupos de microrganismos analisados. Umidade (4,40 a 18,55 %), atividade de água (0,224 a 0,315), higroscopicidade (18,59-23,20 % m.s.) e perfil de ácidos orgânicos situaram-se na faixa adequada para impedir desenvolvimento de microrganismos patogênicos, enquanto solubilidade (47,91 a 78,21 %), dispersibilidade (ΔAbs -0,067 a 0,067), cor, morfologia e tamanho de partícula (0,786 a 1,104 μm) apresentaram valores adequados a aplicações tecnológicas. O processamento não alterou a proporção dos nutrientes presentes no leite. As partículas produzidas a 140 °C apresentaram as melhores características físicas e químicas, mantendo a composição centesimal original e preservando os principais microrganismos em contagens elevadas. O processamento não impactou a riqueza das comunidades bacterianas originalmente presentes no kefir, mas o perfil bacteriano dos grãos diferiu dos perfis do leite fermentado e das micropartículas. As amostras processadas a 140 °C sem matriz e a 150 °C com Capsul® apresentaram a melhor sobrevivência após o processamento. A 150 °C com matrizes encapsulantes, a temperatura exerceu influência mais positiva sobre as amostras com Capsul® do que naquelas com maltodextrina, com melhor proteção à comunidade bacteriana após secagem.
Palavras-chave: Kefir. Microencapsulamento. Spray Drying. Alimentos Funcionais. Probióticos.
Título: CONSUMO ALIMENTAR DE GESTANTES E SUA ASSOCIAÇÃO COM
CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS DE LEPTINA, ADIPONECTINA E
DESFECHOS PERINATAIS
Autor: Nadya Helena Alves Santos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 15/03/2018
Resumo: Introdução: O consumo alimentar durante a gestação é um importante fator determinante para saúde materna e fetal. Objetivo: (1) Estimar as mudanças na ingestão de alimentos de acordo com o grau de processamento dos alimentos entre o período pré-gestacional e o gestacional. (2) Avaliar a associação de padrões alimentares (PA) com indicadores de adiposidade materna, leptina, adiponectina e concentrações de insulina durante a gestação. (3) Avaliar a associação de PA no período pré-gestacional com desfechos perinatais. Métodos: Uma coorte prospectiva de gestantes foi acompanhada na 5ª-13ª, 20ª-26ª e 30ª-36ª semanas gestacionais e 30-40 dias pós-parto em uma unidade de saúde pública no Rio de Janeiro. Um questionário de frequência alimentar foi aplicado no primeiro (5º-13º) e no terceiro (30º-36º) trimestres gestacionais. Para a consecução do objetivo 1 os itens alimentares foram classificados segundo o grau de processamento de alimentos em quatro grupos: alimentos in natura ou minimamente processados; óleos, gorduras, sal e açúcar; alimentos processados; e alimentos ultraprocessados. A variação na ingestão de alimentos entre o período pré-gestacional e gestacional foi calculada e comparada utilizando o teste t de Student pareado. Foram desenvolvidos modelos de regressão linear para estimar a associação entre as características da mãe com a variação (diferença entre o consumo alimentar do 3º e o 1º trimestre) da contribuição do grupo alimentar para a ingestão total entre os períodos. Para o objetivo 2, o procedimento de regressão por redução de posto foi utilizado para identificar os PAs do período gestacional que melhor explicaram as variáveis respostas (fibra dietética e gordura total) relacionadas aos indicadores de adiposidade materna [retenção de peso pós-parto e adequação do ganho de peso gestacional (GPG)] e leptina, adiponectina e insulina. As associações entre tercis dos PAs e os desfechos foram determinadas por regressão logística ou regressão linear de efeitos mistos. Para o objetivo 3, o procedimento de regressão por redução de posto foi utilizado para identificar os PAs do primeiro trimestre que melhor explicaram as variáveis respostas (densidade de fibras da dieta (g/kcal), densidade de energia da dieta (kcal/g) e percentual de energia de gorduras saturadas) relacionadas aos desfechos perinatais (tipo de parto, prematuridade, peso ao nascer (PN), comprimento ao nascer e Apgar no primeiro minuto). As associações entre tercis dos PAs e os desfechos perinatais foram testadas por meio de modelos de regressão logística. Resultados: (1) As mulheres apresentaram idade média de 26,7 (5,6) anos e consumo total de energia de 2.415 (813) kcal no período pré-gestacional. A contribuição do grupo de alimentos in natura ou minimamente processados para o consumo total de energia durante a gravidez quando comparada ao período pré-gestacional foi maior [50,5 (DP=14,1) vs. 48,8 (DP=12,4), p-valor=0,048], e a participação energética dos alimentos ultraprocessados foi menor [41,3 (14,6) vs. 43,1 (12,5), p-valor=0,032]. Verificou-se ainda associação negativa da idade (β=-0,488; IC95%: -0,853– -0,122; p-valor=0,009) e associação positiva de IMC pré-gestacional (β=0,449; IC95%: -0,019–0,918; p-valor=0,060) com a variação da ingestão de alimentos ultraprocessados. (2) O consumo diário médio de energia durante a gestação foi de 2.415 (773) kcal e o GPG 11,9 kg (4,2). Entre as mulheres estudadas, 34,7% apresentaram o GPG excessivo e 56,6% apresentaram sobrepeso/obesidade no pós-parto. Os PA ‘comum-brasileiro’ (caracterizado por alto consumo de feijão, arroz e baixo consumo de fast food, doces/açúcar de adição e carnes processadas/bacon foi positivamente associado à adiponectina (β=1,07; IC95%: 0,17–1,98). O PA ‘ocidental’ (caracterizado pelo alto consumo de fast food, doces/açúcar de adição e carnes processadas/bacon e baixo consumo de massas/tubérculos e refrigerantes) foi negativamente associado a adiponectina (β=-1,11; IC95%: -2,00– -0,22) e positivamente associado com leptina (β=6,49; IC95%: 2,28–10,70) durante a gestação. (3) Na linha de base, mulheres grávidas apresentaram idade (DP) de 26,7 (5,5) anos, IMC pré-gestacional de 25,1 kg/m2 (4,5) e 8,7 (2,9) anos de educação. A ingestão diária média de energia no primeiro trimestre foi de 2.422 (822) kcal e a frequência de parto normal foi de 56,7% (n=106). A média de PN (n=190) foi 3277,1 g (DP 529,7) e comprimento ao nascer (n=187) 49,6 cm (DP 3,1). Peso e comprimento ao nascer adequados foram observados em 67,6% (n=125) e 78,7% (n=148) crianças, respectivamente, e Apgar <7 no primeiro minuto em 14,2% (n=24). Três PA foram identificados. Mulheres com alta adesão ao PA “vegetais e produtos lácteos” (caracterizado por ingestão elevada de vegetais verdes/legumes, produtos lácteos, peixe, chá, frutas/sucos de frutas e doces/sobrmesas) apresentaram menor risco de terem bebes prematuros (OR=0,26; IC95%: 0,06– -1,09). Mulheres com maior adesão ao PA ‘fast food e doces’ (caracterizado pela ingestão elevada de fast food e lanches, bolos/biscoitos e doces/sobremesas) tiveram recém-nascidos com maior comprimento de nascimento (OR=4,38, IC95%: 1,32–14,48) e maior chance de GIG (OR=4,81, IC95%: 1,77–13,07). A maior adesão ao PA ‘feijão, pão e gordura’ (caracterizado pela ingestão elevada de feijão, bolos/biscoitos, pão e gorduras) foi inversamente associado ao Apgar <7 no primeiro minuto ao nascer (OR=0,14, IC95%: 0,03– 0,70). Conclusões: (1) A ingestão de alimentos ultraprocessados diminuiu, enquanto que a de alimentos in natura ou minimamente processados aumentou da pré-concepção para o período gestacional, indicando que as mulheres estudadas melhoraram o perfil de ingestão alimentar durante a gravidez. (2) A maior adesão ao PA ‘comum-brasileiro’ foi positivamente associado à adiponectina. O PA ‘ocidental’ foi negativamente associado a adiponectina e positivamente associado com as concentrações de leptina durante a gravidez. (3) A maior adesão, no período pré-gestacional, ao PA ‘fast food e doces’ aumentou a chance de recém-nascidos GIG e a maior adesão ao PA “vegetais e produtos lácteos” diminuiu a chance de risco de recém-nascidos prematuros.
Palavras-chave: gestantes, alimentos ultraprocessados, padrão alimentar, indicadores de adiposidade, adipocinas e desfechos perinatais.
Título: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO EM PÓ DE CERVEJA ARTESANAL POR MICROENCAPSULAMENTO PELO MÉTODO DE SPRAY DRYING: ANÁLISE DOS COMPOSTOS NUTRICIONAIS, BIOATIVOS, FUNCIONALIDADE E ASPECTOS SENSORIAIS
Autor: Paola Daianne da Silva Maia
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 27/02/2018
Resumo: Compostos bioativos presentes em alimentos (CBAs) estão associados à redução do risco do desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, sendo necessária a utilização de novas tecnologias na elaboração de produtos com ação funcional à saúde. O microencapsulamento tem por finalidade concentrar e estabilizar os CBAs e além disso, quando aplicado em cervejas, evapora o álcool, tornando um produto com possíveis alegações de propriedades funcional e de saúde. Este trabalho teve como objetivo avaliar o microencapsulamento de cinco ensaios de uma cerveja artesanal Pale Ale por spray drying em diferentes proporções (material de parede/núcleo) usando maltodextrina, na mesma concentração de sólidos totais (ST), 18 %. As micropartículas foram avaliadas quanto ao rendimento, solubilidade, tamanho médio de partícula, atividade de água, percentual de retenção, teores de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante. A solubilidade apresentou valores em média de 94,91, atividade de água 0,279 e compostos fenólicos 967,64 mg EAG/g. Os melhores resultados segundo o planejamento foram das micropartículas com cerveja pura (ensaio 2) e com associação a maltodextrina (ensaio 5, 1:1 %), caracterizadas com relação a molhabilidade (76,8 s), higroscopicidade (14,38 %) e dispersibilidade (-0,33 ΔAbs, x 10)3, ambas apresentaram resultados satisfatórios para a caracterização de produtos alimentícios em pó. No estudo da estabilidade não foi observado diferença significativa na redução dos compostos fenólicos e atividade antioxidante, ambos apresentaram 100 % de retenção, nas micropartículas de cerveja com e sem maltodextrina (ensaios 2 e 5) no decorrer de 180 dias, mostrando potencial no desenvolvimento de produtos para aplicações alimentares e relevância a saúde humana. A análise sensorial realizada com 230 provadores mostrou boa aceitação com relação à aparência global, sabor e intenção de compra para ambos os produtos. Foram identificados e quantificados dez ácidos orgânicos e dez compostos fenólicos na cerveja in natura, os quais permaneceram nos produtos em pó e de forma concentrada, inclusive os compostos voláteis não foram perdidos com o processamento. No estudo da bioatividade os grupos que receberam suplementação com o extrato fenólico da cerveja (EF) e pó de cerveja fortificado com extrato fenólico (CPEF) tiveram os sintomas clínicos da colite atenuados quando comparados ao grupo não suplementado, conferindo poder anti-inflamatório do produto de cerveja em pó em modelo in vivo. Mostramos nesse trabalho o emprego da tecnologia em produtos com potencial funcional, visto que não existem estudos com cerveja artesanal em pó. O produto também apresentou bioatividade dos compostos fenólicos em camundongos com colite, conferindo-os benefícios na prevenção de doenças inflamatórias intestinais (DII).
Palavras-chave: Cerveja Artesanal; spray drying; Compostos Fenólicos; Ácidos Orgânicos; Estabilidade; Análise Sensorial e Bioatividade.
Título: MUDANÇA NO ESTILO DE VIDA DE ESTUDANTES INGRESSANTES EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA
Autor: Patricia Simone Nogueira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 13/03/2018
Resumo: A presente tese está centrada na temática da saúde do universitário e utiliza dados do Estudo Longitudinal sobre Estilo de Vida e Saúde de Estudantes Universitários (ELESEU). O ingresso na universidade favorecer mudanças em comportamentos relacionados ao estilo de vida, tanto pela inserção em um ambiente novo, quanto pela exposição a novos desafios e riscos à saúde. Esta tese é composta por três manuscritos. O objetivo do primeiro manuscrito foi realizar revisão sistemática da literatura para identificar mudanças que ocorrem nos comportamentos relacionados ao estilo de vida entre o ensino médio e a universidade, considerando hábitos alimentares, prática de atividade física, comportamentos sedentários, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo, assim como, mudanças na condição de peso dos estudantes. Foram incluídos no estudo 16 artigos. No período de transição do ensino médio para a universidade, o ganho de peso corporal variou, em média, de 1,51 a 3,0kg. Houve aumento do tempo de uso do computador e do tempo sentado dedicado aos estudos, bem como na quantidade e frequência de consumo de bebidas alcoólicas e uso diário de tabaco. Em contrapartida, diminuiu o consumo diário de frutas, hortaliças, leite e derivados e produtos ricos em fibra, havendo também redução da prática de atividade física vigorosa. O segundo manuscrito descreve o desenho do estudo e os procedimentos metodológicos adotados no ELESEU. Trata-se de uma coorte dinâmica dos estudantes dos cursos de período integral de uma universidade pública do estado de Mato Grosso, Brasil. Este estudo contará com quatro anos de seguimento, iniciado em 2015, com término previsto para 2018. As informações são obtidas por meio de questionário autoaplicado, contendo perguntas sobre características demográficas, socioeconômicas e informações sobre condições, agravos e fatores de risco à saúde, como: características do estilo de vida, percepção do estresse, sintomas de depressão, percepção da imagem corporal, comportamentos de risco para transtornos alimentares, autoavaliação da saúde e da qualidade da dieta, entre outros aspectos relacionados à nutrição e à saúde. São aferidas medidas antropométricas e pressão arterial. Em 50% dos estudantes são coletados dois recordatórios alimentares de 24-horas e realizadas dosagens capilares de colesterol, triglicerídeos e glicose. O terceiro manuscrito analisou mudanças que ocorrem nos comportamentos relacionados ao estilo de vida antes e após o ingresso na universidade, considerando hábitos de refeições, prática de atividade física, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo. Foram avaliados 1.038 estudantes, que fazem parte do ELESEU. Após o ingresso na universidade, houve aumento da frequência de consumo de desjejum e diminuição no nível de atividade física. Estudantes oriundos de escolas públicas, que se autodeclaram pretos, pardos, amarelos ou indígenas, pertencentes as classes econômicas C, D ou E e os cotistas apresentaram aumento na frequência de consumo de refeições, entretanto, diminuíram a prática de atividade física. Assim, constatou-se que o ingresso na universidade parece contribuir para mudanças no estilo de vida dos estudantes e que as mudanças que ocorrem com o ingresso na universidade estão associadas positivamente aos estudantes que tiveram acesso à universidade por meio de políticas que possibilitaram a democratização do acesso.
Palavras-chave: Estudantes. Universidades. Estilo de vida. Condição de peso. Estudos longitudinais.
Título: ASPECTOS PSICOSSOCIAIS ASSOCIADOS AO CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS EM ADOLESCENTES
Autor: Thais Meirelles de Vasconcellos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 16/03/2018
Resumo: Esta tese apresenta resultados de dois manuscritos, desenvolvidos com base na análise de aspectos psicossociais associados ao consumo de frutas e hortaliças em adolescentes brasileiros. Foi desenvolvido estudo transversal, no ano de 2015, com alunos do 5º ao 9º ano do ensino fundamental de escola pública de Niterói, Rio de Janeiro. O primeiro manuscrito tinha como objetivo realizar estudo teste-reteste para avaliar a reprodutibilidade do questionário sobre aspectos psicossociais associados ao consumo de frutas e hortaliças. Foram avaliados 92 adolescentes com idade média de 13 anos (Desvio-padrão [DP]= 1,52). Realizou-se, primeiramente, a adaptação transcultural das questões relativas ao consumo de frutas e hortaliças (46 questões), do questionário “Aspectos Psicosociales Asociados a la Nutrición y Actividad Física de Adolescentes”, o qual avaliava, por meio de afirmativas descrevendo comportamentos positivos e negativos, a influência da autoeficácia, da família, dos pares, da imagem corporal e da mídia sobre o consumo de frutas e hortaliças em adolescentes. A reprodutibilidade do questionário foi avaliada por meio de teste-reteste, utilizando a estatística kappa e o coeficiente de correlação intraclasse (ICC). Foi observado que 60% das afirmativas apresentaram estatística kappa significativa (valor de p ≤ 0,05) e, em 55% delas, a concordância variou de razoável a moderada (kappa 0,21; 0,60). Os aspectos psicossociais que apresentaram maior concordância foram a autoeficácia (ICC=0,75), a influência da família (ICC=0,59), a imagem corporal (ICC=0,47) e a influência dos pares (ICC=0,30). As análises permitiram observar reprodutibilidade aceitável do questionário e que o mesmo permite avaliar os aspectos psicossociais relacionados ao consumo de frutas e hortaliças em adolescentes. No segundo manuscrito, avaliou-se a associação entre aspectos psicossociais e o consumo de frutas e hortaliças em adolescentes. Foram analisados 328 adolescentes com idade média de 12,7 anos (DP= 1,64). Os aspectos psicossociais foram avaliados pelo questionário desenvolvido para adolescentes, o consumo alimentar foi avaliado com a aplicação de dois recordatórios de 24h e questões especificas sobre a frequência de consumo de frutas e hortaliças. A autoeficácia e a influência dos pares foram os fatores que apresentaram maiores influências sobre os adolescentes. Observou-se que os adolescentes que são mais influenciados por esses aspectos aumentam tanto a quantidade quanto a frequência de consumo de frutas e hortaliças. Os achados da presente tese evidenciam que o questionário avaliado pode ser utilizado em adolescentes brasileiros e que atenção especial deve ser dada aos aspectos psicossociais relacionados aos hábitos alimentares, destacando a autoeficácia e a influência dos pares.
Palavras-chave: Adolescente, aspectos psicossociais, questionários, reprodutibilidade, tradução, frutas, hortaliças.
Título: EXCESSO DE PESO, GANHO PONDERAL E DESFECHOS PERINATAIS
EM MULHERES ADULTAS BRASILEIRAS
Autor: Thelma Brandão
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 13/03/2018
Resumo: O crescimento do sobrepeso (SP), da obesidade (OB) e do ganho ponderal excessivo entre gestantes vem sendo objeto de debate acadêmico e de políticas governamentais face aos efeitos deletérios à saúde da mulher e da criança em curto e longo prazo. Propostas de ganho de peso gestacional (GPG) específicas para a população brasileira capazes de contemplar as distintas categorias de estado nutricional, incluindo graus de obesidade, se fazem necessárias. Assim, objetivou-se analisar desfechos maternos adversos advindos do SP e da OB em estudos envolvendo mulheres brasileiras; propor e analisar faixas de GPG associadas a resultados neonatais favoráveis e avaliar associação do ganho ponderal, segundo classes de índice de massa corporal (IMC) nos desfechos maternos adversos selecionados a partir de dados de uma coorte representativa de mulheres. Para isso, foi conduzida uma revisão sistemática (RS) baseada nos guias Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses – PRISMA e Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation – GRADE que nortearam respectivamente a condução desta revisão e a avaliação do grau de evidências dos estudos incluídos. Foram analisados dados antropométricos do Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, Nascer no Brasil (2011-2012), para a identificação das faixas de GPG associadas a desfechos neonatais favoráveis, a partir da distribuição percentilar da amostra, assim como para identificação dos desfechos adversos maternos (síndromes hipertensivas da gravidez – SHG; diabetes mellitus gestacional – DMG e cesariana) associados à inadequação do GPG, considerando a mediana da distribuição como 100% de adequação. SHG, DMG, cesariana e GPG acentuado foram as condições adversas mais referidas pelos estudos incluídos pela RS. Resultados do referido inquérito indicaram que valores de GPG localizados entre os percentis 30 e 70 da distribuição entre gestantes de baixo peso e eutróficas associados a resultados neonatais favoráveis estiveram mais próximos das recomendações preconizadas pelo Institute of Medicine, ao contrário dos apresentados pelas categorias de SP e OB, que expressaram maior amplitude de variação. Assim, faixas de GPG associadas aos resultados neonatais favoráveis foram 12 a 18 kg, 11 a 16 kg, 9,7 a 15 kg, 5 a 12 kg, 6 a 12,2 kg, 4 a 10 kg e 2,2 a 7,9 kg para baixo peso, eutrofia, SP, OB, OB 1, OB II e OB III, espectivamente. Desfechos maternos desfavoráveis associados a inadequação do GPG foram observados nas mulheres eutróficas, com SP e OB. O GPG esteve fortemente associado às SHG, especialmente entre as eutróficas com ganho excessivo (OR= 3,36; IC 95% 2,46-4,59). Por outro lado, GPG insuficiente foi fator de proteção para tal desfecho em gestantes com SP (OR=0,36; IC 95% 0,23-0,56) e OB (OR= 0,50; IC 95% 0,35-0,72). Para a ocorrência de cesariana, observou-se efeito protetor do GPG insuficiente em mulheres eutróficas (OR= 0,57; IC 95% 0,46-0,71) e de SP (OR= 0,56; IC 95% 0,41-0,76), não ocorrendo este efeito em gestantes com OB. Entretanto o GPG excessivo aumentou a chance desta ocorrência para mulheres com SP (OR= 1,76; IC95% 1,23-2,53) e OB (OR= 1,92; IC95% 1,34-2,74). Por outro lado, não foi observada associação do GPG com a ocorrência de DMG em nenhuma categoria de IMC pré-gestacional. Assim, conclui-se, a partir da RS realizada, que foram as SHG, DMG, ocorrência de cesariana e GPG elevado os desfechos mais referidos pelos artigos associados ao excesso de peso, sendo esta revisão pioneira por incluir unicamente estudos com mulheres brasileiras. Além disso, a utilização de dados antropométricos de um inquérito representativo da população materna no país permitiu identificar faixas de GPG associadas a desfechos neonatais favoráveis, assim como averiguar o desempenho das mesmas na predicao de desfechos maternos adversos. Estes achados representam um avanço para a discussão sobre a proposição de GPG para mulheres brasileiras assim como para a identificação de faixas mais especificas segundo classes de obesidade. Por fim, almeja-se que o presente estudo possa nortear ações de controle e prevenção dos efeitos do excesso de peso e do ganho ponderal excessivo sobre a saúde da mulher e da criança.
Palavras-chave: Gravidez. Obesidade. Ganho de peso gestacional. Desfechos perinatais.
Título: EFEITO DO CONSUMO DE AÇÚCARES SOBRE O EIXO LEPTINA-SEROTONINA E O FATOR DE TRANSCRIÇÃO FOXO1 NO HIPOTÁLAMO DE RATOS
Autor: Viviane Wagner Ramos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 09/08/2018
Resumo: Açúcares de adição, consumidos em grande quantidade, têm sido relacionados a diferentes alterações metabólicas e, também, a prejuízos em mecanismos centrais de controle da homeostase energética e ao desenvolvimento de obesidade. Neste estudo, foi testada a hipótese de que o consumo crônico e elevado de diferentes açúcares seria capaz de interferir no eixo leptina-serotonina hipotalâmico, comprometendo vias anorexígenas cerebrais, afetando o controle da ingestão alimentar em ratos. Aos 30 dias de vida, ratos Wistar machos foram divididos em quatro grupos, tratados por oito semanas com ração comercial e água (grupo controle, C) ou ração comercial e solução contendo frutose (grupo frutose, F) ou glicose (grupo glicose, G) ou sacarose (grupo sacarose, S), todas a 20 %. Depósitos de gordura visceral foram dissecados, pesados e foi realizada morfometria no tecido retroperitoneal (RET). Análises do perfil lipídico sanguíneo e relativas à homeostase glicêmica também foram conduzidas. Resposta alimentar à infusão intracerebroventricular (ICV) de leptina e serotonina foi investigada após submissão dos animais à cirurgia esterotáxica. A expressão gênica dos receptores de leptina (LepR) e de serotonina (5-HT1B e 5-HT2C), do fator de transcrição Foxo1 e do supressor de sinalização de citocina (SOCS3) no hipotálamo foi avaliada por q-PCR e, por Western blotting, foram quantificados os teores hipotalâmicos de 5-HT2C, SOCS3 e do transportador de serotonina. Cromatografia líquida de alta eficiência foi empregada na análise das concentrações hipotalâmicas de serotonina. Apesar de valores similares na massa corporal, ao final das oito semanas de tratamento, os animais F, G e S apresentaram maior quantidade de tecido adiposo visceral, comparados ao C, embora somente os grupos F e S mostraram hiperplasia do RET. Não foi verificada alteração na homeostase glicêmica. Os animais F e S não responderam à injeção central de leptina, diferentemente do C e G. Resposta similar foi observada após a infusão de serotonina. Foram identificadas maior expressão gênica de LepR no grupo G, aumento do teor de 5-HT2C no grupo S e de SOCS3 e Foxo1 no grupo F. A concentração hipotalâmica de 5-HT foi menor no grupo F em comparação ao S. Sugere-se que a ingestão prolongada de frutose e sacarose estimula processos lipogênicos na massa adiposa visceral e limita a ação do eixo leptina-serotonina, por inibir resposta anorexígena. Regulação da via da leptina, por frutose, bem como da serotonina, por sacarose, parecem constituir processos resultantes do consumo crônico destes açúcares, enquanto a glicose parece perpetuar-se sem implicações negativas na homeostase energética.
Palavras-chave: açúcares, glicose, frutose, sacarose, leptina, serotonina, Foxo1.
Título: Óleo de Bertholletia excelsa H.B.K.: composição centesimal, análises físico-químicas e avaliação de dieta à base do óleo na patogênese da inflamação relacionada à obesidade em ratos Wistar
Autor: Carolina Croccia
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 11/07/2017
Resumo: Bertholletia excelsa H.B.K. também conhecida como castanha-do-brasil é a noz proveniente da castanheira-do-brasil, árvore típica da região norte do país, principalmente no estado do Pará. Rica em nutrientes, a castanha-do-brasil é um fruto oleaginoso onde mais de 70% de seu óleo contém ácidos graxos monoinsaturados. Análises físico-químicas são necessárias para elucidar as discrepâncias existentes na literatura, e portanto, torna-se o objetivo do primeiro capítulo a caracterização físico-química tanto da amêndoa como do óleo de castanha-do-pará. Todas as análises estão de acordo com o preconizado pela legislação brasileira, embora existam diferenças com os dados da literatura. Diferenças essas consideradas aceitáveis em virtude da natureza da matéria-prima. A obesidade é uma epidemia mundial e está fortemente associada à inflamação por meio da secreção e regulação de marcadores inflamatórios. Os ácidos graxos monoinsaturados são capazes de diminuir o colesterol total e aumentar o HDL-c mas é necessário avaliar se esses ácidos graxos podem atuar na melhora e regulação de alguns marcadores inflamatórios. O objetivo desse trabalho foi avaliar se uma dieta hiperlipídica em óleo de castanha-do-brasil é capaz de modular os efeitos inflamatórios causados por dieta hiperlipídica à base de banha de porco e indutora de obesidade em ratos Wistar. Foram utilizados 60 ratos wistar machos, a partir dos 60 dias de vida que receberam dieta à base de banha de porco, óleo de castanha-do-brasil e óleo de soja como ração controle até os 120 dias de idade. Biometria, lipidograma e hepatograma foram realizados e observou-se diferença para o tamanho do ventrículo esquerdo, ventrículo esquerdo/comprimento da tíbia (VE/CT), colesterol total, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), gama glutamiltransferase (GGT) e fosfatase alcalina entre os grupos que receberam dieta hiperlipídica de banha de porco e os grupos que receberam dieta hiperlipídica de óleo de castanha-do-brasil. A composição corporal foi analisada por DEXA e não houve diferença entre os grupos controle e experimentais quando avaliados no mesmo período (60, 90 e 120 dias). As concentrações plasmáticas das citocinas IL6, IL10 e TNF-α apresentaram elevação na presença de dieta de banha de porco, enquanto ao ofertar a dieta à base de óleo de castanha-do-brasil as mesmas se igualaram ao grupo controle (p<0,001). O mesmo ocorreu quando se analisou a densidade e diâmetro dos adipócitos. Sugere-se que o óleo de castanha-do-brasil possa ter atuado como um agente anti-inflamatório capaz de modular concentrações plasmáticas de citocinas e a hiperplasia e hipertrofia dos adipócitos no processo de obesidade, embora maior tempo de exposição da dieta fosse necessário para avaliar mudanças bioquímicas na fração HDL-colesterol em longo prazo no grupo que recebeu dieta com óleo de castanha-do-brasil.
Palavras-chave: Berthollettia excelsa, castanha-do-brasil, obesidade, citocinas, hiperplasia
Título: CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DE RETINOL, BETA-CAROTENO E ZINCO EM UMA COORTE DE MULHERES COM CÂNCER DE MAMA SEGUNDO ESTÁDIO E TOXICIDADE DO TRATAMENTO
Autor: Cíntia Letícia da Silva Rosa Alvarinho
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 29/03/2017
Resumo: Introdução: Os procedimentos utilizados para tratamento do câncer de mama são capazes de elevar a produção de radicais livres, aumento do estresse oxidativo e depleção de antioxidantes. Objetivo: Analisar as concentrações séricas e a relação entre retinol, β-caroteno e zinco em mulheres com câncer de mama, segundo o estádio da doença e da toxicidade aguda e tardia do tratamento radioterápico, considerando diferentes modalidades de tratamentos prévios a radioterapia. Métodos: Estudo longitudinal em uma coorte de mulheres com câncer de mama, avaliadas nos períodos pré-tratamento (T0), 7 (T1) e 120 (T2) dias após término do tratamento radioterápico. As pacientes foram divididas em 3 grupos: G1 submetidas a cirurgia conservadora, G2 submetidas a quimioterapia, e G3 submetidas a cirurgia conservadora e quimioterapia. As concentrações séricas de retinol e β-caroteno foram quantificadas por cromatografia liquida de alta eficiência com detector ultravioleta, e o zinco por espectrofotometria de absorção atômica. O estadiamento do câncer de mama foi baseado na classificação dos Tumores Malignos TNM. O tratamento radioterápico foi realizado através de teleterapia utilizando acelerador linear com energia de 6Mv com dose total variando de 50-50,4 Grays (Gy). A toxicidade aguda foi avaliada de acordo com a escala para toxicidade aguda da Radiation Therapy Oncology Group (RTOG) e para toxicidade tardia RTOG/EORTC (European Organization for Research and Treatment of Cancer). Resultados: Foram avaliadas 230 pacientes, com média de idade de 63,6 anos (+ 9,3). Na amostra predominou o estádio II do câncer de mama. Observou-se que as concentrações séricas dos micronutrientes avaliados reduziram à medida que aumentou o nível do estadiamento da doença. Em todos os estádios e em todos os grupos avaliados os maiores percentuais de deficiência ocorreram nas concentrações séricas de zinco e retinol. A cirurgia de forma isolada exerceu maior impacto negativo sobre as concentrações séricas de retinol. A cirurgia combinada com quimioterapia exerceu maior efeito negativo sobre as concentrações séricas de β-caroteno e zinco. Considerando os grupos estudados no T0, o maior percentual de deficiência de retinol foi no G3 com 21,3%, beta-caroteno no G1 38,5% e zinco também no G1 correspondendo a 30,8%. Observou-se redução estatisticamente significativa na média de todos os micronutrientes estudados, quando T0 foi comparado com T1. Após 120 dias todos os nutrientes avaliados aumentaram de forma significativa quando se comparou T1 com T2. Foi observado toxicidade aguda em 67,2% dos casos e a toxicidade tardia 100% da amostra, ambos – pertencentes ao grupo I. Considerando a toxicidade aguda, houve maiores concentrações séricas de retinol, beta-caroteno e zinco no grupo I quando comparada ao grupo II. Com relação à toxicidade tardia, houve diferença significativa na maioria dos grupos de tratamento prévios à radioterapia, com exceção ao zinco. Conclusão: Dentre os tratamentos prévios à radioterapia, a cirurgia combinada ou não com a quimioterapia exerceu maior impacto negativo sobre todos os micronutrientes estudados. Houve redução significativa de todos dos micronutrientes no T1, independentemente do tipo de tratamento prévio. Na toxicidade aguda quanto na tardia houve redução dos antioxidantes nos grupos com grau mais avançado de classificação, demonstrando a necessidade de acompanhamento e manutenção do estado nutricional destes antioxidantes ao longo do tratamento oncológico.
Palavras-chave: Câncer de mama, cirurgia, estadiamento, quimioterapia, radioterapia
toxicidade, vitamina A, zinco.
Título: DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO FUNCIONAL FERMENTADO DE SOJA, CONTENDO CAFÉ, PROBIÓTICOS E CASCA DE SOJA
Autor: Giselle Duarte de Oliveira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 28/08/2017
Resumo: Considerando os potenciais benefícios que a soja, o café e probióticos promovem à saúde, junto à atual tendência do mercado consumidor de escolhas de produtos alimentares alternativos, saudáveis, não lacteos e isentos de lactose, o presente estudo objetivou desenvolver um produto potencialmente funcional fermentado à base de soja e café, contendo bactérias probióticas e casca de soja. Para isto o trabalho foi dividido em 3 estudos: desenvolvimento do produto; viabilidade e caracterização físico-química do produto formulado e efeito do café e casca de soja sobre a multiplicação das bactérias probióticas. A aceitação de 11 produtos formulados foi avaliada por 129 adultos do Rio de Janeiro e Curitiba – Brasil, seguindo o mapeamento de preferências. As formulações foram elaboradas de acordo com um desenho experimental, considerando as variáveis teor açúcar, casca de soja e café solúvel. As amostras contendo 15% de sacarose, 0,5 e 1.5% de café solúvel e 1% de casca de soja obtiveram maior aceitação (média de 6,3 em escala de 1 a 9, o que indica boa aceitação para produtos à base de soja) de 129 participantes do Rio de Janeiro e de Curitiba, sem diferença entre os dois grupos de consumidores. Estes foram divididos em três grupos em função de diferentes padrões de aceitação. Os consumidores jovens, em sua maioria, e que bebiam café regularmente deram as maiores notas (6,8 de média) e os que não consumiam café regularmente e consumiam menos café, deram as menores notas (média de 4,0 ± 1,57). O produto final contendo 1% de café, 1% de fibras e 15% de sacarose foi caracterizado fisico-quimicamente e foram realizadas a avaliação higiênico-sanitária e da viabilidade dos microrganismos probióticos ao longo do período de armazenamento de 21 dias sob refrigeração (7 ºC). As matérias-primas e o produto formulado atenderam às exigências higiênico-sanitárias recomendadas pela legislação nacional vigente. Os lactobacilos foram afetados pelos fatores físico-químicos como atividade de água, pH baixo e acidez, e o café corroborou para o declínio da sua viabilidade ao longo do armazenamento, enquanto que as bifidobacterias apresentaram uma inibição nos sete primeiros dias de armazenamento, provavelmente pela competição com os lactobacilos. O produto pode ser considerado probiótico haja vista ter alcançando uma contagem média entre 106 a 107 células para L. acidophilus e 107 a 108 para B. animalis subsp. lactis por 100 g de porção do produto em até 14 dias de armazenamento. Ou ainda, 107 a 108 células de B. animalis subsp. lactis por 100 g de porção do produto até 21 dias de armazenamento. Um produto funcional, de boa aceitação, contendo polifenois, fibras e probioticos, além de outros compostos bioativos foi desenvolvido. A biodisponibilidade dos compostos bioativos deve ser avaliadafuturamente.
Palavras-chave: alimento funcional, soja, probióticos, café, alimento isento de lactose, casca, subprodutos, fibras, produto vegetal
Título: ÁCIDOS GRAXOS SÉRICOS, VITAMINA D E SUA ASSOCIAÇÃO COM A PRESSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS DE ADIPOCINAS E LIPÍDIOS SÉRICOS DURANTE A GESTAÇÃO
Autor: Jaqueline Lepsch da Costa
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 22/06/2017
Resumo: Introdução: Os ácidos graxos (AG) e a vitamina D parecem atuar como mediadores endócrinos e têm sido relacionados com importantes desfechos cardiovasculares, como as alterações na pressão arterial sistêmica (PA) e dislipidemias, no entanto, pouco se sabe sobre estas relações durante a gestação. Objetivo: (1) Investigar a associação entre as concentrações séricas de ácidos graxos saturados (AGS) totais bem como ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) e frações com a adiponectina e leptina plasmáticas. (2) Avaliar a associação de AGS, AGPI e ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) séricos com a PA. (3) Investigar a relação entre o estado da 25(OH)D no primeiro trimestre da gestação e alterações no HDL-c, LDL-c, colesterol total (CT), concentrações de trigliacilglicerois (TAG) e das razões TAG/HDL-c e HDL-c/CT, ao longo da gestação. Métodos: Coorte prospectiva com 223 gestantes que foram acompanhadas nas 5°-13°, 20°-26° e 30°-36° semanas de gestação. Amostras de sangue foram coletadas nas três visitas. Os AG séricos foram determinados por meio de cromatografia gasosa. Concentrações plasmáticas de adiponectina (ug/mL) e leptina (ng/dL) foram determinadas por ensaios imunoenzimáticos (ELISA) utilizando-se kits comerciais. As análises estatísticas incluíram (1) mediana de concentrações das adipocinas e (2) médias de PA, de acordo com os tercis de distribuição dos AG (3) média de concentrações de 25(OH)D no primeiro trimestre gestacional e modelos lineares múltiplos de efeitos mistos ajustados para (1) IMC, idade gestacional, ingestão total de energia, consumo de álcool e tabagismo, (2) idade materna, escolaridade, ingestão energética, ganho de peso gestacional, leptina, IMC pré-gestacional e atividade física de lazer, e (3) idade materna, HOMA-IR, IMC no primeiro trimestre, atividade física anterior a gestação, ingestão energética e idade gestacional. Resultados: (1) O total de AGS e a fração16:0 foram associadas negativamente com as concentrações de adiponectina plasmática. O total de AGPI n-6 e 18:2 n-6 foram associados positivamente com a adiponectina; AGS 14:0 e 20:3 n-6 foram associados positivamente com as concentrações de leptina plasmática. (2) No modelo múltiplo ajustado, as concentrações de AGS total e frações 16:0 e 18:0 apresentaram associação positiva e significativa com a pressão arterial sistólica (PAS) ao longo da gestação. Da mesma forma o total de AGMI, e as frações 16:1 n-7 e 18:1 n-9 assim como o total de AGPI n-6 e as frações 18:2 n-6 e 20:3 n-6 associaram-se positivamente com a PAS. Observou-se associação positiva e significativa entre a fração 18:0 e 20:0 a pressão arterial diastólica (PAD). (3) Os modelos ajustados mostraram associações diretas entre o estado de 25(OH)D no primeiro trimestre e as mudanças nas concentrações de CT, LDL-c e na razão entre CT/HDL-c durante a gestação. Conclusões: (1) As concentrações séricas de AGS total e a fração 16:0 foram negativamente associadas com a adiponectina plasmática e positivamente associada com as concentrações de leptina. (2) As concentrações de AGS 18:0 e 20:0 foram significativamente associadas com a PAS e a PAD ao longo da gestação. Contudo, dada a escassez de estudos que avaliaram estas associações e a importância destas questões, são necessários mais estudos clínicos e epidemiológicos. (3) A inadequação de 25(OH)D no primeiro trimestre associou-se com maiores concentrações de CT, LDL-c e CT /HDL ao longo da gestação. Alterações nestes marcadores cardiovasculares sugerem a importância de se assegurar estado adequado de vitamina D no início da gestação.
Palavras-chave: adiponectina, leptina, ácidos graxos, pressão arterial sistêmica, vitamina D, gestação, estudos de coorte
Título: Nutrição escolar consciente: introdução da educação nutricional no contexto do Programa Nacional de Alimentação Escolar em escolas públicas municipais de Duque de Caxias-RJ
Autor: Margareth Xavier da Silva
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 06/02/2017
Resumo: A escola é o local de integração de vários saberes, dentre os quais, temas relacionados à saúde. É o ambiente oportuno para conscientizar os alunos da importância e dos benefícios na adoção da alimentação saudável, pois possui características favoráveis ao desenvolvimento do trabalho contínuo. O Programa Nacional de Alimentação Escolar destina recursos para garantia da oferta de refeições em todas as escolas públicas a fim de atender às necessidades nutricionais dos escolares no horário de aula, além de favorecer a formação de melhores escolhas alimentares. Embora haja muitos recursos envolvidos neste Programa, a aceitação da alimentação escolar está aquém do que está estabelecido como propósito. Este estudo considerou que a introdução da educação nutricional no contexto do PNAE em escolas públicas municipais de Duque de Caxias-RJ poderia estimular e favorecer a aceitação da alimentação escolar pelos alunos. A pesquisa ocorreu em duas fases. A primeira foi descritiva e a amostra composta de 426 alunos, com idades entre oito e quinze anos, matriculados em seis escolas do ensino fundamental, de 3º ao 5º ano. Procedeu-se à caracterização dos alunos, análise dos cardápios, diagnóstico da aceitação da alimentação escolar e avaliação do conhecimento de alimentação saudável. Na segunda fase, selecionou-se 243 alunos de três escolas que não contemplaram o percentual de aceitação da alimentação escolar definido pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar ou cujas pontuações na avaliação do conhecimento sobre alimentação saudável ficaram abaixo da nota 7,0 (sete) para realização de intervenção educativa e posterior reavaliação. A avaliação do estado nutricional antropométrico apontou 10% dos escolares com obesidade. Verificou-se que escolares adquiriam muitos alimentos não saudáveis para consumir na escola, sejam da cantina escolar, ou trazidos de casa. A avaliação dos cardápios mostrou que a maioria das exigências nutricionais era atendida, exceto para o cálcio, abaixo da recomendação do Programa Nacional de Alimentação Escolar. A intervenção obteve adesão dos alunos nas atividades educativas e houve melhoria, tanto na aceitação das refeições escolares, quanto no aumento da pontuação na avaliação do conhecimento sobre alimentação saudável, reforçando o papel da escola como espaço para promoção de hábitos de alimentação saudáveis.
Palavras-chave: escola, escolar, alimentação, educação.
Título: DESENVOLVIMENTO DE SUCOS TROPICAIS E DE GELEIAS DE BURITI (MAURITIA FLEXUOSA L.): AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, SENSORIAL E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE EM CÉLULAS DE CÂNCER DE MAMA
Autor: Mariana Silva Pelosi
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 22/09/2017
Resumo: O buriti (Mauritia flexuosa L.) é um fruto de origem amazônica e pouco conhecido como matéria-prima para a indústria alimentícia. O objetivo do trabalho foi formular produtos à base da polpa do buriti (PB), como sucos e geleias de buriti com açúcar refinado, açúcar demerara ou sucralose. Foram feitas análises da composição centesimal, teor de sólidos solúveis, pH, coordenadas colorimétricas, carotenoides, compostos fenólicos, capacidade antioxidante (CA), viabilidade celular, CA celular em célula tumoral tratada com extrato da PB, análise da qualidade higiênico-sanitária e avaliação sensorial dos produtos. Os resultados mostraram que a composição nutricional da polpa, dos sucos e das geleias de buriti foram semelhantes ao de outros estudos com polpa, sucos e geleias. Além disso, verificou-se que os produtos diet de buriti apresentaram maiores teores de carotenoides, compostos fenólicos e CA, se comparados aos produtos formulados com adição de açúcar refinado. Para avaliar a CA celular, o extrato de buriti foi adicionado em células de câncer de mama MDA-MB-231 tratadas com peróxido de hidrogênio. Verificou-se que não houve diminuição da viabilidade celular, nem aumento da capacidade antioxidante celular nas condições experimentais aplicadas. Com relação à qualidade higiênico-sanitária, todos os produtos apresentaram-se de acordo com a legislação. Apesar de a geleia diet ter mostrado maior CA, não recebeu as maiores notas na avaliação sensorial. A análise sensorial mostrou que os produtos com açúcar foram os produtos mais aceitos e que as geleias foram mais aceitas que os sucos. Portanto, a geleia com açúcar demerara pode ser uma melhor opção para consumo dentre os produtos formulados, ao conciliar todos os aspectos apresentados.
Palavras-chave: buriti, valor nutricional, capacidade antioxidante, análise sensorial.
Título: RISCO DE DESNUTRIÇÃO DE PACIENTES COM CÂNCER: RESULTADOS DO INQUÉRITO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA, UM ESTUDO MULTICÊNTRICO E DE BASE HOSPITALAR
Autor: Nivaldo de Pinho Barroso
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 05/12/2017
Resumo: O câncer é um problema de saúde pública global e a desnutrição destes pacientes está associada com a redução na qualidade de vida, tolerância e eficácia do tratamento, aumento do risco de complicações e dos custos hospitalares, constituindo um importante fator de risco para a progressão da doença e mortalidade. O objetivo do estudo foi avaliar a prevalência e os fatores de risco independentes para desnutrição em pacientes hospitalizados com câncer, das diferentes regiões do Brasil, utilizando a avaliação Subjetiva Global Produzida Pelo Paciente (ASG-PPP). Foram avaliados 4783 pacientes com câncer, com idade ≥ 20 anos, em estudo multicêntrico, analítico e transversal, de base hospitalar, durante as primeiras 24h após internação. Com a aplicação da ferramenta ASG-PPP os pacientes foram classificados em bem nutrido (A), moderadamente desnutrido (B) e gravemente desnutrido (C). Empregou-se a regressão politômica ordinal com modelo de chances proporcionais e a análise multivariada foi composta pela razão de chances (RC) com intervalo de confiança (IC) de 95%. Observou-se que 45,3 % dos pacientes estavam desnutridos, sendo que 11,8% com desnutrição grave e 45,2% com necessidade de intervenção nutricional. As variáveis que apresentaram maiores RC para desnutrição foram: disfagia (RC 2,75, IC 95% 2,22-3,41, p<0,001), anorexia (RC 1,93, IC 95% 1,64-2.28, p<0,001), vômitos (RC 1,84, IC 95% 1,48-2,29, p<0,001), presença de mais de 3 sintomas de impacto nutricional (RC 8,34, IC 95% 5,8-12, p<0,001), sítios tumorais do tórax (RC 4,59, IC 95% 3,18-6,63, p<0,001), abdômen alto (RC 3,70, IC 95% 2,66-5,15, p<0,001) e cabeça e pescoço (RC 3,70 IC 95% 2,66-5,15, p<0,001) e internação na região Norte do Brasil (OR 5,02; IC 95% 3,37-7,47; p<0,001). A pontuação da caixa D da ferramenta ASG-PPP que representa a avaliação física dos compartimentos de gordura, músculo e retenção hídrica, apresentou maior associação com desnutrição (OR 7.31 IC 95% 6.55-8.16, p< 0.001). Nos pacientes com idade ≥65 anos a prevalência de desnutrição moderada e grave (estágio B + C) foi de 55% e 40,8% apresentaram de 1 a 3 sintomas de impacto nutricional. Dentre os sintomas com maiores chances de ocorrência nos idosos em comparação com indivíduos com idade ≤ 50 anos foram: anorexia (OR 1,90, IC 95% 1,62-2,22, p<0,05) e xerostomia (OR 1,40, IC 95% 1,18-1,67 p<0,05). Naqueles de faixa etária entre 51 a 64 anos, quando também comparados aos indivíduos com idade ≤50 anos, foram: anorexia (OR 1,45, IC 95% 1,23-1,69 p<0,05), xerostomia (OR 1,22, IC 95% 1,02-1,45 p<0,05) e perda de peso (OR 1,21, IC 95% 1,05-1,39 p<0,05) que apresentaram maior probabilidade de desnutrição grave (OR 1,55, IC 95% 1,23-1,94, p<0,05). Desnutrição foi altamente prevalente em pacientes com câncer no Brasil e está mais fortemente associada a presença de mais de 3 sintomas de impacto nutricional, tumores de localização em tórax, abdômen alto e cabeça e pescoço, internação na região norte do Brasil e idade superior a 65 anos. Observou-se maiores chances de ocorrência dos sinais e sintomas de impacto nutricional, a saber, anorexia, disfagia, xerostomia, perda de peso e redução da ingestão nos pacientes com idade superior a 50 anos. Os resultados sugerem a necessidade da aplicação da triagem nutricional nas primeiras 48 horas de internação, a fim de permitir o diagnóstico e intervenção multidisciplinar precoce.
Palavras-chave: Desnutrição, Avaliação Nutricional, Câncer, sintomas, estudo multicêntrico, Brasil, prevalência, ASG-PPP.
Título: AVALIAÇÃO HIPOTALÂMICA DE FATORES LIPOGÊNICOS E INFLAMATÓRIOS EM RATOS WISTAR APÓS A INGESTÃO PROLONGADA DE SOLUÇÃO DE FRUTOSE
Autor: Leandro Oliveira Batista
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 11/11/2016
Resumo: Evidências mostram a relação direta do consumo elevado de frutose com alterações periféricas compatíveis com a síndrome metabólica e aumento de vias lipogênicas e pró-inflamatórias, entretanto são poucas as evidências desses efeitos em tecido hipotalâmico. Assim, foi avaliado se o consumo de frutose por 8 semanas afeta a expressão de enzimas fatores de transcrição das vias lipogênica e inflamatória no hipotálamo de ratos Wistar. Aos 30 dias os animais foram divididos em grupos: Controle (C) e Frutose (F) e mantidos com acesso livre à ração e água filtrada (C) ou solução aquosa de frutose à 20% (F). Foram avaliados a ingestão hídrica, de ração e a massa corporal. Aos 90 dias foi analisada a glicemia e triacilglicerolemia e o hipotálamo foi coletado para quantificação, por Western Blotting, das proteínas acetil-CoA carboxilase (ACC), ácido graxo sintase (AGS) e fator nuclear kappa B (NFkB) e, por qPCR a expressão dos gene-alvo: proteína ligadora do elemento regulado por esteróis -1c; -2 (SREBP-1c, SREBP-2), ACC, AGS e NFkB. Os resultados mostraram no grupo F menor consumo de ração, aumento na glicemia (146,20+6,09 vs. 102,32+4,58; n=9) e triacilglicerolemia (F:191,65+13,51 vs. C:131,69+6,49; n=9) e não houve diferença no consumo hídrico e energético. Identificamos maior teor de ACC (F: 133,93+5,58 vs. C: 100+0,0; n=9-10), NFkB (F: 125,5+8,85 vs. C: 100+0,0; n=14) e SREBP-1c (F: 4,08+0,44 vs. C: 1,13+0,15; n=5-6) no grupo F, enquanto AGS foi menor (F: 85,90+4,81 vs. C: 100+0,0; n=4-6). Os genes para ACC, SREBP-2 e NFkB não foram diferentes entre os grupos. Concluímos que a frutose foi capaz de estimular passos iniciais da via lipogênica e inflamatória no hipotálamo de forma semelhante aos tecidos periféricos, além disso, tais alterações surgem antes de efetivas modificações na ingestão alimentar, sugerindo ação na regulação da ingestão alimentar.
Palavras-chave: levulose – enzimas lipogênicas – inflamação – hipotálamo – SREBP – obesidade
Título: O LÚDICO NA EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL DE IDOSAS INSTITUCIONALIZADAS
Autor: Andrea Abdala Frank Valentim
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 7/21/2016
Resumo: A presente tese, cujos resultados são apresentados na forma de dois artigos científicos, visa avaliar o efeito da educação alimentar e nutricional, com ênfase a atividades lúdicas, na promoção de conhecimentos sobre alimentação saudável em idosas residentes em uma instituição de longa permanência gerenciada por recursos federais e filantrópicos, na cidade do Rio de Janeiro – Brasil, e ainda descrever sobre a análise de cardápios elaborados pelo serviço de nutrição e da empresa de alimentação prestadora deste serviço. Trata-se de um estudo de abordagem longitudinal, descritivo, quantitativo e de intervenção, desenvolvido com 15 idosas elegíveis, entre 60 a 95 anos de idade, residentes do Pavilhão São José, Abrigo Cristo Redentor – RJ. A investigação foi realizada no período de 2013 a 2014, incluindo um projeto piloto anterior a pesquisa propriamente dita, desenvolvida nas seguintes fases: A eleição e o aceite da direção da instituição onde a pesquisa aconteceria e a amostra mais representativa, de acordo com as necessidades de elaboração, planejamento e execução das etapas conclusivas, inerentes ao estudo, com vista aos resultados e conclusões finais. A partir deste momento foram realizadas as avaliações do estado nutricional e da função cognitiva das idosas; a aplicação e a avaliação dos jogos lúdicos e educativos antes e após cada intervenção, técnicas educativas, com abordagem de conceitos básicos sobre alimentos e alimentação saudável e promoção de saúde. Palestra, oficina culinária e a gincana foram os instrumentos para a transmissão dos conhecimentos básicos sobre alimentos e alimentação saudável, entre o primeiro e o segundo momento de avaliação pelos jogos lúdicos didáticos. Em paralelo ocorreu a avaliação quantitativamente e qualitativamente dos macronutrientes e micronutrientes das refeições oferecidas às idosas institucionalizadas. As práticas educativas instrumentalizadas com elementos lúdicos foram capazes de proporcionar conhecimentos sobre alimentação saudável, mostrando-se como importante aliada na promoção da saúde e controle das enfermidades instaladas, ainda que num contexto da institucionalização onde se mostram mais fragilizadas física e emocionalmente. Em outra percepção foi observado inadequações da oferta de grupo de alimentos e nutrientes, com refeições com alto teor lipídico e protéico e baixa oferta de frutas e hortaliças; não condizente com o que se pretende no alcance de um envelhecimento saudável, independe da pessoa idosa estar ou não institucionalizada.
Palavras-chave: Idoso, Idoso Institucionalizado, Alimentação Saudável, Saúde do Idoso, Educação Alimentar e Nutricional, Jogos lúdicos, Envelhecimento.
Título: MUDANÇAS NO PERFIL ANTROPOMÉTRICO E NA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE UMA COORTE DE ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL – ESTUDO LONGITUDINAL DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES (ELANA)
Autor: Milena Miranda De Moraes Ferreira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 7/8/2016
Resumo: Esta tese teve como objetivo geral avaliar a influência das variáveis socioeconômicas e de estilo de vida sobre as trajetórias de indicadores de adiposidade em indivíduos que se encontravam na primeira fase da adolescência. Foram utilizados os dados do Estudo Longitudinal de Avaliação Nutricional de Adolescentes (ELANA), composto por 809 estudantes (idade média 11,8 anos) que cursavam o 6º ano do ensino fundamental em quatro escolas privadas e duas escolas públicas da região metropolitana do Rio de Janeiro em 2010, avaliados anualmente até 2013. Para atingir os objetivos da tese, foram desenvolvidos dois manuscritos. O primeiro descreve a trajetória do índice de massa corporal (IMC) e do percentual de gordura corporal ao longo de quatro anos, segundo variáveis sociodemográficas, e as associações entre variáveis sociodemográficas e o ganho excessivo de IMC e percentual de gordura corporal ao final do seguimento. Meninas de escolas particulares (p=0,003) e meninos brancos (p=0,041) apresentaram maior aumento no IMC do que meninas de escolas públicas e meninos não-brancos, respectivamente. Meninos brancos também tiveram maior chance de apresentarem ganho excessivo no IMC (OR=3,28; IC 95% 1,13 – 9,52) e percentual de gordura corporal (OR=3,32; IC 95% 1,38 – 8,01) ao final do seguimento do que meninos não-brancos. Por outro lado, meninas brancas tiveram menor chance (OR=0,42; IC 95% 0,18 – 0,96) de experimentar ganho excessivo no percentual de gordura corporal do que as não-brancas. O segundo manuscrito teve como objetivo identificar, por meio de análise de clusters, padrões de comportamentos relacionados ao balanço energético e sua relação com o excesso de peso e de gordura corporal total ou abdominal, transversal e longitudinalmente, bem como no ganho excessivo de peso, gordura abdominal e gordura corporal total durante o período de seguimento. Foram identificados quatro grupos de comportamentos entre os adolescentes: (1)“neutro”, em que nenhum dos comportamentos avaliados se destacava; (2) “sedentário”, caracterizado por elevado tempo dedicado ao hábito de assistir à televisão; (3) “Misto”, com elevado consumo de frutas, legumes, verduras e bebidas açucaradas; e (4) “ativo”, identificado por maior tempo de prática de atividades físicas moderadas e vigorosas. A prevalência de excesso de peso foi mais elevada em meninos do grupo “sedentário” do que nos demais e, embora as trajetórias dos indicadores de adiposidade não tenha diferido entre agrupamentos, meninos deste grupo tiveram maior chance de apresentar percentual de gordura elevado ao final do seguimento (OR=3,18; IC95% 1,43 – 7,10) e ganho excessivo de IMC ao longo de quatro anos (OR=2,92; IC95% 1,04 – 8,20). Por sua vez, meninas no grupo “ativo” tiveram maior chance de apresentarem perímetro da cintura elevado ao final do seguimento (OR=2,87; IC95% 1,01 – 8,16). Na população estudada, a prática de comportamentos sedentários e melhores condições socioeconômicas se associam ao ganho de peso e de gordura corporal, principalmente no sexo masculino, enquanto a prática de atividade física apresentou relação inversa com adiposidade entre meninos. Os resultados desta tese contribuem para o entendimento da etiologia do excesso de peso nesta faixa etária no contexto da região metropolitana do Rio de Janeiro, principalmente para o sexo masculino.
Palavras-chave: Adolescentes. Índice de Massa corporal. Circunferência da Cintura. Adiposidade. Fatores socioeconômicos. Comportamentos saudáveis. Estilo de vida. Consumo alimentar. Estudos longitudinais.
Título: AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE VITAMINA D E SUA RELAÇÃO COM O PERFIL ÓSSEO E METABÓLICO EM ADOLESCENTES OBESOS GRAVES ANTES E UM ANO APÓS O BYPASS GÁSTRICO EM Y DE ROUX
Autor: Jacqueline De Souza Silva
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 6/14/2016
Resumo: O objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional de vitamina D e antropométrico em adolescentes obesos graves antes e após o Bypass Gástrico em Y de Roux (BGYR) e sua relação com alterações ósseas e metabólicas. Estudo prospectivo longitudinal com adolescentes obesos graves de ambos os sexos, com idade entre 15 e 20 anos e índice de massa corporal (IMC)/idade no percentil superior a 99,9. Os adolescentes foram avaliados antes e após 6 e 12 meses do BGYR no Centro Multidisciplinar de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, no município do Rio de Janeiro e no pós-cirúrgico foram suplementados com 1.800UI de vitamina D e 250mg de carbonato de cálcio. Na avaliação laboratorial foram obtidos dados de 25(OH)D, cálcio, fósforo, magnésio, fosfatase alcalina, hormônio da paratireoide (PTH), colesterol total (CT), high density lipoprotein (HDL-c), low density lipoprotein (LDL-c), triglicerídeos, leptina sérica, glicemia, Homeostatic Model Assessment (HOMA-IR) e proteína C reativa (PCR). Foram avaliadas a idade óssea por radiografia, a DMO por DXA (Dual-energy X-ray absorptiometry) e a esteatose hepática (EH) por ultrassonografia abdominal total. Foram obtidos dados de perímetro da cintura (PC); peso; estatura e calculado o IMC. Foi avaliada também a relação entre o sucesso da cirurgia e o estado nutricional de vitamina D. O nível de significância adotado pelo estudo foi de 5%. A amostra foi constituída por 64 adolescentes sendo 65,6% do sexo feminino, com mediana de idade de 17,5 anos. A mediana da idade óssea no pré-operatório foi de 16,4 anos para as meninas e de 17,2 anos para os meninos. Observou-se redução ao longo dos tempos avaliados, nas variáveis peso, IMC, PC, esteatose hepática, síndrome metabólica, hipertensão arterial sistêmica e das dislipidemias (p< 0,0001) e da coluna lombar 3,5% (p < 0,0001) de 6 meses para 12 meses. A redução da DMO da coluna lombar foi maior naqueles com PTH inadequado (p = 0,015). A melhora da EH foi relacionada ao aumento sérico da vitamina D. Observou-se correlação negativa entre as concentrações séricas de vitamina D e PTH (rs = -0,327; p = 0,008); LDL-c (rs = -0,274; p = 0,028) e PCR (rs = -0,202; p = 0,021). O sucesso cirúrgico foi alcançado por 82,8% dos adolescentes no período avaliado. Aqueles que não alcançaram o sucesso cirúrgico apresentaram, ao final de 12 meses, concentrações séricas de vitamina D superiores se comparado aos que perderam peso mais rapidamente. Os valores séricos do PTH foram mais elevados aos 12 meses, principalmente naqueles que obtiveram sucesso cirúrgico. A DVD foi elevada no pré-operatório do BGYR com piora após 12 meses de pós-operatório e, com redução significativa da DMO ao final deste período, apesar da vigência da suplementação oral diária de vitamina D e cálcio. O sucesso da cirurgia apresentou impacto negativo no estado nutricional de vitamina D e no perfil ósseo, apesar da suplementação vitamínica e aumento da exposição solar; e positivo na redução de peso, IMC, PC, esteatose hepática, hipertensão arterial sistêmica, síndrome metabólica e dislipidemias. Recomenda-se a investigação da DVD em adolescentes obesos graves antes e após o BGYR e acompanhamento por tempo superior a 1 ano após o procedimento cirúrgico.
Palavras-chave: Adolescentes obesos graves; Bypass Gástrico em Y de Roux; deficiência de vitamina D; obesidade; cirurgia bariátrica; densidade mineral óssea; esteatose hepática.
Título: ESTUDO DE FÓRMULAS ALIMENTARES ARTESANAIS COM BAIXO TEOR DE FENILALANINA
Autor: Rosana Posse Sueiro Lopez
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 4/26/2016
Resumo: A fenilcetonúria (PKU) é o erro do metabolismo dos aminoácidos mais comum e mais documentado na literatura médica. Objetivou-se desenvolver fórmulas alimentares artesanais com baixa quantidade de fenilalanina (Phe) suplementadas com vitamina B12 e Tirosina. O enfoque foi dado a Técnica Dietética, enfatizando, portanto, o aspecto científico da culinária. A seleção dos alimentos foi subsidiada pela consulta as tabelas de composição química dos alimentos. As combinações de alimentos constituíram-se em cinco fórmulas artesanais. Empregou técnicas de análises químicas com a finalidade de inferir o conteúdo total de Phe e os valores energéticos totais das formulações. A aceitabilidade das fórmulas foi averiguada por provadores não treinados, portadores de PKU, atendidos no centro de referência à portadores de PKU no IEDE/RJ. Utilizou-se teste afetivo tipo escala hedônica facial híbrida. Participaram da análise quinze portadores (n=15), nas faixas etárias de 9 anos a 12 anos, sendo 33% ♂ e 66,7% ♀. A maioria dos voluntários é de baixa renda econômica e reside fora da cidade do Rio de Janeiro, 68% destes, obtiveram diagnósticos e intervenção dietética com menos de um mês de vida. Sob a assertiva de que práticas educativas em nutrição devem ter transmissão de informações objetivas à vida cotidiana, a aplicabilidade das fórmulas foi abordada por promoção de oficina culinária com participação de 18 interessados. A porção proposta foi 250 mL, com sugestão de consumo nas pequenas refeições (VET de até 5%) de acordo recomendação da FAO/OMS para sexo e faixa etária. A análise por cromatografia liquida revelou que as fórmulas apresentam valores de Phe dentro dos níveis permitidos para consumo dos portadores. O teste sensorial apontou boa aceitabilidade das fórmulas (p=0,05). Confrontando-se os resultados das análises dos teores de Phe encontrados com os das tabelas de composição química consultadas, verificou-se que as tabelas subestimam os valores totais de Phe das fórmulas. Esse dado sublinha a possibilidade de maior consumo de Phe na dieta do que o estimado, visto que as tabelas são a principal ferramenta para controle e ajuste da dieta do portador. As diferenças podem estar relacionadas a diversos fatores, entretanto, a relevância dos dados encontrados aponta para necessidade de uma investigação mais aprofundada para as referidas causas de discrepância. O alto grau de satisfação dos participantes da oficina culinária revelou que tal prática mostra-se valioso instrumento de incentivo e promoção a adesão da dietoterapia para esse grupo de pacientes.
Palavras-chave:
Título: PREMATURIDADE E BAIXO PESO AO NASCIMENTO E SUA ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM ADOLESCENTES
Autor: Aline Bull Ferreira Campos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 3/29/2016
Resumo: Introdução: As doenças cardiovasculares (DCV) são responsáveis pelo maior número de óbitos na população mundial e, dentre os seus fatores de risco as condições ao nascer têm sido foco de estudo devido à correlação positiva com o seu desenvolvimento na vida adulta. Objetivo: Avaliar a associação entre o peso e idade gestacional ao nascer com variáveis antropométricas, clínicas, bioquímicas e comportamentais de risco cardiovascular em adolescentes. Métodos: Foram avaliados 153 adolescentes entre 10 e 19 anos, atendidos no Centro de Referência do Adolescente, Macaé, RJ. O grau de maturação sexual foi avaliado pelos estágios puberais de Tanner. Para a avaliação antropométrica, mediu-se peso, estatura, perímetro da cintura (PC), perímetro do braço (PB), perímetro muscular do braço, área muscular do braço, área de gordura do braço, dobras cutâneas tricipital, subescapular e bicipital, a razão da medida da cintura pela estatura (RCE), e percentual de gordura corporal (% GC). Foram considerados com sobrepeso aqueles com Índice de Massa Corporal (IMC) entre os percentis 85 e 97, e obesos aqueles no percentil superior a 97. Foi considerado excesso de gordura corporal valores ≥ 20% para meninos e ≥ 25% para meninas. Foram realizadas dosagens bioquímicas de colesterol total e suas frações (LDL-c e HDL-c), triglicerídeos, glicose e leptina sérica e foi feita a medida da pressão arterial (PA). As variáveis ao nascer foram coletadas através da Caderneta de Saúde da Criança. Foram coletadas informações sobre prática de atividade física, consumo de bebida alcoólica, hábito de fumar, história familiar de doença cardiovascular e de obesidade. Foram utilizados o Teste t –Student, Qui-quadrado (χ²) e modelos de regressão linear múltipla e de regressão logística multivariada. Resultados: A prevalência de BPN foi de 21,6% e de prematuridade, 17%. O excesso de peso foi significativamente maior entre os adolescentes com BPN (60,6%). A prevalência de prematuros com IMC inadequado foi de 57,6% quando comparado a dos que nasceram a termo (37,7%; p = 0,06). As meninas com BPN apresentaram médias maiores do somatório das dobras e %GC (p < 0,05), enquanto que as que nasceram prematuras apresentaram médias maiores do IMC, das dobras cutâneas e circunferências realizadas, com excessão do PC, além do %GC (p<0,05). O BPN foi considerado variável preditora independente do IMC inadequado quanto do percentual de gordura corporal elevado em meninas. As adolescentes que nasceram prematuras apresentaram risco 2 vezes maior de inadequação da dobra cutânea subescapular. Os adolescentes com obesidade grave que nasceram prematuros e baixo peso, apresentaram médias significativamente maiores da RCE 13 e PC quando comparados com os adolescentes nascidos com peso e idade gestacional adequados (p<0,01). Nas meninas e meninos que nasceram prematuros foram observadas médias significativamente maiores do IMC e leptina (p < 0,05) e de LDL-c e PA diastólica, respectivamente. A concentração média de leptina também foi maior nos adolescentes com condições ao nascer desfavoráveis que apresentaram maior percentual de gordura corporal e nos obesos graves. A leptina apresentou correlação com o IMC (r = 0,52; p = 0,01), seguido do PC (r = 0,49; p = 0,00), nos adolescentes com baixo peso (p = 0,01). A história familiar de doença cardiovacular foi observada em 77% dos adolescentes e mais prevalente naqueles com excesso de peso (p = 0,04). O consumo de bebida alcoólica, hábito de fumar e comportamento sedentário estiveram presente em 24,8%, 13,7% e 52,6% respectivamente, independente das condições ao nascimento. Conclusão: Foi observada associação entre as condições ao nascer com o excesso de peso e composição corporal. A idade gestacional ao nascer se associou com o IMC e concentrações de LDL-c e leptina nos adolescentes. Os achados enfatizam a perspectiva de uma assistência nutricional nas consultas de pré-natal e elaboração de protocolos clínicos nutricionais direcionados a criança e adolescentes nas rotinas hospitalares e escolares objetivando assim, a contribuição na prevenção e diminuição do desenvolvimento de fatores de risco cardiovasculares.
Palavras-chave: peso ao nascer, prematuridade, composição corporal, risco cardiovascular, programação fetal, adolescente.
Título: MODIFICAÇÕES DOS INDICADORES SOCIAIS, INSEGURANÇA ALIMENTAR E CONSUMO ALIMENTAR DE CRIANÇAS MENORES DE TRINTA MESES RESIDENTES EM UMA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO NOS ANOS 2005 E 2010
Autor: Marina Maria Leite Antunes
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2/26/2016
Resumo: Este estudo teve como objetivos (1) descrever a variação dos indicadores sociais e sua associação com a insegurança alimentar (IA) entre famílias com crianças em dois inquéritos populacionais realizados no Rio de Janeiro; (2) avaliar as mudanças no padrão de consumo alimentar de crianças menores de trinta meses residentes na região metropolitana do Rio de Janeiro nos anos de 2005 (n=391) e 2010 (n=443) e estimar a associação desse consumo com os indicadores sociais em cada ano de estudo. Foram utilizados dados de dois inquéritos domiciliares realizados no município de Duque de Caxias nos anos de 2005 e 2010. As informações socioeconômicas das famílias foram obtidas por questionário. A IA foi estimada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. O consumo alimentar foi avaliado por meio de recordatórios de 24 horas e os padrões dietéticos foram gerados por análise fatorial de componentes principais. As frequências foram comparadas pelo teste Qui-Quadrado e para investigar as associações de IA com os indicadores sociais foi adotada a regressão logística multinomial (odds ratio – OR) e regressão linear para estimar associação dos padrões dietéticos com as variáveis socioeconômicas. Para significância estatística considerou-se p<0,05. Houve redução nas prevalências de IA, aumento na escolaridade dos chefes de famílias, redução da aglomeração familiar e maior acesso ao filtro para consumo de água. No ano de 2005, a renda familiar esteve inversamente associada a todos os níveis de IA e a escolaridade do chefe da família apresentou um OR de 3,08 (IC 95% 1,09-8,15) para IA leve e 5,24 (IC% 1,2 – 22,89) para IA moderada/grave. No ano de 2010, a presença de filtro para consumo de água (OR=4,01 IC95% 1,91- 8,54), a renda mensal per capita (OR=0,99 IC95% 0,98-0,99) e a classificação socioeconômica da família nas categorias D e E (OR=6,81 IC% 1,15-40,09) permaneceram significativamente associadas com as formas mais graves de IA. Quanto ao consumo alimentar, foram identificados padrões diferentes nos dois inquéritos sendo: (i) em 2005, três padrões alimentares nas crianças menores de 18 meses (“Tradicional”, “Leite e Farinhas Infantis” e “Misto”) e dois padrões alimentares nas crianças de 18 a 30 meses (“Tradicional” e “Misto”) e (ii) no ano de 2010, 3 padrões em ambas as faixas etárias avaliadas “Lanches”, “Misto-monótono”, “Misto” para os menores de 18 meses e “Tradicional misto”, “Monótono” e “Misto”entre as crianças de 18 a 30 meses. Em 2005, o padrão “Tradicional” se associou negativamente com a IA e a classificação socioeconômica das famílias. O padrão “Misto” se associou positivamente com a renda mensal per capita e o tratamento da água usada para consumo e negativamente com o número de moradores no domicílio entre os menores de 18 meses. Entre as crianças de 18 a 30 meses o padrão “Tradicional” apresentou associação negativa com o tratamento da água para consumo, enquanto o padrão “Misto” se associou negativamente com a IA e a classificação socioeconômica das famílias. No ano de 2010, em crianças menores de 18 meses o padrão “Misto monótono” apresentou associação positiva com o recebimento do benefício do programa bolsa família e o padrão “Misto” apresentou associação negativa com o tratamento da água de consumo. Entre as crianças maiores de 18 meses, o padrão “Tradicional misto” se associou negativamente com a IA. O padrão “Misto” foi associado negativamente com o número de moradores no domicílio, porém, algumas mudanças no perfil de consumo da população estudada não apresentaram associação com nenhuma variável socioeconômica. Os resultados apontam um avanço importante nos indicadores sociais da população estudada, porém reforçam como os determinantes avaliados podem impactar a IA e o consumo alimentar na faixa de etária em questão. Assim, os resultados desta tese contribuem para a discussão sobre a necessidade de ações que garantam um maior acesso a alimentação adequada, por meio de investimentos sociais e de ações que incentivem as escolhas alimentares mais saudáveis.
Palavras-chave: Insegurança Alimentar, indicadores sociais, alimentação infantil, padrões alimentares
Título: CUIDADO NUTRICIONAL PRÉ-NATAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE A ÁREA DE MANGUINHOS, RIO DE JANEIRO
Autor: Beatriz Della Libera Da Silva
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2/23/2016
Resumo: A presente tese, cujos resultados são apresentados na forma de quatro artigos científicos, visa avaliar o efeito de uma proposta de cuidado nutricional pré-natal no desfecho perinatal de gestantes atendidas em uma Clínica da Família na área de Manguinhos, Rio de Janeiro, no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS). Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa e qualitativa que buscou desvelar as dimensões biomédica e sociocultural por meio da complementaridade entre as metodologias. A pesquisa ocorreu no período entre fevereiro/2011 e agosto/2015 e foi desenvolvida em três etapas distintas: investigação do perfil de saúde e nutrição das gestantes e seus recém-nascidos no contexto sócio-histórico das usuárias assistidas na região; aplicação da intervenção; avaliação do efeito da proposta de cuidado nutricional pré-natal no desfecho perinatal e dos sentidos e significados atribuídos pelas gestantes à intervenção. O protocolo de cuidado nutricional constituiu no acompanhamento de gestantes, por meio de três encontros coletivos ao longo do pré-natal, denominados “rodas de conversa”, quando eram realizadas as avaliações necessárias à abordagem quantitativa da pesquisa (antropométrica, bioquímica, dietética, funcional, sociodemográfica e clínica) bem como desenvolvidas atividades educativas baseadas nos princípios do aconselhamento nutricional e dietético. Os resultados demonstram que, apesar das evidências científicas apontarem a efetividade do pré-natal e do cuidado nutricional sobre a melhoria dos resultados perinatais, ainda são escassos os estudos que tratam sobre o perfil de saúde e nutrição e qualidade da assistência, assim como propostas de cuidado nutricional estruturadas e específicas destinadas a gestantes e puérperas atendidas na abrangência da atenção primária à saúde. As mulheres que receberam o cuidado baseado no aconselhamento nutricional e dietético, estruturado por meio de consultas coletivas e oferecido às gestantes ao longo do pré-natal, apresentaram menos intercorrências gestacionais e inadequação do ganho de peso gestacional total em comparação às que não receberam, reforçando a importância da organização da atenção nutricional dispensado ao grupo maternoinfantil no âmbito da APS. A análise sócio-histórica permitiu a reflexão acerca das ações de cuidado voltadas às potencialidades e necessidades da população. As interpretações das falas das gestantes revelam que o cuidado nutricional estruturado desenvolvido na clínica da família por meio das atividades educativas das rodas de conversa representou uma estratégia importante para a promoção da saúde no período da gestação por meio da possibilidade de acesso à informação e troca de experiências, além de constituir espaços de humanização, cidadania e inclusão social.
Palavras-chave: gravidez; nutrição pré-natal; atenção primária à saúde; estudos de intervenção; educação alimentar e nutricional; pesquisa qualitativa.
Título: INFLUÊNCIA PÓS-PRANDIAL DA INGESTÃO DE FRUTOSE OU GLICOSE NA GLICEMIA, GLUCAGON, TRIGLICERIDEMIA, URICEMIA E MALONDIALDEÍDO PÓS-PRANDIAL DE INDIVÍDUOS COM DIABETES MELLITUS TIPO 1
Autor: Debora Lopes Souto
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 11/18/2015
Resumo: OBJETIVO: Avaliar a influência da solução de frutose e de glicose na glicemia, glucagon, trigliceridemia, uricemia e malondialdeído pós-prandial de indivíduos com diabetes mellitus tipo 1 (DM1). MÉTODOS: Trata-se de um ensaio clínico simples cego, randomizado com delineamento 2×2, crossover, com período de washout de 2-7 semanas de intervalo, incluindo dezesseis indivíduos com DM1, sendo sete mulheres e nove homens, com média de idade de 25,1 ± 8,8 anos, tempo médio de diagnóstico do DM1 de 14,8 ± 4,7 anos, índice de massa corporal médio de 24,7 ± 3,6 kg/m2 e média de hemoglobina glicada de 8,1 ± 1,8%, sem complicações do DM ou outras doenças crônicas. Em cada dia de estudo, os voluntários receberam uma solução teste (75g de glicose ou frutose dissolvidas em água) via oral em ordem aleatória e responderam à escala quanto à palatabilidade das mesmas. Amostras de sangue venoso foram colhidas após 8h de jejum noturno e 180 min após a solução para avaliação da glicemia, glucagon, trigliceridemia, ácido úrico, lactato, e malondialdeído. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS versão 17.0, com nível de significância de 5%. RESULTADOS: Apesar da glicose apresentar menor diluição (p<0,01), a palatabilidade das soluções mostrou-se semelhante. A solução de glucose resultou em maior glicemia pós-prandial, comparada com a frutose (12,9 ± 4,1 mmol/L; e 4,4 ± 5,5 mmol/L, respectivamente; p<0,01). As concentrações de ácido úrico elevaram-se após a solução de frutose (0,4 ± 0,8 µmol/L; p<0,01) e reduziram após a solução de glicose (-0,2 ± 0,1 µmol/L; p<0.01) (p<0,01). A solução contendo frutose aumentou o malondialdeído (1,4 ± 1,6 µmol/L; p<0,01) e a solução de glicose não alterou as concentrações deste marcador de estresse oxidativo (-0,2 ± 1,6 µmol/L; p=0,40). Outras variáveis não diferiram entre as soluções. CONCLUSÃO: Ambas as soluções demonstram palatabilidade semelhante. A frutose resultou em menor glicemia pós-prandial comparada à glicose, porém, elevou as concentrações de ácido úrico e malondialdeído. A ingestão destes monossacarídeos por indivíduos com DM1 não alterou a trigliceridemia, o glucagon e o lactato pós-prandiais.
Palavras-chave: diabetes mellitus tipo 1; frutose; glicose; estresse oxidativo; glicemia; triglicerídeos; uricemia.
Título: COMPOSTOS BIOATIVOS DE ESPECIARIAS E SEUS EFEITOS ISOLADOS E COMBINADOS EM CULTURAS DE CÉLULAS DE CÂNCER DE MAMA
Autor: Renata Madureira Polinati Da Silva
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 10/15/2015
Resumo: No Brasil, a estimativa de câncer para o ano de 2015 é de aproximadamente 576 mil novos casos, reforçando a magnitude desta doença. O câncer de mama é o tipo que mais acomete as mulheres em todo o mundo e estimativas indicam que surgirão 57.120 novos casos, sendo 8.380 só para o estado do Rio de Janeiro. O processo da carcinogênese apresenta três etapas, as quais compreendem a iniciação, promoção e progressão tumoral e tem sido demonstrado que compostos bioativos (CBAs) dietéticos podem atuar nas diferentes fases. As especiarias têm sido utilizadas por milhares de anos e possuem compostos bioativos responsáveis por suas propriedades quimiopreventivas e quimioterápicas. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da curcumina, da piperina, do [6]-gingerol e do quimioterápico melfalan, isolados e combinados, em culturas de células de câncer de mama MCF-7 e MDAMB-231. Para as análises da viabilidade celular foi realizado o método de redução do MTT e as células foram tratadas com concentrações que variaram de 1 a 300µM dos compostos bioativos isolados e de 0,5 a 150µM do melfalan. Observou-se que, de acordo com os valores de IC50, a linhagem MDA-MB-231 foi a mais resistente para todos os tipos de tratamentos quando comparada a linhagem MCF-7. Após 24 horas de tratamento, os valores de IC50 para a linhagem MDA-MB-231 foram de 24µM, 280µM e 190µM, para curcumina, piperina e melfalan, respectivamente. O [6]-gingerol não demonstrou efeito nesta linhagem celular. Foi realizada uma curva de combinação dos compostos com os valores de IC50 em concentrações que variaram de 0,25 a 1,25 x IC50 com o intuito de potencializar a ação dos compostos na linhagem mais resistente. A combinação dos compostos reduziu a viabilidade celular de maneira dose-dependente e esta redução foi mais expressiva quando foram combinados os valores de 1 x IC50. A análise do ciclo celular demonstrou um bloqueio apenas na fase G2/M, principalmente para a curcumina isolada, mas também em sua associação com a piperina, quando comparadas ao controle. Ao tratar as células MDA-MB-231 por 24 horas, a associação de melfalan com curcumina gerou um maior número de células em apoptose e o tratamento da curcumina com a piperina levou as células à necrose. Após 48 horas de tratamento, a morte celular por necrose foi a mais expressiva em todas as associações. Não foram observadas diferenças entre os tratamentos com os CBAs isolados dos combinados, demonstrando uma semelhança na ação dos mesmos. Porém, para a determinação do efeito sinérgico, aditivo ou antagônico, a avaliação do Índice de Combinação (IC) demonstrou que todas as associações apresentaram efeito antagônico, com menor intensidade para o tratamento da piperina com melfalan (IC=1,21). Ao analisar o efeito citotóxico destas combinações em células mononucleadas de sangue periférico (PBMC), observou-se que a combinação de piperina com melfanan não apresentou efeito tóxico considerável para esta linhagem, em nenhuma das concentrações combinadas utilizadas. Considerando que não há diferenças entre a ação dos compostos isolados com os combinados e que a associação de piperina com melfalan apresentou efeitos citotóxicos em células cancerosas de mama, mas não em células normais, esta associação pode emergir uma possível proposta de ensaio clínico, principalmente a partir de associações sinérgicas.
Palavras-chave:
Título: RESVERATROL, CURCUMINA, PIPERINA E Α-OXALDEÍDOS: BIOATIVIDADE EM CÉLULAS DE ADENOCARCINOMA MAMÁRIO HUMANO MCF-7
Autor: Betina Schmidt
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 10/7/2015
Resumo: Atualmente, o câncer de mama representa a neoplasia maligna mais comum entre as mulheres. Os produtos finais de glicação avançada (AGEs do inglês, Advanced Glycation End-Products) tem como precursores para sua formação os substâncias glioxal, metilglioxal e 3-deoxiglicosona, obtidas exógenamente por meio de alimentos ricos em aminoácidos e açúcares e submetidos a elevadas temperaturas, mas podem também ser gerados endogenamente por meio da hiperglicemia persistente e em vias de alta utilização de glicose, como no metabolismo de células cancerosas. Os precursores dos AGEs são deletérios para células saudáveis e para células cancerígenas, por esta razão, estas células otimizam seu sistema enzimático de detoxificação destes compostos, conhecido como sistema da glioxalase, que requer a glutationa reduzida (GSH) como cofator para ação da primeira enzima do sistema, a glioxalase 1 (GLO1). Os compostos bioativos dos alimentos (CBAs), como o resveratrol, a curcumina e a piperina, tem sido associados a efeitos quimioterápicos e quimiopreventivos e poderão influenciar as via de formação e detoxificação dos AGEs em células de câncer. O objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos do resveratrol, da curcumina e da piperina, sobre o sistema da glioxalase e a ação destes compostos e dos precursores dos AGEs em células de adenocarcinoma mamário humano MCF-7. Tanto o resveratrol quanto a curcumina e a piperina reduziram a viabilidade das células MCF-7 por meio do ensaio de MTT, gerando valores de IC50 respectivamente iguais a 131 µM, 24,5 µM , 94,5 µM, em 24 horas de tratamento e 83,9 µM, 11,4 µM e 38,3 µM em 48 horas de tratamento. Estes dados foram confirmados pelo ensaio com azul de tripan. O metilglioxal e o glioxal geraram um IC50, em 24 horas de tratamento, igual a 2,8 mM. Este valor aumentado pode se associar a melhora da capacidade de detoxificação destes compostos pelo sistema da glioxalase na linhagem MCF-7. A 3-deoxiglicosona não se demonstrou citotóxica à MCF-7 neste trabalho. Ao tratar a MCF-7 com os valores de IC50 de cada CBA observamos que estes geraram um prejuízo sobre o potencial de membrana mitocondrial, esta alteração pode indicar dano mitocondrial e formação de espécies reaitivas do oxigênio (EROS). Ao pré-incubar as células com os antioxidantes GSH e N-acetilcisteína (NAC), observamos que ambos geram efeitos de proteção à MCF-7 ao efeito citotóxico dos CBAs. Foi ainda observado que o tratamento com os CBAs isolados diminui a atividade da GLO1, e esta queda foi dose dependente. Quando as células foram pré-tratadas com a GSH, a queda da enzima foi protegida nos grupos tratados com o resveratrol e com a curcumina, mas não com a piperina. A curcumina também diminuiu a expressão da GLO1. Na avaliação da liberação de lactato, produto final da via da glioxalase, observamos que esta liberação foi prejudicada nos grupos tratados com os CBAs, e podemos associar este dado ao efeito deletério dos CBAs à mitocôndria da MCF-7. Na avaliação da citotoxicidade na combinação dos CBAs à MCF-7, foi observado que o tratamento da curcumina com resveratrol, curcumina com piperina e resveratrol com piperina gerou um efeito sinérgico de citotoxicidade. A utilização de um meio mais concentrado em glicose não alterou o efeito isolado dos CBAs à MCF-7. Estes resultados obtidos em cultura de células indicam o potencial para pesquisa clínica ao subsidiar o uso de agentes adjuvantes durante a terapia de câncer de mama com CBAs.
Palavras-chave:
Título: PADRÕES ALIMENTARES E SAÚDE MENTAL MATERNA E DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOLÓGICO INFANTIL: RESULTADOS DE ESTUDOS DE COORTE PROSPECTIVA DO RIO DE JANEIRO E BRISTOL/REINO UNIDO
Autor: Ana Amelia Freitas Vilela
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 10/2/2015
Resumo: Introdução: A adesão a padrões alimentares pode influenciar a saúde mental materna na gestação e pós-parto e o desenvolvimento infantil. Objetivo: 1. Identificar padrões alimentares no período pré-gestacional e associá-los com sintomas de depressão durante a gestação. 2. Verificar a associação entre os padrões alimentares e sintomas de ansiedade durante a gestação e pós-parto. 3. Obter padrões alimentares no período gestacional, avaliar o consumo de nutrientes dos mesmos e comparar os padrões alimentares das mães e seus filhos. 4. Associar os padrões alimentares maternos e o coeficiente de inteligência (QI) de seus filhos aos 8 anos. Métodos: Para consecução dos objetivos 1 e 2 utilizou-se dados uma coorte prospectiva de gestantes avaliadas nos seguintes períodos: 5-13, 20-26 e 30-36 semanas gestacionais e 30-45 dias pós-parto. O consumo alimentar foi obtido por meio de um questionário de frequência alimentar (QFA), referente aos 6 meses anteriores a gestação. Os padrões alimentares foram obtidos por análise de componente principal. Os sintomas de depressão foram mensurados pela Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo nos três trimestres gestacionais, e os sintomas de ansiedade foram avaliados pelo Inventário de Ansiedade Traço-Estado, no segundo e terceiro trimestres gestacionais e no pós-parto. Modelos de regressão de efeitos mistos foram empregados e foram ajustados por fatores obstétricos, socioeconômicos, demográfico e consumo energético total. Para os objetivos 3 e 4 foi utilizado a base de dados do Avon Longitudinal Study of Parents And Children (ALSPAC), uma coorte de nascimentos realizada no antigo condado de Avon/Reino Unido. O consumo alimentar foi avaliado por um QFA na 32ª semana gestacional. Foi utilizada a análise de cluster para obter os padrões alimentares. A ingestão de nutrientes absoluta e ajustada por energia foram descritas para cada padrão alimentar obtido. A tabulação cruzada e a regressão multinominal foram utilizadas para comparar e verificar a associação entre os padrões alimentares maternos e de seus filhos. O QI foi avaliado aos 8 anos pela Wechsler Intelligence Scale for Children-III. Foram elaborados modelos de imputação para os dados faltantes e posteriormente modelos de regressão linear simples e ajustados. Resultados: 1. Três padrões alimentares pré-gestacionais foram identificados em 248 mulheres: ‘comumbrasileiro’, ‘saudável’ e ‘processado’. O padrão ‘saudável’ associou-se negativamente com sintomas de depressão durante a gestação. 2. Foram avaliadas 196 mulheres nesse estudo. Os padrões ‘comum-brasileiro’ e o ‘saudável’ associaram-se negativamente com os sintomas de ansiedade durante a gestação e pós-parto. 3. Três padrões alimentares foram obtidos de 12.195 gestantes avaliadas pelo ALSPAC, os quais foram intitulados ‘frutas e vegetais’, ‘carnes e batatas’ e ‘pão branco e café’. O padrão ‘frutas e vegetais’ apresentou o melhor perfil nutricional após o ajuste por energia. Os filhos na infância aderiram padrões alimentares similares ao que a mãe aderiu durante a gestação, principalmente os padrões alimentares compostos por alimentos saudáveis. 4. As mulheres que aderiram aos padrões ‘carnes e batatas’ e ‘pão branco e café’ tiveram maior risco de ter filhos com menor QI aos 8 anos quando comparadas as mulheres que aderiram o padrão ‘frutas e vegetais’ durante a gestação. Conclusões: A maior aderência aos padrões alimentares caracterizados por alimentos saudáveis, como ‘comum-brasileiro’, ‘saudável’ e ‘frutas e vegetais’ reduzem o risco de sintomas de depressão e ansiedade durante a gestação e pós-parto e baixos escores de QI na infância.
Palavras-chave: Depressão; Ansiedade; Coeficiente de inteligência, Padrão alimentar; Gestantes; Crianças; Estudos de coorte.
Título: EXCESSO DE PESO E ACÚMULO DE GORDURA ABDOMINAL EM ADULTOS DE BAIXA RENDA: EVOLUÇÃO E ASSOCIAÇÃO COM INSEGURANÇA ALIMENTAR E PADRÕES DE CONSUMO ALIMENTAR
Autor: Erica Guimaraes De Barros
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 8/21/2015
Resumo: Este estudo teve como objetivos: (1) descrever a variação das prevalências de excesso de peso e de circunferência da cintura (CC) elevada, segundo as características sociodemográficas em população adulta de baixa renda; (2) avaliar os fatores associados ao excesso de peso, obesidade e CC elevada, em especial, insegurança alimentar (IA) e padrões dietéticos, na mesma população, no ano de 2010. Foram utilizados dados de dois inquéritos domiciliares realizados no município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro nos anos de 2005 (n=1.085 domicílios) e 2010 (n=1.121). Para excesso de peso considerou-se o índice de massa corporal (IMC) ≥ 25kg/m² e para obesidade IMC ≥ 30kg/m². CC elevada foi definida como a medida da cintura ≥ 88cm nas mulheres e ≥ 102cm nos homens. Informações sociodemográficas, consumo de álcool, tabagismo e prática de atividade física de lazer (AFL) foram obtidas por questionário. IA foi estimada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. O consumo alimentar foi avaliado por meio de questionário de frequência alimentar semi-quantitativo e os padrões dietéticos foram gerados por análise fatorial de componentes principais. As frequências foram comparadas pelo teste Qui-Quadrado e para as associações utilizou-se regressão de Poisson e regressão logística hierarquizada. Para significância estatística considerou-se p<0,05. Entre 2005 e 2010, houve aumento da prevalência de excesso de peso e de CC elevada e redução da IA. O excesso de peso aumentou em ambos os sexos, enquanto a CC elevada aumentou apenas nas mulheres. A análise de regressão de Poisson revelou que o excesso de peso e a CC elevada se associaram positivamente com a idade e inversamente com a escolaridade. Mulheres apresentaram maior risco para CC elevada. Não houve relação entre IA e excesso de peso ou CC elevada. No estudo de 2010, foram identificados três padrões alimentares, denominados de misto, ocidentalizado e tradicional. Condições socioeconômicas desfavoráveis implicaram em menor chance de excesso de peso/obesidade e CC elevada entre os homens, enquanto nas mulheres observouse tendência oposta. Homens cuja alimentação foi caracterizada por um padrão alimentar misto apresentaram mais chance de excesso de peso e aqueles em situação de IA moderada/grave apresentaram menos chance de CC elevada. Nas mulheres, o consumo do padrão ocidentalizado aumentou a chance de ter excesso de peso e obesidade, assim como o consumo do padrão misto para CC elevada. Em contrapartida, a prática de AFL foi fator de proteção para excesso de peso e obesidade e o padrão tradicional foi fator de proteção para CC elevada. Não houve associação entre IA e os desfechos avaliados entre as mulheres. Os resultados demonstram a vulnerabilidade feminina em populações de baixa renda, sendo importante a implementação de estratégias de prevenção e controle da obesidade que considerem as características e dificuldades vivenciadas por mulheres pobres.
Palavras-chave: excesso de peso, obesidade, obesidade abdominal, insegurança alimentar, consumo alimentar
Título: TEORES DE ÁCIDOS GRAXOS TRANS EM ALIMENTOS PROCESSADOS HABITUALMENTE CONSUMIDOS POR ADULTOS RESIDENTES EM ÁREA URBANA DO RIO DE JANEIRO E SUA ASSOCIAÇÃO COM BIOMARCADORES DE ÁCIDOS GRAXOS NO PLASMA E TECIDO ADIPOSO
Autor: Flavia Da Silva Lima Dias
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 5/8/2015
Resumo: O consumo dietético inadequado é considerado um dos fatores ambientais para o desenvolvimento precoce de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Desta forma, algumas estratégias dietéticas têm sido propostas, como a redução do consumo alimentar de gorduras saturadas e de gorduras trans e o incentivo à ingestão de gorduras poliinsaturadas. Adicionalmente, vários governos latino-americanos, têm dirigido esforços no sentido de estabelecer políticas que visam eliminar a presença, em alimentos, das gorduras trans produzidas industrialmente, substituindo-as por ácidos graxos (AG) insaturados, de configuração cis. Dada a complexidade em mensurar a ingestão dietética, torna-se importante eleger métodos válidos e de maior exatidão. Como recurso, biomarcadores de AG têm sido utilizados como preditores de DCNT. Assim, este projeto teve como objetivo determinar os teores de AG de alimentos habitualmente consumidos por adultos residentes em área urbana bem como estudar o perfil destes compostos lipídicos presente no plasma e no tecido adiposo subcutâneo desses. Foram selecionados adultos residentes em Duque de Caxias, RJ, a respeito dos quais foram obtidos dados sociodemográficos, antropométricos e dietéticos. Os voluntários também forneceram material biológico (sangue e tecido adiposo subcutâneo) para análises bioquímicas e do perfil de AG. O conteúdo de AG de alimentos, plasma e tecido adiposo foi obtido por cromatografia gasosa. Os teores de ácidos graxos trans (AGT) determinados foram comparados com dados disponíveis na literatura. Observou-se que os teores de AGT variaram de 0 a 12 g% nos alimentos analisados, identificando que houve redução desse tipo de AG nos últimos anos, uma vez que, de acordo com a resolução vigente da Anvisa, a maioria dos alimentos pode ser classificada como livre se AGT. A análise do material biológico revelou maiores concentrações de AG saturados no plasma e de AG monoinsaturados no tecido adiposo, sugerindo a insaturação do ácido esteárico do plasma. Reduzidas concentrações de AGT foram encontradas no plasma e no tecido adiposo dos voluntários, corroborando com os teores também reduzidos deste tipo de gordura nos alimentos processados consumidos pelo grupo estudado. O conjunto de resultados obtidos permite concluir que houve redução de AGT nos alimentos processados, cujo consumo se vii refletiu nos perfis lipídicos do plasma e do tecido adiposo do grupo investigado. Por fim, o elevado teor de ácidos graxos saturados (AGS) encontrados no plasma indica o consumo recente desse tipo de ácidos graxos, que vem sendo relacionado ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. São necessários, portanto, estudos futuros a fim de investigar o impacto da redução de consumo de AGT com consequente aumento do consumo de AGS por indivíduos e populações.
Palavras-chave: ácidos graxos; biomarcadores; cromatografia gasosa.
Título: CONSUMO DE CÁLCIO E DE LATICÍNIOS E ADIPOSIDADE: UM ESTUDO LONGITUDINAL EM ADOLESCENTES
Autor: Anelise Bezerra De Vasconcelos De Moraes
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 4/7/2015
Resumo: Esta tese parte da questão de que a ingestão de cálcio e o consumo de laticínios podem estar associados com os indicadores de adiposidade em adolescentes. Foram utilizados os dados da coorte do ensino médio do Estudo Longitudinal de Avaliação Nutricional de Adolescentes – ELANA, conduzido entre 2010 e 2012, em quatro escolas particulares e duas públicas, da região metropolitana do Rio de Janeiro. Foram analisados os dados de 962 adolescentes das escolas participantes do estudo ELANA, que na linha de base cursavam o 1º ano do ensino médio. Na linha de base e nos tempos de seguimento, foram avaliadas as medidas antropométricas de massa corporal, estatura e perímetro da cintura (PC) e de composição corporal, por uma equipe de profissionais treinados e sob a supervisão de nutricionistas. A composição corporal foi avaliada por meio da impedância elétrica na linha de base e no primeiro ano de seguimento. As demais medidas antropométricas foram avaliadas nos três anos de duração do estudo ELANA. A ingestão de cálcio (mg) e o consumo de laticínios (g/dia) foram avaliados pela aplicação de uma versão reduzida de um Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar (QFA), qualitativo e autopreenchido, elaborado e validado especificamente para adolescentes, contendo 72 alimentos, com oito (8) opções de frequência de consumo. O consumo de laticínios (g/dia) foi obtido a partir da soma da quantidade diária (gramas ou mililitros) de leite, queijo, requeijão e iogurte. Os resultados são apresentados em dois manuscritos científicos. O primeiro descreve a associação entre o consumo de cálcio e de laticínios com o excesso de peso, obesidade abdominal e excesso de gordura corporal dos adolescentes participantes na linha de base. As médias do Índice de Massa Corporal (IMC), do perímetro da cintura (PC), da massa gorda corporal (GC) e do percentual de gordura corporal (%GC) foram menores no quintil mais elevado de consumo de cálcio em relação ao quintil mais baixo. Em relação ao consumo de laticínios, as médias de IMC, GC e %GC foram menores somente no 4º quintil. Observou-se redução no risco de excesso de peso (OR=0.42; IC95%= 0.24-0.84), de gordura abdominal (OR=0.16; IC95%=0.05-0.46) e excesso de gordura corporal (OR=0.37; 95%CI= 0.21-0.46) para o 5ºquintil de consumo de cálcio, não sendo observadas associações significativas para o consumo de laticínios. O segundo manuscrito descreve a associação entre o consumo de cálcio e o de laticínios com as mudanças longitudinais nas medidas de IMC, PC, GC e %GC dos adolescentes, utilizando nas análises os modelos lineares de efeitos mistos. Observou-se aumento temporal no perímetro da cintura para ingestão de cálcio inferior a 700mg/dia (β= 0,45 p=0,01) e de 700 a menos do que 1300mg/dia (β= 0,36 p=0,03). Para as demais medidas antropométricas não foram observadas mudanças estatisticamente significativas, tanto para a ingestão de cálcio como para o de laticínios. Esta tese corrobora com a hipótese de que o baixo consumo de cálcio, mas não o de laticínios, está associado com as medidas de obesidade e com mudanças temporais na deposição de gordura corporal em adolescentes.
Palavras-chave: Adolescentes. Estudo longitudinal. Cálcio. Laticínios. Obesidade. Gordura corporal
Título: RESVERATROL E CÂNCER DE MAMA: ASSOCIAÇÃO ENTRE ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO E CASEÍNA CINASE 2
Autor: Paula Seixas Da Costa
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2/28/2015
Resumo: É estimado que, em 2020, a incidência de câncer em todo o mundo esteja em torno de 15 milhões de casos. Atualmente, o câncer de mama representa a segunda neoplasia mais mortal entre as mulheres. O Resveratrol (RV) é um polifenol encontrado em uvas e vinho tinto e conhecido por ser quimiopreventivo e quimioterápico, contudo, seus mecanismos de ação ainda não foram completamente elucidados. A caseína cinase 2 (CK2) é uma serina / treonina proteína cinase encontrada em todas as células eucariotas. Ela desempenha um papel crítico na proliferação celular e oncogênese, por isso é uma candidata a alvo molecular para o tratamento de diversos tipos de câncer. No presente estudo demonstramos que o RV em células de câncer de mama MCF-7 induziu a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e estas inibem a atividade da CK2. Concentrações crescentes de RV reduziram a viabilidade das células MCF-7 de maneira tempo e dose dependente apresentando IC50 de 238 µM e 151 µM para 24 e 48 horas, respectivamente. O inibidor da CK2, 4, 5, 6,7-Tetrabromo2-azabenzimidazole (TBB), em 24 horas, reduziu a viabilidade das células MCF-7 de maneira dose dependente apresentando um IC50 de 106 µM. A concentração de 200 µM de RV na MCF-7 não causou aumento na produção de EROs em 3h de incubação, contudo, em 24h a mesma concentração aumentou em aproximadamente 50% essa produção. Entretanto, o TBB inibiu a geração de EROs com 3h de tratamento e não aumentou a produção da mesma em 24h. A pré-incubação com os antioxidantes n-acetil cisteína (NAC) e glutationa reduzida (GSH) e a enzima polietilenoglicol-catalase conseguiu proteger a viabilidade celular da MCF7 do efeito do RV, mas não do TBB. Corroborando com esses resultados, a pré-incubação com a PEG-catalase favoreceu a redução de aproximadamente 50% da produção de EROs observada nas células MCF-7 tratadas com RV por 24h. O RV foi capaz de causar diminuição no potencial de membrana mitocondrial da MCF-7 após 3h e 24h de tratamento. Contudo, ao realizar um pré-tratamento com a PEG-catalase não se constatou disfunção mitocondrial nos dois tempos testados, mesmo após a adição do RV. Ao substituir o RV pelo TBB ocorreu igualmente a perda do potencial de membrana mitocondrial em 3h e 24h, mas o prétratamento com a PEG-catalase não alterou o efeito do TBB. Com relação a CK2, o RV e o TBB conseguiram inibir a atividade da enzima após 24h de tratamento. Entretanto, a utilização da PEG-catalase manteve a atividade da CK2 próximo ao da célula MCF-7 controle, mesmo quando o RV foi adicionado, o que não ocorreu na presença de TBB. Interessantemente, o RV exibiu propriedades de absorção, distribuição, metabolismo, excreção e toxicidade (ADMET) favoráveis e preencheu a “regra dos 5s” de Lipinski mostrando ser bem absorvido, permeável, biodisponível e um composto oralmente viável. Concluímos que esses resultados mostraram o efeito do RV sobre a produção de EROS nas células MCF-7 e o seu envolvimento com a inibição da atividade da CK2 e somando-se aos resultados in silico podemos inferir o potencial desse polifenol como uma possível ferramenta para o tratamento do câncer de mama.
Palavras-chave:
Título: TRAJETÓRIA DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL DE ADOLESCENTES E ASSOCIAÇÃO COM FATORES DEMOGRÁFICOS, SOCIOECONÔMICOS E DE ESTILO DE VIDA: ESTUDO LONGITUDINAL DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES – ELANA.
Autor: Naiara Ferraz Moreira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2/5/2015
Resumo: A presente tese tem como objetivo geral avaliar o efeito de fatores demográficos, socioeconômicos e de estilo de vida sobre os indicadores de composição corporal e a trajetória do índice de massa corporal durante a fase intermediaria e final da adolescência. Para alcançar estes objetivos foram desenvolvidos três manuscritos, utilizando dados do ELANA (Estudo Longitudinal de Avaliação Nutricional de Adolescentes) realizado em quatro escolas privadas e duas escolas públicas localizadas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Este estudo é composto por duas coortes, uma realizada com estudantes do ensino fundamental e outra com estudantes do ensino médio. A presente tese é referente apenas aos estudantes do ensino médio que foi comporta por 1.039 adolescentes com idades entre 13,5 e 19 anos na linha de base do estudo. Estes adolescentes tiveram seus dados coletados por três anos consecutivos, entre 2010 e 2012. O primeiro manuscrito desta tese descreveu a trajetória do índice de massa corporal de adolescentes segundo as variáveis demográficas e socioeconômicas e constatou que adolescentes do sexo masculino, estudantes de escolas privadas, de cor da pele branca e filhos de mulheres que estudaram mais de oito anos apresentaram as maiores taxas de aumento do índice de massa corporal no período de acompanhamento. Adicionalmente, meninos de escolas privadas apresentaram maior propensão de ganho de peso excessivo do que seus pares no período. No segundo manuscrito foi possível identificar, por meio de análises de componentes principais, três padrões de comportamentos associados ao balanço energético (consumo de fast foods, refrigerantes, biscoitos recheados, verduras e legumes, frutas, arroz e feijão, tempo de tela, tempo de atividade física e aptidão cardiorrespiratória): 1- padrão não saudável; 2- Padrão de consumo de vegetais e frutas; 3- Padrão de consumo alimentar tradicional e prática de atividade física. Estes padrões não foram associados à taxa de aumento do índice de massa corporal no decorrer dos três anos de seguimento. No terceiro manuscrito avaliou-se, por meio de análises de cluster, o agrupamento de comportamentos relacionados ao balanço energético (consumo de bebidas com adição de açúcar, frutas e verduras, tempo de atividade física e horas de televisão) e a sua associação com medidas antropométricas e de composição corporal em adolescentes brasileiros (ELANA) e europeus (Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence – HELENA study). Foram identificados cinco grupos de coocorrência de comportamentos e observou-se associação entre indicadores de composição corporal elevada e os agrupamentos caracterizados por elevado tempo de televisão; elevada prática de atividade física moderada e vigorosa em meninos europeus e meninas brasileiras e pelo elevado consumo de bebidas com adição de açúcar em meninas brasileiras. Conclui-se que as variáveis socioeconômicas foram associadas positivamente ao aumento da taxa de IMC entre meninos, porém padrões de comportamentos não mostraram nenhum efeito sobre essa trajetória. Os resultados do terceiro manuscrito permitem concluir que adolescentes brasileiros e espanhóis apresentam padrões de comportamentos semelhantes, ao menos em partes, e que estes foram associados aos indicadores de composição corporal, principalmente entre as meninas brasileiras.
Palavras-chave: Adolescente. Índice de Massa Corporal. Ganho de peso. Estudos longitudinais. Condição socioeconômica. Comportamentos de risco. Fatores associados.
Título: EVOLUÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DA PROTEÍNA C-REATIVA DURANTE A GESTAÇÃO E SUA ASSOCIAÇÃO COM O PESO AO NASCER
Autor: Livia Costa De Oliveira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 12/16/2014
Resumo: Introdução: Na gestação, há aumento das concentrações séricas da proteína C-reativa (PCR). No entanto, as concentrações séricas de PCR maternas podem ser alteradas na presença de determinados fatores. Inclusive, podem estar associadas ao peso ao nascer (PN). Objetivo: Descrever a evolução das concentrações séricas de PCR na gestação, verificar os fatores associados às alterações nessas concentrações e investigar sua associação com o PN. Métodos: Estudo do tipo coorte, no qual gestantes adultas foram entrevistadas entre a 5ª-13ª, 20ª-26ª e 30ª-36ª semanas de gestação e 30-45 dias pós-parto. A concentração sérica da PCR (mg/L) foi determinada pela técnica da imunoturbidimetria. O PN (g) foi obtido no cartão de vacinação da criança. Empregou-se o procedimento estatístico de regressão linear longitudinal de efeitos mistos e regressão linear [coeficiente de variação (β) e intervalo de confiança (IC) de 95%]. Resultados: As concentrações séricas de PCR aumentaram durante a gestação, com valores médios de 5,69 mg/L no 1º, 6,09 mg/L no 2° e 8,85 no 3° trimestre de gestação (p valor < 0,001). A paridade (β = 1,59; IC 95% = 0,73 – 2,43) e o índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional (β = 0,32; IC 95% = 0,05 – 0,58) associaram-se positivamente e a carga glicêmica (CG) da dieta negativamente (β = -0,20; IC 95% = -0,38 – -0,03) com as concentrações séricas da PCR. A média do PN foi 3.369,1 (34,6) g. As concentrações séricas da PCR no 1º trimestre foram positivamente associadas com o PN (β = 20,56; IC 95% = 2,38 – 38,74) e negativamente no 3º (β = -17,21; IC 95% = -31,64 – -2,78). Gestantes que tiveram maior variação percentual da PCR do 2º para o 3º trimestre, tiveram filhos com menor PN (β = -223,02; IC 95% = -454,72 – -8,69). Conclusão: Em gestantes adultas, as concentrações séricas de PCR aumentaram durante a gestação. A evolução das concentrações da PCR variou de acordo com a paridade, o IMC pré-gestacional e a CG da dieta. As concentrações séricas da PCR no 1º trimestre de gestação podem não ser bom marcador do PN. Já as concentrações no 3º trimestre e a variação percentual do 2º para o 3º trimestre de gestação foram associados ao nascimento de crianças com menor peso.
Palavras-chave: Proteína C-reativa; peso ao nascer; gestação; estado nutricional; paridade; carga glicêmica da dieta.
Título: ANÁLISE ESTRATÉGICA DOS SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO PERMISSIONÁRIOS DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO: UMA APLICAÇÃO DA MATRIZ SWOT
Autor: Maria Eliza Assis Dos Passos
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 12/8/2014
Resumo: A Universidade Federal do Rio de Janeiro comporta em seu campus os chamados serviços de alimentação permissionários. A análise estratégica desses serviços permite o diagnóstico de funcionamento dos mesmos e a identificação de eventuais distorções, visando à melhoria e, assim, minimizando possíveis malefícios à saúde dos consumidores. O objetivo deste estudo foi analisar estrategicamente os serviços de alimentação permissionários localizados no Centro de Ciências da Saúde do campus da Cidade Universitária, da Ilha do Fundão. O método de pesquisa foi o estudo de campo. A matriz SWOT, instrumento que relaciona as condições internas e externas de um serviço, foi utilizada para a realização da análise estratégica. Para alimentar a matriz foram inseridos dados coletados em três eixos distintos que tiveram os seguintes focos: consumidores dos serviços (n=300); gestores dos serviços de alimentação e características de funcionamento dos serviços (n=14); e membros da administração universitária. Para a coleta dos dados foram utilizados os subsequentes instrumentos: questionários aplicados aos consumidores e gestores, lista de checagem desenvolvida com base na RDC 216/2004, grupo focal junto aos gestores dos serviços, e questionários e entrevistas com os funcionários das instâncias superiores da universidade. Os gestores dos serviços avaliados eram, na sua maioria, do sexo masculino (73%) e com ensino médio completo (43%). Dos consumidores entrevistados, 24%, 72% e 73% deles realizam o desjejum, almoço e lanche nos serviços permissionários, respectivamente, destacando a intensa dependência de parte da comunidade com relação a esses serviços. Apesar de não existir nenhuma forma de controle de funcionamento dos serviços de alimentação, a importância de fiscalização dos mesmos para garantia da qualidade aos consumidores é reconhecida pelas instâncias superiores da universidade. O grau de conformidade dos serviços com relação aos itens da legislação vigente variou de zero a 66%. Para preenchimento da matriz SWOT os dados coletados foram então classificados como ameaças ou oportunidades, quando provenientes da avaliação do ambiente externo, ou fraquezas e pontos fortes, originados do ambiente interno. Como fraquezas dos serviços foram ressaltadas a pouca comunicação entre os serviços e a administração da universidade e a ausência de controle dos gestores dos serviços com relação à satisfação dos consumidores; como ameaças, destacou-se a ausência de investimentos nos serviços, o que agrava a percepção dos consumidores, e o distanciamento entre administração universitária e os serviços de alimentação. A matriz SWOT teve um resultado positivo com relação à sua aplicação na análise desses serviços, evidenciando uma inovação na área. O posicionamento dos serviços avaliados nos quadrantes da matriz SWOT foi o de “área de risco acentuado”, evidenciando a crítica situação de funcionamento dos serviços. A análise estratégica permitiu visualizar uma lacuna na gestão dos serviços, tanto por parte dos gestores como pela Universidade, o que reforça a necessidade da implementação de medidas emergenciais para que as fraquezas sejam corrigidas e as ameaças tenham impacto minimizado, bem como a elaboração de um programa de intervenção para capacitação dos gestores dos serviços de alimentação permissionários situados no CCS/UFRJ.
Palavras-chave: Serviços de alimentação; Permissionários; Lista de checagem; Higiene dos alimentos; Matriz SWOT; Análise estratégica.
Título: ANTROPOMETRIA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E MATURAÇÃO SEXUAL DE ATLETAS ADOLESCENTES DE PENTATLO MODERNO
Autor: Sidnei Jorge Fonseca Junior
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 11/24/2014
Resumo: A antropometria, composição corporal e maturação sexual são importantes na caracterização do perfil de atletas e asseguram a identificação de alterações que ocorrem com dietas específicas ou no decorrer de uma temporada de treinamento de adolescentes. Entretanto, o pentatlo moderno é carente de estudos. A pesquisa teve como objetivo geral investigar a antropometria, a composição corporal e a maturação sexual em atletas adolescentes de pentatlo moderno. Inicialmente, o objetivo foi analisar a validade entre a absortometria radiológica de dupla energia (DXA) e as equações preditivas que utilizam dobras cutâneas para estimar a gordura corporal em atletas adolescentes de pentatlo moderno. A amostra foi composta por 27 meninos (média15,1±1,5 anos de idade) e 24 meninas (média14,2±2,5 anos de idade). As equações de densidade corporal de Durnin e Rahaman (1967) e Durnin e Womersley (1974) demonstraram melhores concordâncias com o DXA no feminino (diferença de médias=-2,03;2DP=8,44) e no masculino (diferença de médias=0,98;2DP=7,30), com a equação de Siri para determinação do percentual de gordura em ambos os sexos, ou a de Weststrate e Deuremberg no masculino (diferença de médias=- 1,20;2DP=8,34). No entanto, a alta variabilidade na diferença de resultados, demonstra imprecisão e cuidados com suas aplicações no cotidiano esportivo. Posteriormente, o objetivo foi analisar as características antropométricas, a composição corporal e a maturação sexual de pentatletas adolescente, participantes em três edições do Campeonato Brasileiro de Pentatlo Moderno, com abordagem longitudinal-misto em cada categoria investigada. No masculino (n=59), diferenças significativas (p<0,05) entre “destaques” e “não destaques” foram observadas na categoria jovem D (11,0-13,0 anos de idade) na estatura (p=0,001), envergadura(p=0,001), massa corporal(p=0,007), massa magra(p=0,002) e circunferência de tórax(p=0,020). A análise descritiva dos estágios de maturação sexual mostrou benefícios do estado maturacional avançado nos resultados competitivos, que pode ser influenciado pela idade relativa. A descrição dos dados nas demais categorias demonstrou que o baixo percentual de gordura, a massa magra desenvolvida, a envergadura maior que a estatura, somatótipo com maiores valores da mesomorfia, seguido da ectomorfia e com valores baixos de endomorfia são características específicas de atletas adolescentes de pentatlo moderno do sexo masculino. No feminino (n=55), os resultados baseados na estatística descritiva, permitiram concluir que a idade relativa, envergadura e o somatótipo antropométrico são medidas importantes na avaliação das pentatletas adolescentes. A idade de ocrrência da menarca foi baixa para atletas de uma modalidade que exige treinamentos intensos. Menores proporções de meninas menarqueadas nas categorias Jovens D e C mostram a tendência de atraso maturacional nas atletas destaques. Os valores encontrados na variável gordura corporal foram altos para as exigências deste desporto. Em suma, nossos achados mostraram que as equações de densidade corporal de Durnin e Rahaman (1967) e Durnin e Womersley (1974), com a equação de Siri para determinação do percentual de gordura em ambos os sexos, ou a de Weststrate e Deuremberg no masculino, são as melhores alternativas para avaliação da composição corporal em atletas adolescentes de pentatlo moderno com dobras cutâneas. Ademais, foram apresentados subsídios iniciais da antropometria, composição corporal e maturação sexual de pentatletas adolescentes, que podem ser aplicados no cotidiano esportivo do pentatlo moderno.
Palavras-chave: validade, estado maturacional, puberdade, somatótipo e menarca.
Título: DA UVA AO SUCO: ANÁLISES SENSORIAL, DE COMPOSTOS BIOATIVOS E DE CAPACIDADE ANTIOXIDANTE E ESTABILIDADE MICROBIOLÓGICA
Autor: Maria Lucia Mendes Lopes
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 10/24/2014
Resumo: As uvas são ricas em compostos fenólicos, que oferecem benefícios à saúde. As variedades Isabel e Concord estão entre as mais utilizadas na produção de suco no Brasil. Essa produção, quando realizada na própria propriedade rural ou em cooperativas, representa alternativa para geração de renda para os produtores. O processamento da uva pode causar alteração dos compostos bioativos e da capacidade antioxidante no produto. O objetivo deste trabalho foi avaliar o teor de compostos fenólicos totais, teor e perfil de antocianinas, capacidade antioxidante, características físico-químicas e parâmetros colorimétricos dos produtos de uvas de diferentes variedades e o efeito da extração de suco de uva sobre esses parâmetros. Sucos de uva Isabel obtidos por diferentes métodos de extração foram avaliados quanto aos teores de compostos fenólicos, antocianinas totais, capacidade antioxidante, características físico-químicas e cor. A aceitabilidade sensorial e estabilidade química e microbiológica dos sucos preparados por extração a vapor também foram avaliadas. Em uvas da variedade Isabel, sua casca e polpa, no suco obtido por extração a vapor e no resíduo obtido após a extração do suco foram investigados o teor e o perfil de antocianinas, o teor de compostos fenólicos e a capacidade antioxidante. Sucos de uva Concord orgânico e convencional foram avaliados quanto aos parâmetros colorimétricos, capacidade antioxidante e compostos fenólicos. Foi, também, verificado o efeito da alta pressão hidrostática (APH) em uvas sobre o teor de compostos fenólicos no suco extraído a vapor e no resíduo. O suco extraído a vapor apresentou maior teor de compostos fenólicos solúveis, antocianinas e capacidade antioxidante, quando comparado aos sucos preparados por outros métodos. O prolongamento do processo de extração por 5h reduziu o teor de sólidos solúveis e acidez, assim como o teor de antocianinas, enquanto o teor de compostos fenólicos solúveis e a capacidade antioxidante aumentaram, especialmente entre a primeira e a segunda hora de extração. Embora o suco extraído a vapor tenha se mantido microbiologicamente estável durante a estocagem, houve redução no teor de compostos fitoquímicos, principalmente nos cinco primeiros meses. Foram identificadas 15 antocianinas majoritárias na casca da uva Isabel, no suco e no resíduo, sendo os derivados de malvidina presentes em maior quantidade. O resíduo apresentou maior conteúdo de compostos fenólicos e capacidade antioxidante quando comparado às demais amostras. A extração a vapor promoveu alteração no perfil de antocianinas no suco e no resíduo. Entre os sucos de uvas Concord orgânicas e convencionais, houve diferença de cor, o teor de antocianinas foi maior no suco convencional e o teor de compostos fenólicos totais, foi similar entre os sucos. O tratamento de uvas Isabel por APH a 600 MPa permitiu maior extração de compostos fenólicos do resíduo da uva, em relação ao tratamento a 400 MPa. Os resultados deste estudo demonstram a influência de diferentes métodos de extração sobre a qualidade do suco de uva, assim como o efeito da estocagem e da extração a vapor sobre características de qualidade do mesmo. Demonstram, ainda, que o resíduo da produção de suco de uva a vapor apresenta potencial para ser utilizado como fonte de compostos bioativos.
Palavras-chave: Suco de uva. Extração a vapor. Compostos bioativos. Capacidade antioxidante. Resíduo de uva.
Título: EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS PLACENTÁRIAS ENVOLVIDAS NA TRANSFERÊNCIA DE ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIA LONGA E ESSENCIAIS PARA O FETO EM GESTAÇÕES COM RETARDO DE CRESCIMENTO INTRAUTERINO
Autor: Renata Pereira Assumpcao
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 10/23/2014
Resumo: O transporte placentário adequado de ácidos graxos (AG) é de crucial importância para o crescimento e desenvolvimento normal do feto. O objetivo do presente estudo foi investigar em mães e seus recém-nascidos, com e sem crescimento intrauterino restrito (CIUR), o perfil de AG na placenta e nos compartimentos materno-fetais eritrocitários assim como a expressão gênica de proteínas envolvidas na captação e/ou transporte de ácidos graxos polinsaturados de cadeia longa (AGPI-CL) e ácidos graxos essenciais (AGE). 23 gestantes participaram do estudo: 15 foram incluídas no grupo controle e 8, cujos recémnascidos foram diagnosticados com CIUR, sem enfermidades associadas e intercorrências clínicas, integraram o grupo CIUR. Informações sociodemográficas, antropométricas e obstétricas foram obtidas por meio de consulta aos prontuários ou entrevista. Os ésteres de AG, obtidos após extração, saponificação e metilação dos lipídios das amostras sanguíneas e de placenta, foram quantificados por cromatografia gás-líquido. A expressão dos genes que codificam as proteínas envolvidas na captação e/ou transporte de AGPI-CL e AGE foi avaliada por PCR em Tempo Real nas placentas de ambos os grupos. Os resultados foram expressos como média ± desvio-padrão em mg/100 mg de AG totais. Os teores dos AG foram correlacionados com a expressão das proteínas transportadoras e associados às variáveis antropométricas indicativas de crescimento do neonato. Os resultados mostraram que gestantes CIUR ganharam menos peso ao longo da gestação em comparação as gestantes controle (peso final = 9,76 ± 4,0Kg versus 15,3 ± 2,4Kg, respectivamente). O peso da placenta também foi inferior nas gestantes CIUR (464 ± 39g) em relação às controles (645 ± 100g, p<0,0001). O peso e o perímetro cefálico ao nascer foram menores no grupo CIUR em relação ao grupo controle (p<0,0001). Em placentas de gestantes CIUR, observamos maior expressão das FATP (1, 2 e 4), FABP (3 e 4), FABPpm, CD36 e da LPL, sem alteração na concentração de AGE e de AGPI-CL nos lipídios totais neste tecido. Em eritrócitos de gestantes e recém-nascidos do grupo CIUR, identificamos menores concentrações de ácido araquidônico (AA), ácido docosahexaenoico (DHA) assim como razão DHA/linolênico mais reduzida em comparação ao grupo controle. Esses resultados apontam que em gestações que envolvem CIUR a composição da dieta materna e, consequentemente, a concentração de AG nos eritrócitos destas mulheres, podem influenciar a disponibilidade fetal de AGPI-CL. Além disso, observou-se que menores concentrações de AGPI-CL na circulação materna aumentaram o mRNA das proteínas responsáveis pela captação desses AG nos trofoblastos, bem como o mRNA das proteínas transportadoras citoplasmáticas intracelulares, que facilitam o seu transporte para a circulação fetal. Futuras investigações são necessárias para verificar a quantidade das proteínas traduzidas a partir dos mRNA transcritos e o mecanismo que promove essa regulação.
Palavras-chave: ácidos graxos, mRNA de proteínas transportadoras de ácidos graxos, crescimento intrauterino restrito.
Título: FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM ADULTOS DE CUIABÁ-MT, 2006-2009
Autor: Solanyara Maria Da Silva
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 8/6/2014
Resumo: Em Cuiabá-MT, mais da metade dos óbitos são devidos às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), assim como grande parte dos gastos com atenção à saúde. O sistema VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), é fonte de dados sobre os fatores de risco e proteção para essas doenças no país. Este estudo tem como objetivos (1) analisar as variações temporais e a distribuição dos fatores de risco e proteção para DCNT e (2) analisar a associação entre características sociodemográficas e indicadores do estilo de vida com a autoavaliação de saúde. O estudo baseou-se em estudos transversais, de base populacional, desenvolvidos pelo VIGITEL. O tamanho amostral foi próximo a 2000 indivíduos com ≥18 anos de idade e a taxa de resposta ficou acima de 70% em todos os anos. Para a elaboração do primeiro manuscrito da tese, realizou-se análise temporal para avaliar as variações entre 2006 e 2009 na prevalência dos fatores de risco e proteção para as DCNT segundo sexo, idade e escolaridade. Foram desenvolvidos modelos de regressão logística binária, tendo como variáveis dependentes os fatores de risco analisados (ausente=0; presente=1) e como variável independente o ano do inquérito. A variação foi considerada significativa quando o coeficiente de regressão para a variável “ano do inquérito” foi estatisticamente diferente de zero (p<0,05). Na elaboração do segundo manuscrito, foram utilizados os dados obtidos em 2009 e avaliou-se a associação entre as características sociodemográficas e de estilo de vida com a autoavaliação da saúde, com o uso do teste qui-quadrado. Observou-se aumento na proporção de homens que relataram nunca ter fumado (de 53 para 61%; p=0,04) e, de modo geral, a frequência de consumo regular de refrigerantes se reduziu em 23% (p<0,01) e o consumo de Frutas, Legumes e Verduras (FLV) aumentou em 19% (p=0,02), sendo esse incremento mais evidente em homens (49%; p<0,01). Observou-se redução de atividade física no domicílio (p<0,01) e de atividade física de lazer em mulheres (de 14 para 10%; p=0,02), porém observou-se incremento na proporção de mulheres e de indivíduos com > 40 anos de idade que faziam deslocamento ativo diariamente. A autoavaliação da saúde como boa foi relatada por ⅔ dos adultos de Cuiabá, sendo mais freqüente em homens, em indivíduos com ≤ 40 anos de idade e entre aqueles com ≥ 8 anos de escolaridade. O tabagismo e a inatividade física se associaram a uma menor proporção de autoavaliação positiva da saúde enquanto que o consumo freqüente de FLV se associou ao relato de boa saúde. Em contrapartida, o sexo feminino, idades > 40 anos, escolaridade < 8 anos, tabagismo, baixo consumo de FLV e inatividade física foram características que se associaram à autoavaliação negativa da saúde. O presente trabalho permite identificar os grupos com maior probabilidade de apresentar fatores de risco para o desenvolvimento de DCNT entre os adultos de Cuiabá. Também fornece indicações de como essa população percebe sua condição de saúde em relação aos principais fatores de risco e proteção para essas doenças. Com este estudo espera-se proporcionar bases científicas que colaborem para a formulação das políticas públicas de promoção à saúde e prevenção de DCNT em Cuiabá.
Palavras-chave: Fatores de risco, Doença Crônica, Epidemiologia, Autoavaliação Diagnóstica, Doenças Cardiovasculares, Inquérito epidemiológico, Habitos Alimentares, Nutrição, Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamental.
Título: QUALIDADE DA DIETA E HÁBITOS ALIMENTARES DOS ADOLESCENTES BRASILEIROS
Autor: Luana Silva Monteiro
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 6/10/2014
Resumo: Esta tese apresenta resultados de dois manuscritos, desenvolvidos com base na análise dos hábitos de desjejum e da qualidade da dieta dos adolescentes brasileiros. Foram analisados os dados obtidos no primeiro Inquérito Nacional de Alimentação realizado em 2008-2009. O consumo alimentar foi estimado com base em dados de um dia de registro alimentar de amostra representativa nacionalmente de indivíduos entre 10 e 19 anos de idade (n=7.425), excluídas as meninas gestantes e lactantes. No primeiro manuscrito o objetivo foi caracterizar o desjejum dos adolescentes brasileiros. O desjejum foi considerado como a primeira ocasião de consumo alimentar referida entre 4 horas e onze horas da manhã que não incluísse alimentos comumente consumidos no almoço e jantar, especificamente, arroz, feijão ou macarrão. Constatouse que essa refeição foi realizada por 93% dos adolescentes, em média às 7 horas da manhã. Em média, o desjejum contribuiu com 18% da ingestão diária de energia. O café, leite, pão e manteiga/margarina foram os alimentos mais comumente consumidos no desjejum desses adolescentes. Foram verificadas variações na composição do desjejum segundo a renda, e diferenças sutis segundo as grandes regiões do Brasil, sinalizando assim que há homogeneidade no hábito alimentar do desjejum no país. No segundo manuscrito, foram avaliadas as diferenças na qualidade da dieta de adolescentes, considerando o gradiente de consumo de alimentos com teor elevado de gordura saturada e trans e açúcar de adição (SoFAS). Utilizando-se a curva ROC e com base na ingestão recomendada de gordura saturada, definiu-se o limite que caracteriza a ingestão excessiva de SoFAS em 40% da energia diária. Observou-se que 72% de adolescentes brasileiros apresentaram elevada ingestão de SoFAS e, em média, as SoFAS forneciam 53% da ingestão diária de energia. Dentre os adolescentes com elevada ingestão de SoFAS, observou-se consumo reduzido de peixe, aves, raízes e tubérculos e preparações à base de milho e consumo mais elevado de balas & chocolates, hambúrgueres, pizza, cereais matinais, sanduíches & salgados, molhos para salada, queijos, iogurte, biscoitos & bolos, leite, sucos naturais, bebidas adoçadas com açúcar, salgadinhos & chips e carnes processadas. Por outro lado, adolescentes com ingestão moderada de SoFAS apresentaram consumo mais elevado de arroz, feijão, café ou chá, pães, peixe, aves, raízes e tubérculos e preparações à base de milho quando comparados aqueles com consumo elevado de SoFAS. Os achados da presente tese, evidenciam a necessidade de atenção especial aos hábitos alimentares inadequados de adolescentes, dadas as repercussões negativas do ponto de vista da saúde pública, como o aumento da obesidade e o desenvolvimento de distúrbios metabólicos, precursores de doenças crônicas não transmissíveis.
Palavras-chave:
Título: ASSOCIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE VITAMINA A COM ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, ADIPOSIDADE CORPORAL, ESTRESSE OXIDATIVO E FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM MULHERES COM INGESTÃO DIETÉTICA RECOMENDADA DE VITAMINA A
Autor: Claudia Teresa Bento
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 6/4/2014
Resumo: Introdução: A obesidade é uma doença universal e vem adquirindo proporções epidêmicas. Evidências apontam o envolvimento da vitamina A na regulação da massa adiposa, no estresse oxidativo, influenciando na obesidade, diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e nas doenças cardiovasculares. Objetivo: Investigar o estado nutricional de vitamina A por meio dos indicadores bioquímico e funcional e sua associação com o índice de massa corporal (IMC) e a adiposidade corporal, DM2 e estresse oxidativo em mulheres com ingestão dietética recomendada de vitamina A. Metodologia: Trata-se de um estudo caso-controle com 200 pacientes, os quais foram divididos em: Grupo controle (n = 80): eutróficas (EU) e 3 grupos – casos (n= 40/ cada): com sobrepeso (SP), obesidade grau 1(O1) e grau 2(O2). O IMC foi classificado segundo os pontos de corte recomendados pela WHO e para classificação da circunferência da cintura (CC) foi utilizado o proposto pelo International Diabetes Federation. As concentrações séricas de retinol e β-caroteno foram analisadas por Cromatografia Liquida de Alta Eficiência com detector ultravioleta, com pontos de corte < 1,05 µmol/L e < 40 µg/dL, respectivamente. A cegueira noturna (CN) foi avaliada utilizando a entrevista padronizada e validada pela Organização Mundial da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde. O ponto de corte adotado para ingestão dietética recomendada de vitamina A foi de 700 µg/dia (Institute of Medicine). O diagnóstico DM2 se deu conforme as normas da American Diabetes Association. Foi mensurado o perfil lipídico, glicêmico e o estresse oxidativo foi avaliado por meio das concentrações de ácido úrico, glutationa peroxidase (GSH-Px) e substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). Resultados: Observou-se ausência de CN nas mulheres eutróficas e seu percentual aumentou gradativamente, conforme o excesso de peso, alcançando 25% no grupo com obesidade grau 2. Foi observada correlação negativa entre as concentrações séricas de retinol e ß-caroteno e as variáveis do perfil lipídico e de marcadores do estresse oxidativo nos grupos estudados. A deficiência sérica de retinol apresentou associação de 14, 35,3 e 65,4 vezes na chance de ocorrência de sobrepeso, obesidade grau 1 e 2, respectivamente. A deficiência de β-caroteno associou-se à 5, 17 e 26,7 vezes na chance de ocorrência de sobrepeso, obesidade grau 1 e 2 respectivamente, As mulheres com SP, O1 e O2 que apresentaram concentrações inadequadas de retinol e ß-caroteno séricos apresentaram maiores razão de chance para CC inadequada, o diagnóstico de DM2, altas concentrações sanguíneas de LDL – colesterol, triglicerídeos, TBARS, ácido úrico e baixas concentrações de HDL – colesterol e glutationa peroxidase, se comparadas as mulheres eutróficas com concentrações de retinol e β-caroteno adequadas. Conclusão: No presente estudo a inadequação do estado nutricional de vitamina A associou-se ao excesso de peso, obesidade, adiposidade corporal e ao estresse oxidativo. Assim o conhecimento do estado nutricional da vitamina A pode contribuir para subsidiar novas estratégias dietéticas eficazes para um melhor controle de massa corporal, além de contribuir para o aumento da capacidade antioxidante e a prevenção de fatores de risco cardiovasculares.
Palavras-chave: Sobrepeso, obesidade; retinol; β-caroteno; cegueira noturna, lipídeos, estresse oxidativo
Título: FATORES ASSOCIADOS ÀS CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS DE LEPTINA E AO GANHO DE PESO MATERNO AO LONGO DA GESTAÇÃO SEGUNDO O IMC PRÉ-GESTACIONAL
Autor: Ana Beatriz Franco Sena Siqueira
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2/25/2014
Resumo: Introdução: As concentrações de leptina aumentam ao longo da gestação, porém pouco se sabe sobre os fatores que influenciam essa alteração fisiológica e se eles são diferentes de acordo com o estado nutricional pré-gestacional. Adicionalmente, esse hormônio já foi associado ao ganho de peso gestacional (GPG), mas nenhum estudo foi identificado em mulheres com Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional excessivo. Objetivo: (1) Avaliar se variáveis bioquímicas, antropométricas e de estilo de vida influenciam a evolução longitudinal da leptina na gestação e também (2) avaliar o efeito da leptina e outras variáveis selecionadas no GPG em mulheres com IMC pré-gestacional normal, de sobrepeso e obesidade. Métodos: Coorte prospectiva com 232 gestantes acompanhadas nos seguintes momentos: 5-13, 20-26 e 30-36 semanas gestacionais. Modelos de regressão longitudinal linear de efeitos mistos foram rodados para se avaliar o efeito das variáveis independentes sobre as concentrações plasmáticas de leptina e sobre o GPG. Ambas as análises foram estratificadas por categorias de IMC pré-gestacional (peso normal = 18,5 kg/m2 ≤ IMC < 25 kg/m2 ; sobrepeso: 25,0 ≤ IMC < 30,0; obesidade: IMC ≥ 30,0 kg/m2 . Resultados: (1) O modelo múltiplo para mulheres com IMC pré-gestacional normal revelou associações do peso corporal materno, do HDL-colesterol e da proteína C-reativa com as concentrações plasmáticas de leptina. O peso corporal materno e as concentrações de HDL-colesterol também se associaram à leptina em mulheres com sobrepeso. Em mulheres obesas, as variáveis associadas à leptina foram: concentrações de HDL-colesterol e triglicerídeos, o peso corporal materno e a quantidade de carboidratos da dieta. (2) No modelo múltiplo para mulheres com IMC normal, as seguintes covariáveis permaneceram significativamente associadas ao GPG: leptina, HDL-colesterol, QUICKI, estatura materna e duração do sono. Em mulheres com sobrepeso, as variáveis associadas foram leptina, estatura materna e QUICKI. Em mulheres com obesidade pré-gestacional, HDL-colesterol, estatura materna, duração do sono, QUICKI, estado civil e hábito de fumar foram as variáveis associadas ao GPG. Uma interação negativa entre as concentrações de leptina e a duração do sono foi encontrada apenas em mulheres com sobrepeso pré-gestacional. Conclusão: (1) O peso corporal materno e as concentrações séricas de HDL se associaram às concentrações de leptina independente do IMC pré-gestacional. As concentrações séricas de PCR se associaram à leptina apenas em mulheres com peso normal, e os triglicerídeos séricos e a quantidade de carboidrato da dieta apenas em mulheres com obesidade. Esses resultados indicam que os fatores que influenciam as concentrações de leptina são diferentes de acordo com o IMC pré-gestacional. (2) As concentrações de leptina se associaram positivamente ao GPG em mulheres com IMC pré-gestacional normal e de sobrepeso, mas não em mulheres obesas. Porém, em mulheres com sobrepeso, a duração do sono diminuiu o efeito da leptina sobre o GPG. Outros fatores associados ao GPG apresentam efeitos especificamente em algumas categorias de IMC pré-gestacional. Os resultados da presente tese indicam que os mecanismos associados ao GPG são diferentes em mulheres obesas e que essa diferença pode ser, de alguma forma, atribuível a uma resistência à ação da leptina.
Palavras-chave: leptina, ganho de peso, índice de massa corporal, gestação, estudos longitudinais.
Título: HÁBITOS ALIMENTARES, ESTILO DE VIDA E ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES: UM ESTUDO DE BASE ESCOLAR EM CUIABÁ-MT
Autor: Paulo Rogerio Melo Rodrigues
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 9/24/2013
Resumo: Esta tese é composta por quatro manuscritos, fundamentados na análise dos hábitos alimentares, comportamentos de risco relacionados ao estilo de vida e status de peso de adolescentes, visando analisar o uso de medidas simplificadas na avaliação das condições de peso e alimentação. Foram analizados os dados provenientes de estudo transversal, de base escolar, desenvolvido em 2008, com estudantes de escolas públicas e privadas, com idade entre 14 e 19 anos, Cuiabá, Mato Grosso. Os adolescentes foram selecionados utilizando amostra probabilística em conglomerados e os dados foram coletados utilizando questionário auto-respondido. O primeiro manuscrito avaliou a validade de medidas de peso e estatura autorreferidas e concluiu que estas podem ser utilizadas para estimar o status de peso de adolescentes, pois foram altamente concordantes com as medidas aferidas. O segundo manuscrito estimou a prevalência de comportamentos de risco relacionados ao estilo de vida, o agrupamento desses comportamentos, os fatores associados e sua relação com a autopercepção do estado de saúde. Os comportamentos de risco mais frequentes foram consumo excessivo de sódio, padrão de refeições insatisfatório, consumo excessivo de gordura saturada e consumo de bebidas alcoólicas. Os grupos em maior risco de apresentar múltiplos comportamentos de risco foram: meninos pertencentes a famílias com maior poder aquisitivo e meninas das escolas públicas estaduais e das escolas privadas. O terceiro manuscrito avaliou a concordância entre a autopercepção da qualidade da alimentação e indicadores de hábitos e consumo alimentar. Entre os meninos, a autopercepção de boa alimentação associou-se ao consumo de hortaliças, ao padrão de refeições satisfatório e ao relato de que tinham conhecimentos sobre alimentação saudável. Já entre as meninas, referir ter boa alimentação foi associado ao consumo de frutas, ao padrão de refeições satisfatório, ter conhecimentos sobre alimentação saudável e maior aderência ao padrão alimentar “Misto”, o qual incluía macarrão, tubérculos e raízes, peixes, ovos, frutas e legumes. Porém, para ambos os grupos, considerar sua alimentação como boa não se associou ao consumo de gordura saturada, de pele do frango, de gordura visível da carne e de ‘calorias vazias’, denotando que os adolescentes não identificam componentes deletérios que podem afetar a qualidade da alimentação. Por fim, foi estimada a associação entre hábitos de consumo de refeições e indicadores da qualidade da dieta. O consumo diário do desjejum associou-se com melhor qualidade da dieta, consumo mais elevado de frutas e leite e derivados e menor ingestão de sódio. A realização diária do almoço associou-se ao maior consumo de verduras, carnes, ovos e leguminosas e a realização regular do jantar associou-se ao maior consumo de frutas. Destacando assim que o consumo das refeições principais, principalmente o desjejum, pode ser considerado um indicador de melhor qualidade da dieta.
Palavras-chave: Adolescente. Auto-percepção. Qualidade da dieta. Consumo de refeições. Estilo de vida. Comportamentos de risco. Condição socioeconômica.
Título: IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEO DE PEIXE NA CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS EM ERITRÓCITOS, NOS MARCADORES INFLAMATÓRIOS E NO ESTADO CLÍNICO E NUTRICIONAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM FIBROSE CÍSTICA
Autor: Ana Lucia Pereira Da Cunha
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 7/31/2013
Resumo: Desequilíbrios no perfil de ácidos graxos foram descritos no plasma e tecidos de pacientes com Fibrose Cistica (FC). Entretanto até o momento a fisiopatologia destas alterações e os benefícios da suplementação com ácidos graxos poli- insaturados de cadeia longa n-3 (AGPI-CL n-3) ainda não foram esclarecidos. O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da suplementação com óleo de peixe, fonte de ácido eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenóico (DHA), na concentração de ácidos graxos nos eritrócitos, nos marcadores inflamatórios e no estado clínico e nutricional em crianças e adolescentes fibrocísticos. Foi realizado ensaio clínico prospectivo controlado do tipo antes e depois, dividido em dois períodos de seis meses, sendo o paciente seu próprio controle. Foram estudados pacientes com diagnóstico de FC, entre 5 e 19 anos, matriculados em um Centro de Referência no Rio de Janeiro, entre 2009 e 2010. Nos primeiros seis meses todos foram suplementados com óleo de peixe encapsulado (20 a 30mg/kg/dia de EPA e DHA) e após este período a suplementação foi suspensa. A cada três meses, durante um ano, foi realizada avaliação nutricional, coleta de dados clínicos e análise dos ácidos graxos nos eritrócitos por cromatografia gasosa e das citocinas séricas por ELISA. A amostra foi constituída por 26 crianças e 31 adolescentes, a maioria do gênero feminino, heterezigoto para a mutação DF508 e insuficientes pancreáticos. Os adolescentes apresentaram maior gravidade da doença, infecção por Pseudomonas aeruginosa e falência ou risco nutricional. Foi observada nas crianças e adolescentes com FC concentração baixa de DHA nos eritrócitos antes da suplementação que aumentou durante a intervenção (p<0,05), enquanto as razões AGPI n-6:n-3 e AA:DHA reduziram (p<0,05). O consumo de EPA e DHA também aumentou (p<0,05) durante a intervenção e as recomendações destes AGPI-CL n-3 foram atingidas apenas nesta fase, demonstrando que esta suplementação deve ser considerada no tratamento nutricional dos pacientes pediátricos com FC. Apesar da incorporação de AGPI-CL n-3 observada na amostra estudada, com os resultados encontrados não foram evidenciados benefícios na resposta inflamatória, clínica e antropométrica com a suplementação do óleo de peixe.
Palavras-chave: fibrose cística, ácidos graxos, eritrócitos, crianças, adolescentes, ensaio clínico controlado.
Título: EFETIVIDADE DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DE JOVENS ATLETAS DE PENTATLO MODERNO
Autor: Leticia Azen Alves Coutinho
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 7/11/2013
Resumo: Introdução: O pentatlo moderno combina cinco modalidades esportivas: esgrima, natação, hipismo e evento combinado de tiro esportivo com corrida. Apesar da elevada demanda energética desse esporte, não existem estudos que possam dar suporte às recomendações nutricionais de seus praticantes. Objetivos: Caracterizar jovens atletas de pentatlo moderno quanto à composição corporal, aptidão cardiorrespiratória, perfil bioquímico e o consumo alimentar e de suplementos; e avaliar os efeitos do acompanhamento nutricional individualizado sobre o consumo alimentar e a composição corporal, durante seis meses. Métodos: Foram estudados 50 atletas, 22 do sexo feminino e 28 do sexo masculino, com média de idade de 16,0 ± 3,5 anos, peso 57,8 ± 16,3 kg; e estatura 1,6 ± 0,1 m, cujo consumo alimentar foi analisado por Recordatório de 24 horas, Registro Alimentar de Três Dias e Questionário de Frequência de Consumo Alimentar. A composição corporal foi estimada por técnicas antropométricas. Para a elaboração dos planos alimentares individualizados foram adotadas as recomendações generalizadas para atletas, respeitandose o progressivo dispêndio energético semanal nos treinamentos. Resultados: No início do estudo os meninos consumiam menos energia do que o recomendado. Tanto meninas quanto meninos não atendiam as recomendações generalizadas para atletas, quanto à ingestão de carboidratos. Além disso, a ingestão de lipídios correspondeu à recomendação, em ambos os sexos, foram evidenciadas ingestões insuficientes de cálcio, frutas e vegetais, e observou-se o consumo frequente de refrigerantes. Ao final do estudo, a ingestão de cálcio e a contribuição dos lipídios em relação ao total de energia consumido foram aumentadas; os refrigerantes passaram a ser menos referidos como uma das bebidas mais frequentemente consumidas e houve maior frequência de ingestão de frutas e suco. Além disso, observou-se aumento da massa corporal magra, sem alteração da gordura corporal. Conclusões: Em geral os jovens atletas de pentatlo moderno apresentavam hábitos alimentares inadequados quanto à ingestão de carboidrato, energia e micronutrientes, especialmente de cálcio, demonstrando a relevância da implantação de uma rotina de acompanhamento nutricional. No entanto, este estudo demonstrou que o monitoramento do estado nutricional de jovens atletas do pentatlo moderno pode promover importantes mudanças qualitativas no consumo de alimentos, mesmo em curto espaço de tempo.
Palavras-chave: pentatlo moderno, adolescentes, consumo alimentar, composição corporal, nutrição.
Título: INATIVIDADE FÍSICA DE LAZER E SUA ASSOCIAÇÃO COM VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS E CONSUMO ALIMENTAR, ENTRE GÊNEROS, EM UMA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA
Autor: Suzana Patricia De Sá Silva
Tipo de Trabalho de Conclusão: TESE
Data da Defesa: 2/21/2013
Resumo: O presente trabalho teve como objetivos avaliar a associação dos indicadores demográficos, antropométricos, hábitos de vida, e ingestão alimentar com a prática de atividade física de lazer (AFL), entre gêneros, em população de baixa renda. Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, realizado em Duque de Caxias, área metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil, no ano de 2005. A coleta de dados constou de visita domiciliar em amostra de 1.246 adultos. Durante as visitas domiciliares, foram aplicados questionários para avaliar a prática de AFL, fatores demográficos, medidas antropométricos (peso, altura, perímetro de cintura), consumo alimentar de adultos na faixa etária entre 19 a 86 anos. As análises foram realizadas considerando como desfecho a inatividade física de lazer (indivíduos que responderam não praticar nenhum tipo de AFL). Os resultados do primeiro artigo revelaram que a inatividade física foi elevada, sendo os homens mais ativos que as mulheres. O estudo indicou também que os homens se engajavam mais em AFL competitivas e do universo masculino. Tomar conta de crianças foi um fator que aumentou a chance dos homens se engajarem em AFL, enquanto que entre as mulheres, aquelas que dispendiam menos tempo em atividades domésticas, não fumavam e que apresentavam maior acúmulo de gordura abdominal, tinham mais chance de praticarem AFL. No segundo artigo, utilizando modelo hierárquico, observouse que a inatividade física de lazer entre os homens foi diretamente associada com o aumento do índice de massa corporal (IMC) e maior engajamento em atividades físicas domésticas (AFD), e inversamente associada entre os homens pretos e pardos. Entre as mulheres, houve associação da inatividade física de lazer com a maior escolaridade, menor IMC, hábito de fumar, maior prática de AFD e maior consumo de refrigerantes. No terceiro artigo, observouse maior proporção de homens inativos, em comparação com mulheres, na faixa entre 30-49 anos de idade, com mais de 10 anos de estudo, com menor perímetro de cintura (PC), com sobrepeso, que não referiram ter compulsão alimentar, que não cuidavam de crianças, que não realizavam dietas e que consumiam até cinco porções ao dia de frutas e vegetais. Ao comparar as médias dos grupos de alimentos entre gêneros, observou-se diferença significativa apenas entre as mulheres, sendo aquelas consideradas inativas fisicamente com maior consumo de refrigerantes e açúcar. Conclui-se que: homens repetiram modelo de escolhas de AFL consideradas masculinas. Fatores sócio-demográficos e medidas antropométricas se associaram com AFL de forma diferente entre gêneros. As mulheres que praticavam menos atividades de lazer possuíam estilos de vida não saudáveis, ou seja, eram fumantes, ingeriam menos frutas e vegetais e consumiam mais refrigerantes.
Palavras-chave: Atividade física de lazer, gênero, hábitos de vida, estudos populacionais.